Semana da Diversidade Sexual e Etnicorracial

18/11/2014

Entre os dias 18 e 20 de novembro, a Adufs promoverá mais um Seminário sobre a Diversidade Sexual e Etnicorracial (leia aqui). Na abertura, o debate será sobre A luta contra o racismo na contemporaneidade, nesta terça, às 18h30, no Auditório 3 do Módulo IV. A proposta é debater na universidade temas importantes como o racismo e a homofobia na perspectiva da compreensão de como tais questões se expressam na sociedade capitalista, que “pune” com a violência e a exclusão tudo aquilo que foge ao padrão que lhe garante a continuidade das relações de opressão e exploração da burguesia sobre a maioria trabalhadora, ligando indissociavelmente as lutas contra o capital e as opressões.

Em 1971, pela primeira vez, o 20 de novembro foi celebrado, espalhando-se por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial como proposta nacional do Movimento Negro Unificado. Assim, se instituiu nesta data o “Dia Nacional da Consciência Negra”, ao invés da tradicional celebração do 13 de maio. Essa nova data é o aniversário da morte de Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se transformou em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade e que hoje simboliza a crítica à segregação e à exclusão social. No Brasil, a existência do trabalho escravo em pleno século XXI, o genocídio da juventude negra e a presença maciça da população negra entre os mais pobres exigem que a luta contra o racismo ocorra dentro de um contexto de resistência ao capitalismo neoliberal e na construção de uma nova perspectiva societária.

Buscando ultrapassar a visão limitada do caráter biologicista de “raça”, e dando ênfase ao fato de que as diferenças entre “povos”, como os judeus, índios, negros, ciganos e outros, não são marcadas apenas por uma herança genética, mas, essencialmente, por processos históricos e culturais, utiliza-se a concepção de etnia. Nesse sentido, a reflexão sobre a diversidade étnico-racial no Brasil como expressão do seu processo histórico não pode se furtar em situá-la no campo do exercício da cidadania e da igualdade de direitos entre todos(as) que a compõe.

Quanto a homofobia, mecanismo de legitimação dos diferentes papéis de gênero, serve para a manutenção de uma sociedade patriarcal, sendo fundamental para que a classe dominante controle a reprodução biológica e social. Em 28 de junho de1969, num bar nova-iorquino frequentado por gays e afins, estes, cansados da violência praticada pela polícia, realizaram uma grande manifestação contra a homofobia, que percorreu as ruas de Nova Iorque por três dias. Daí nasceu o atual movimento GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transformistas), lutando pelos direitos civis e sociais para os que não possuem a orientação sexual predominante. Foi uma retomada da luta iniciada no final do século XIX, assumida pelo movimento socialista da época. Em dezembro de 1917, os bolcheviques aboliram todas as leis contra a homossexualidade. No entanto, com a ocorrência do nazi-fascismo e do stalinismo russo houve um enorme retrocesso.

Em 1975, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade do seu Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais, levando o Conselho Federal de Medicina, no Brasil, a desconsiderar a homossexualidade como uma doença. Em 1993, a Organização Mundial da Saúde aboliu o termo homossexualismo do Catálogo Internacional de Doenças e, em 1999, o Conselho Federal de Psicologia, passou a aplicar sanção para práticas profissionais voltadas para uma suposta cura da homossexualidade. Apesar dos muitos avanços e conquistas contra a rejeição da natureza diversa da sexualidade, a sociedade ainda vive uma triste história de intolerância, preconceito e violência contra quem não se enquadra no padrão imposto pela ideologia dominante.
 

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