Genocídio do povo negro é uma realidade a ser combatida

22/03/2022

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O Dia Internacional Contra a Discriminação Racial é lembrado em 21 de março. Apesar das conquistas da luta da população negra, o racismo é um dos graves problemas sociais do século XXI. No Brasil, onde há a maior população negra fora da África e a segunda maior do planeta – dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os negros são 56,10% da população do país – o racismo estrutural segue perpetuando a violência contra este segmento social e

 dificultando-lhe o acesso às políticas sociais, nas diversas áreas. O governo de Jair  Bolsonaro, cujas declarações e práticas preconceituosas são públicas, antes mesmo de assumir a presidência, aprofundou as desigualdades raciais e perpetrou o genocídio do povo negro, principalmente após a pandemia da Covid-19.

 

As marcas da exploração que marcou pouco mais de três séculos e meio da história do Brasil e a falta de políticas públicas de reparação estão refletidas no nível de vida da população negra. Conforme dados do IBGE, os negros somam 67% dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os brancos são 47,2%. A disparidade educacional no Brasil também tem cor.  Ainda conforme o Instituto (2020), a taxa de conclusão do ensino médio (proporção de pessoas de 20 a 22 anos que concluíram esse nível) deste grupo é de 60%, enquanto a dos brancos é de 76,8%. Os negros são 49,9% dos estudantes do ensino superior da rede pública, no entanto, como formam a maioria da população, continuam sub-representados. A desigualdade educacional acaba se refletindo ainda nas disparidades do mercado de trabalho – negros são quase 72,5% dos desocupados. A população negra está mais inserida em ocupações informais e representam 47,4% deste mercado. Os brancos são 34,5%.

 

O racismo estrutural relega os altos índices de insegurança alimentar aos negros. Pesquisa do Datafolha (2021) revela que 19,1 milhões passam fome (insegurança alimentar grave). Das residências habitadas por pessoas pretas e pardas, a fome esteve em 10,7%. Entre pessoas de cor/raça branca, esse percentual foi de 7,5%.

 

Genocídio do povo negro

A diferença racial não escapa das desoladoras estatísticas sobre a violência no Brasil, que têm os negros como principal alvo. De acordo com pesquisa do Atlas da Violência (2021), eles representaram 77% das vítimas de homicídios, o que significa que a chance de um negro ser assassinado é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra. Da mesma forma, as negras representam 66 % do total de mulheres assassinadas no Brasil. Na Bahia, o cenário é semelhante. A Polícia Militar (PM) do governo Rui Costa é a mais letal do Nordeste, com 461 mortes em operações, segundo a Rede de Observatórios da Segurança (2021). Negros somam 94% das vítimas de homicídio.

 

A eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República aprofundou ainda mais as tensões raciais e os crimes contra os negros. Escancaram a política de Estado de privilégio da população branca em detrimento da negra, projetos que contingenciam recursos destinados a programas sociais, cortes nos repasses para as áreas da Educação e Saúde, além da aprovação de reformas que prejudicam em maior intensidade a população negra, que se encontra nos empregos mais precários e cumprem extensas jornadas de trabalho, a exemplo das reformas Trabalhista e Previdenciária.

 

Aqueles que não concordam e não aceitam essa política criminosa, precisam denunciá-la e somar-se à luta contra o racismo. Vidas negras importam!

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