Mesmo sob chuva e frio, manifestantes sustentam protesto contra o governo Bolsonaro

26/07/2021

Nem mesmo a chuva do sábado (24) frio foi capaz de esmorecer os que se concentraram em frente à Prefeitura de Feira de Santana para o protesto contra o governo genocida e corrupto de Bolsonaro. Alguns chegaram ao Paço Municipal logo no início da manhã, como Maria Helena Ramos, 52 anos, membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Professores da Uefs também estiveram presentes ao ato público.

"Quem luta pela terra não tem medo de chuva! Além disso, temos várias razões para vir para as ruas hoje. Precisamos de muitas melhorias no nosso país, tanto na zona urbana, como na área rural. Com a pandemia, a situação ficou pior", disse a moradora do Assentamento Estrela Viva, localizado na Fazenda do Mocó, que esteve nos quatro protestos realizados em Feira de Santana contra o governo federal. Disposta, Maria Helena Ramos garantiu presença nos próximos que vierem a ocorrer no município.   

Em suas falas, os manifestantes esbravejaram indignados que as denúncias de corrupção na negociação para a compra de vacinas foram o estopim para a explosão dos atos públicos já que aconteciam em todo o Brasil pelo fim do projeto político deste governo ultraliberal, que desde o início da pandemia sabotou de diversas formas a aquisição dos imunizantes. Conforme dados do Siga Brasil - sistema de informações sobre orçamento público federal - nos seis primeiros meses deste ano, enquanto a pandemia atingia seu maior pico no Brasil, o governo executou o equivalente a 22% do orçamento destinado ao combate à Covid-19 no mesmo período em 2020. Entre janeiro e junho do ano passado, a despesa do governo federal para este fim foi de R$ 217,7 bilhões, enquanto nos mesmos meses de 2021 este valor foi de apenas R$ 49,3 bilhões. 

Nas ruas, os representantes das diversas entidades, sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos lutam em torno de uma pauta unificada: vacina, comida, emprego, defesa dos serviços públicos, pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600 até o fim da pandemia, contra os ataques aos direitos dos trabalhadores, privatizações, Reforma Administrativa, destruição dos serviços públicos, genocídio dos povos indígenas e da violência contra negros, mulheres e a população LGBTQIA+. 


Luta coletiva

A diversidade de categorias na construção e composição dos protestos contribui para que as investidas dos governos Rui Costa e Colbert Martins também fossem levadas às ruas. A determinação da volta presencial das aulas na rede pública estadual e municipal de ensino mesmo sem a vacinação em massa e a garantia das condições sanitárias para o retorno seguro às escolas e universidades, inclusive com a ameaça de corte dos salários dos professores e suspensão da bolsa paga aos estudantes, como fez o governador Rui Costa, foi rechaçada. A suspensão do pagamento dos professores da rede municipal em 2020 e em alguns meses deste ano também recebeu fortes críticas. 

Elson Moura, diretor da Adufs, ressaltou o êxito dos manifestantes em construir a unidade na luta mesmo com as divergências políticas entre as categorias, o que "cumpre um papel muito importante porque é na rua que a gente ultrapassa a institucionalidade e cria o protagonismo da classe trabalhadora". Alerta à presença de discursos políticos partidários com fins meramente eleitoreiros para um candidato, o docente fez questão de pontuar a indignação com a postura autoritária do governador Rui Costa, que critica Bolsonaro, mas quer empurrar o retorno presencial das aulas, mesmo sob a ameaça à vida de trabalhadores e estudantes. 

Para sustentar ainda mais a sua fala, Elson Moura fez referência à reunião ocorrida entre os representantes das entidades que compõem a comunidade acadêmica da Uefs e a Administração Central que, questionada pela diretoria da Adufs sobre como estão as condições do campus para a retomada das aulas presenciais, deu como resposta a lentidão, por parte do governo estadual, na adequação da parte estrutural da universidade. 

"Há um conjunto de ordens de serviço que estão sem tramitar nas instâncias do governo. Somando-se a isso, o estrangulamento orçamentário histórico imposto às universidades estaduais baianas pelos sucessivos governos deixa essas instituições sem recursos até para o pagamento de despesas básicas. Eu não acredito em projeto de classe trabalhadora, deputado Zé Neto, que esteja em conciliação com o patrão. O problema que está colocado atualmente no país não será resolvido por nenhum salvador da pátria; é a classe trabalhadora organizada coletivamente, resolvendo as suas divergências, que tem de ser a protagonista da luta para construir um projeto independente e autônomo para o país. Se é um projeto independente e autônomo, contem com a Adufs. É essa a luta e é esse o projeto que a gente precisa construir. Nós não voltaremos às aulas presenciais", afirmou Elson Moura. 

O protesto deste sábado (24) foi o quarto realizado com o objetivo de escancarar o descontentamento da população com o governo federal. Em Feira de Santana, os debates e atos públicos contra Bolsonaro e seus aliados são organizados pelo Coletivo de Entidades de Feira de Santana em Defesa do Fora Bolsonaro, do qual a diretoria da Adufs faz parte. Os últimos atos públicos ocorreram nos dias 29 de maio, 19 de junho 3 de julho. A atividade integra uma agenda nacional de mobilização, construída após amplo debate pelos integrantes da Campanha Nacional Fora Bolsonaro. 

Veja as fotos no Facebook e no Instagram da Adufs.

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