Para debatedores, independência e autonomia dos sindicatos mantêm defesa da pauta classista

01/06/2022

Os debatedores foram Gracinete Bastos e Milton Pinheiro

A  autonomia e independência dos sindicatos frente à conjuntura das Eleições 2022” foi o tema da mesa que marcou a comemoração pelos 41 anos da Adufs. A contribuição dos sindicatos no processo de intensificação da luta contra os ataques dos governos e em defesa da classe trabalhadora foi destacada nas falas dos debatedores Milton Pinheiro, professor da Uneb e presidente em exercício do Andes-SN, e Gracinete Bastos, docente da Uefs e ex-diretora da Adufs. A atividade aconteceu no dia 26 de maio, no Anfiteatro do Módulo II, Uefs. A Adufs completou mais um ano de lutas e conquistas no dia 14 do último mês.

 

Milton Pinheiro ressaltou que o militante sindical deve considerar, no processo de construção da luta, o conjunto das transformações impostas à conjuntura do país por conta do capital e da sua crise. Para detalhar, associou a fala ao tema da mesa e disse que não há como discutir tão somente as questões eleitorais em curso sem analisar o que está orientando as diversas disputas que se colocam no cenário político neste momento, a necessidade de enfrentamento ao fascismo e aos projetos de conciliação de classe, as rupturas necessárias a serem feitas ainda no primeiro turno das eleições, as discussões do que pode ocorrer no segundo turno e a pauta da classe trabalhadora diante dessa conjuntura. O docente ainda chamou a atenção para três elementos que devem ser compreendidos pelo militante sindical: unificar a classe para o enfrentamento necessário ao governo e à capacidade da burguesia de se recuperar do processo da luta de classe; reconhecer-se enquanto trabalhador explorado e querer mudanças; conhecer o papel desempenhado pelo Estado diante da crise do sistema capitalista.

 

“Quando a burguesia não consegue adquirir ainda mais lucro com a exploração do trabalhador, parte para o ataque ao fundo público e à soberania nacional. O ataque ao fundo público é um elemento definidor da pobreza de investimentos nas universidades públicas, na saúde, na educação básica e em tudo aquilo que representa o sistema de proteção à cidadania no Brasil e em diversas partes do mundo”, acrescentou Milton Pinheiro, registrando que a independência dos sindicatos e centrais sindicais em relação a patrões, partidos e instituições são decisivas para a autonomia destes representantes trabalhistas e para a defesa de um projeto classista. “A partir do final dos anos 80 e da chegada do governo Lula, a CUT, por exemplo, perdeu qualquer capacidade de autonomia. Há corporativismo não classista”, denunciou.

 

Em sua fala, Gracinete Bastos pontuou que a alternativa para tentar frear o recrudescimento dos ataques impostos pelos governos, que continuarão independentemente do resultado das eleições de 2022, é a continuidade da luta independente e autônoma. “São muitos os desafios para a organização da classe trabalhadora no capitalismo contemporâneo. Temos de seguir lutando, como já estamos fazendo. Mas, inicialmente, é necessário que o trabalhador tenha consciência de classe e reconheça sua condição de explorado pelo sistema capitalista. Por meio da incompreensão do seu estado de explorado, o que Marx chama de alienação, ele não se vê subjugado e, portanto, não se organiza enquanto grupo”, disse a docente, ressaltando que as conquistas dos docentes da Uefs e as diversas lutas em defesa da qualidade da educação pública e da construção dos espaços democráticos na Uefs, iniciados em meio à pressão do regime militar, se devem à organização da categoria em torno da Adufs, que desde a sua instituição sempre foi combativa, independente e autônoma. “A luta pela democratização da universidade está prevista no caderno 2 do Andes-SN. É um orgulho para nós, pois é fruto da nossa resistência. Não há democracia nos espaços interno de muitas instituições públicas de ensino superior do país”, relatou a docente. 

 

Presentes à mesa

A abertura da mesa contou com as presenças da servidora Rita Suzart, integrante da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau do Estado da Bahia (Sintest), Antony Araújo, membro da Secretaria de Finanças do Diretório Central dos Estudantes (DCE), e do reitor da Uefs, Evandro do Nascimento. O diretor da Adufs, Gean Santana, mediou a atividade. Ao final das falas dos debatedores, foi aberto espaço para as perguntas dos presentes.

 

Gean Santana registou brevemente o histórico de lutas e conquistas da Adufs ao longo de 41 anos. “Conquistamos um plano de carreira. Em 2002, a partir de uma greve, tivemos o Estatuto do Magistério Superior. Em luta conjunta com os técnicos, estudantes e movimentos sociais de Feira de Santana, construímos a democracia na universidade. Além disso, a Adufs sempre participou de forma ativa dos movimentos da classe trabalhadora como um todo”, informou o diretor.

 

Rita Suzart pontuou a luta conjunta em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, do serviço público e dos seus servidores. Segundo a integrante do Sintest, “já dividimos o fronte juntos nesta pauta. Certamente, continuaremos marchando juntos, na defesa da democracia e dos trabalhadores”. O discente Antony Araújo destacou que as universidades devem refletir sobre os dilemas da sociedade e propor alternativas.

 

O reitor Evandro do Nascimento também ressaltou a contribuição da Adufs na organização do sindicalismo em Feira de Santana e na Bahia, nos diferentes momentos da história do movimento sindical brasileiro. “O movimento sindical passou por algumas transformações, mas a Adufs continua na trincheira do movimento classista, independente, autônomo e de luta. Tem respeito profundo às decisões da base. É importante reconhecer o papel da Adufs na construção da trajetória passada, presente e futura da universidade. O nosso compromisso é de manter sempre uma relação de respeito, o que significa nem sempre manter a concordância. Muitas vezes, o dissenso faz parte dessas relações, mas nunca faltando o respeito e o compromisso sincero com o diálogo”, afirmou o gestor, falando do orgulho em já ter composto a diretoria.

 

A mesa sobre “A autonomia e independência dos sindicatos frente à conjuntura das Eleições 2022” também contou com a presença do intérprete de Libras e docente da Uefs, Gustavo Leão. Ainda houve sorteio de brindes para os presentes. A atividade integrou a Semana de Lutas em defesa das Instituições Municipais e Estaduais de Ensino Superior do ANDES-SN, ocorrida entre 23 e 27 de maio. 

 

 

 

 














 


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