Expediente na sede da Adufs será retomado na próxima quinta-feira, 06 de março
Em decorrência das festividades do Carnaval, o expediente da Adufs será retomado na próxima quinta-feira, 06 de março.
Os processos violentos aos quais a população LGBTQIAP+ está submetida no cotidiano tornam esta uma questão também de saúde pública. O Brasil segue como o país com maior número de integrantes desta população assassinados. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), somente em 2022, foram 242 homicídios e 14 suicídios. O número de homicídios representa que uma pessoa LGBTQIAP+ foi morta a cada 34 horas no Brasil. O Nordeste é uma das regiões que lidera o ranking de morte. A sigla LGBTQIAP+ abrange Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, Pansexuais e outras identidades e orientações que podem ser incluídas no "+".
Sem
dúvida, o discurso de ódio propagado nos últimos anos foi responsável pelo aumento
significativo de casos. No entanto, é preciso reconhecer que o Brasil é um país
letal para esta população mesmo antes do avanço da extrema direita fascista que
potencializou a criminalidade LGBTQIAP+fóbica. A violência institucional
corrobora com estes quadros e produz ainda mais vítimas. Vide os casos de
exclusão de mulheres trans e travestis que têm negado direito ao atendimento em
diversas instituições de saúde e acabam por recorrer a tratamentos experimentais,
com intervenções e terapias hormonais, muitas vezes letais, que ampliam suas
condições de vulnerabilidade ao impor que elas busquem estratégias informais de
cuidado.
Para
o enfermeiro e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Sélton
Diniz, a LGBTFobia é estrutural, estruturante e institucional, o que influencia na consolidação dos estigmas . “A estrutura social é construída dentro da cisheteronormatividade e isso não é diferente na
formação em saúde. A consequência disso é que profissionais de saúde sabem
prestar uma atenção integral à saúde e humanizada, mas as pessoas LBTQIAPN+, por
experiências passadas ou relatadas por outras pessoas, acabam não acessando o
sistema de saúde ou até mesmo omitindo a sua orientação sexual”, afirma o
professor.
Msmo assim, apesar da instituição
da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis
e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT) no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), desde 2011, com o objetivo geral de promover a saúde
integral dessa população, eliminando a discriminação e o preconceito
institucionais e contribuindo para a redução das desigualdades, os desafios ainda
são muitos para o acolhimento e atendimento integralmente adequados. É o que explica o
professor: “Por mais que tenhamos uma política pública de saúde
voltada para a população LGBTQIAPN+ há mais de 10 anos, pouco progredimos e
as poucas ações vistas, acabam por ser estigmatizadas pelos próprios
profissionais e população”.
O processo de
discriminação e estigmatização ocorre com pacientes, mas também com as (os)
próprias (os) profissionais de saúde que fazem parte deste grupo. Recentemente,
acompanhamos um caso em Feira de Santana em que uma paciente supostamente teria
se recusado a ser atendida por um médico por ele ser homossexual, o que causou revolta
entre as (os) colegas de trabalho. A situação é representativa da recorrência
destas situações, independentemente, da classe social. “Mesmo que uma pessoa
LGBTQIAPN+ pertença a ocupações de prestígio social e esteja em um restritivo
grupo com alto poder de compra, isso não reduz vivências LGBTfóbicas, mesmo
quando há relações hierárquicas (horizontais e verticais) no ambiente de
trabalho”, afirma o professor, que complementa: “Perfomances para além do
modelo hegemônico cisheteronormativo não são legitimadas nos vários espaços e
setores da sociedade civil. Portanto, o caminho são ações que visem combater as
várias formas de violência e discriminação à população LGBTQIAPN+. O mundo é
diverso e cabe todos nós”.
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