Governo mantém discurso provocativo, mas abre as negociações
31/10/2012
Depois de uma longa espera, desde o dia 14 de junho, quando a pauta de reivindicações 2012 foi protocolada, o governo, enfim, recebe o Fórum das ADs e o Andes-SN se dispondo a negociar. O encontro aconteceu na tarde de terça-feira (30), na Secretaria da Administração (Saeb), e contou com as presenças dos secretários da Educação (SEC) e das Relações Interinstitucionais (Serin), Osvaldo Barreto e Paulo Cézar Lisboa, respectivamente, do coordenador da Codes, Nildon Pitombo, e do reitor da Uefs, professor José Carlos Barreto, representando o Fórum dos Reitores.
Após a coordenadora do Fórum das ADs, Zózina Almeida, da Aduneb, contextualizar a pauta de reivindicações e o conjunto das mobilizações definidas pelas assembléias, o secretário Osvaldo Barreto repetiu o mesmo discurso de audiências anteriores. Considerou as paralisações “extemporâneas” e se mostrou “surpreendido” com o movimento, pois o Acordo assinado após a greve de 2011 prevê uma reunião para o dia 8 de janeiro de 2013. Disse ainda que o PL da autonomia teve a discussão interrompida pelo governo em função da longa greve da Educação Básica e citou um artigo da Folha de São Paulo, de 2 de julho de 2012, no qual os salários das universidades baianas são considerados um dos melhores do país.
Osvaldo Barreto continuou a fala-padrão dizendo que manter as Ueba era um “sacrifício imenso” para o governo e que, continuando assim, as universidades ficarão com quase todo o recurso da pasta, “comprometendo a sobrevivência da Educação Básica”. O chefe da pasta pontuou, inclusive, a possibilidade de “fecharmos a SEC” e afirmou que a Bahia tem um PIB significativo, mas é “um estado pobre, pois possui a pior renda per capita”. Para completar as declarações infelizes, disse que as Ueba precisavam “se mostrar à sociedade, que seu custo-aluno era maior que o de qualquer universidade brasileira”. Para ele, é necessário que “as Ueba sejam repensadas, pois não há como atendê-las indefinidamente”.
Após tais provocações, entretanto, disse que “é interesse do governo negociar” e que não queriam “repetir o que aconteceu com os professores da Educação Básica”. Propôs, então, a realização de duas reuniões, não ainda da Mesa Setorial de Negociação, caracterizando-as como “técnicas”. Adiantou que a perspectiva do governo é “fechar a negociação salarial para os próximos dois anos”.
“É precipitado falar de reajuste de 28% ou de qualquer outro reajuste para os professores das universidades estaduais. O que fizemos foi estabelecer duas reuniões técnicas para que Movimento Docente e Governo tragam suas informações, dados sobre orçamento e discutam propostas”, disse o secretário Osvaldo Barreto Filho.
Para Jucelho Dantas, coordenador da Adufs, “a reunião com o governo é resultado de uma grande mobilização da categoria, que ganhou ainda mais força com os atos públicos do Dia Estadual de Luta e do dia 24 de outubro, mais a assembléia do dia 5 de dezembro para pautar indicativo de greve”.
Para representar o governo nas reuniões técnicas, já marcadas para os dias 29 de novembro e 18 de dezembro, ambas às 9 horas, na SEC, o secretário da Educação confirmou os nomes de Adriano Tambone, superintendente de Recursos Humanos da Saeb, Emilson Piau, diretor administrativo da Serin, além de Nildon Pitombo e Sergio Miranda, representando a SEC.