Governo mantém intransigência e movimento intensificará as mobilizações
19/06/2015
Na reunião realizada na manhã de ontem (18/06) com os representantes das Associações Docentes (ADs), o governo mais uma vez demonstrou total desrespeito à comunidade universitária, impedindo a participação do reitor da Uefs, Evandro Nascimento, legitimamente eleito e representante da comunidade acadêmica, minutos antes do início do encontro. Para completar, o governo não apresentou qualquer proposta concreta para atender as reivindicações, nenhuma contraproposta para a minuta substitutiva da PL 7176/97 elaborada pelo MD e, ainda, tentou adiar a discussão da pauta para agosto deste ano. Não resta dúvida de que este é o momento de intensificar as lutas e fortalecer o movimento. Por isso, o Fórum exige a realização imediata de uma reunião com propostas concretas por parte do governo para fazer avançar as negociações.
O desconforto que tomou conta dos representantes das ADs assim que foram avisados sobre a impossibilidade da participação do reitor da Uefs na reunião foi só o início de uma série de atitudes intransigentes por parte dos representantes das secretarias estaduais. Embora o governo insista em responsabilizar a gestão das universidades sobre a crise instaurada, impediu a participação do reitor Evandro Nascimento, que já estava no prédio da SEC aguardando o início da reunião, sob a alegação de que os representantes foram designados para dialogar apenas com os docentes.
O desrespeito com toda a comunidade acadêmica ainda foi maior, diante da proposta exaustivamente discutida entre as ADs e suas bases da minuta substitutiva da PL 7176/97, para fazer avançar as negociações o mais depressa possível, nenhuma contraproposta. Em relação ao quadro o governo insiste no remanejamento de 20 vagas, proposta que já foi rejeitada pelas ADs em assembleias por não respeitar o Estatuto do Magistério Superior, não contemplando a totalidade necessária e a garantia do fluxo contínuo.
A manobra ardilosa de adiar as discussões não é nenhuma surpresa para o movimento paredista que nos anos de 2007 e 2011, em greve, passaram pela mesma situação, quando o governo tentou adiar as negociações. No entanto, a força do movimento impediu que isso acontecesse. Em 2013, quando o movimento ameaçou entrar em greve novamente para ter suas reivindicações atendidas, o governo recuou e negociou, o que só reitera a importância da luta na conquista dos docentes.
O MD reafirma que a responsabilidade pela manutenção da greve e seus consequentes prejuízos, é total do governador Rui Costa, que mostra descompromisso com a comunidade acadêmica. Apesar das tentativas de enfraquecimento, o Fórum das ADs aponta a continuidade da greve, reafirmando os princípios de defesa das Universidades Estaduais e contra os ataques realizados ao Estatuto do Magistério.
No próximo dia 27/06, às 9h, na Adusb, o Fórum das ADs se reunirá para discutir as próximas ações do movimento. Também terá uma nova rodada de assembleias nas ADs nos dias 30 de junho e 1º de julho para avaliar os rumos do movimento. A assembleia da Uefs ocorrerá no dia 30 de junho às 14h30, no anfiteatro da Uefs. Um novo documento está sendo elaborado para explicar à toda a comunidade sobre o porquê da manutenção da greve dos docentes. No início de julho, os docentes realizarão uma mobilização em Salvador durante o cortejo do 02 de julho. A concentração será às 8h, no Largo da Lapinha. A Adufs disponibilizará o ônibus para quem preencher a lista até 30 de junho.
Força do movimento aumenta
Com mais de um mês de greve, os docentes continuam forte na luta para barrar a tentativa do governo de sucatear a educação pública em nome de interesses puramente econômicos, a favor do capital. Em 08 de dezembro de 2014, quando o MD protocolou a pauta de reivindicações, que sequer teve uma resposta do governo, os sinais de que o tensionamento seria grande já era evidente.
Um ato público organizado pelos docentes em 08 de abril que reuniu cerca de 600 pessoas forçou o governo a realizar a primeira reunião de negociação, na qual já demonstrava total descompromisso em atender as reivindicações docentes, afirmando, inclusive, desconhecer a pauta. No dia 15 de abril, o MD foi às ruas novamente pela defesa dos direitos trabalhistas contra as MPs 664 e 665.
A falta de interesse do governo em negociar levou a radicalização do movimento em assembleias realizadas em todas as ADs no dia 07 de maio. Desde o dia 13 de maio, todas as Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) estão com as atividades paralisadas em decorrência da greve dos docentes. Apesar disso, o governo não se preocupa em avançar nas negociações. No dia de Paralisação Nacional, convocada pela CSP-Conlutas e outras Centrais, mais uma vez o movimento esteve nas ruas informando a comunidade os motivos da greve.
Desde a deflagração foram realizadas duas assembleias na Uefs, nos dias 21 de maio e 11 de junho. Em ambas aposição hegemônica da plenária discorreu sobre a necessidade de manutenção da greve. Em 10 de junho, um novo ato público com panfletagem reuniu cerca de 400 pessoas em uma caminhada pelas ruas de Salvador.
Já foram realizadas 07 reuniões de negociação, desde o início da greve, com representantes do governo. O MD conseguiu até agora arrancar discussão de revogação da 7176/97, reivindicação de quase 20 anos, e a possibilidade de garantia das promoções. O reitor da Uefs, Evandro Nascimento, afirmou em Aula Pública sobre orçamento, que a partir de setembro diversas atividades na Uefs estarão comprometidas, situação que não é diferente nas demais Ueba. Por isso, o movimento continua forte para pressionar o governo a avançar nas discussões, proteger os direitos trabalhistas e barrar o sucateamento das universidades, patrimônio da população baiana.