Adufs lança Nota de Repúdio contra declarações do prefeito Colbert Martins
29/04/2021
Durante entrevista ao programa Altos Papos da Rádio Princesa FM, na segunda (26), o prefeito Colbert Martins, mais uma vez, encontrou oportunidade para apresentar mentiras e desinformação à população e ataques aos docentes, ao invés de propor soluções para amenizar os impactos da pandemia. São muitos os pontos que podem ser discutidos a partir do discurso vexatório proferido pelo prefeito de Feira de Santana. A começar pela covarde tentativa de transferir a responsabilidade dos gestores para a população. Ao responder porque o município de Feira de Santana ainda não deu início às aulas híbridas, Colbert afirma: “Esta é uma questão que diz respeito às famílias e às crianças, não é uma questão que diz respeito aos professores. Eu sou professor.” Ora, prefeito, não para orgulho da categoria.
Professor que se preza não obriga seus colegas a procurar a justiça para reivindicar devolução e cortes de salários durante a pandemia. A gestão de Colbert Martins chegou a cortar até 70% do salário de alguns docentes da Rede Municipal, muitos deles estão sendo obrigados a aceitar doação de cestas básicas para alimentar suas famílias. Em paralelo a isso, o prefeito professor tenta deslegitimar a luta do sindicato espalhando mentiras nos veículos de comunicação para encobrir seus desmandos que têm tornado a situação de professoras e professores do município insustentável. A falta de compromisso com a Educação parece fazer parte de sua gestão. No último dia 21, durante audiência virtual da Comissão de Educação e Cultura da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, a secretária de educação, Anaci Paim, alegou compromissos profissionais para se ausentar, deixando de responder uma série de questionamentos imprescindíveis para se pensar os caminhos para um retorno das atividades presenciais em Feira de Santana.
Voltemos então às vergonhosas palavras de Colbert Martins ao comparar a atuação dos profissionais de saúde à dos profissionais de educação, numa evidente tentativa de descredibilizar a reivindicação dos (as) docentes em voltar às salas de aula apenas com vacina. “Nós médicos tínhamos de ficar de braços cruzados há um ano atrás, porque não tinha vacina e nós fomos pra frente”. Pasmem! O Doutor Colbert desconhece a função de um médico para a sociedade, o juramento de Hipócrates e o código de ética profissional e ainda responsabiliza professores e professoras pela sua ignorância. Não estamos surpresos. Em 29 de novembro de 2020, era em cima de um trio, em meio a uma multidão, que o Doutor Colbert comemorava sua vitória no segundo turno das eleições municipais, apesar dos crescentes números de casos e enquanto os profissionais de saúde, categoria da qual ele reivindica autoridade de fala, permaneciam na linha de frente, sem vacina, salvando vidas.
“Tá na hora de pensar nas crianças!” Diz o Doutor Prefeito Professor que entrega pais e mães de crianças a uma situação de fome durante a pandemia e um médico que provoca aglomerações para milhares de pais e mães levarem o vírus para dentro de seus lares.
Seguimos adiante nas revoltantes palavras do prefeito, que questiona: “Tá na hora de voltar sim, não só a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), mas a UFRB que só tem adulto lá dentro, não tem aula semipresencial, qual o argumento?”
Seria o número avassalador de casos e mortes que faz o país se aproximar de um total de quase 400 mil vidas perdidas um argumento coerente para o prefeito? As taxas de ocupação dos leitos hospitalares do município – ora lotados, ora com lotação de 80%, são argumentos? Seria o aumento de 288% na taxa da mortalidade entre jovens de 20 a 29 anos em todo o país? Ou o desgaste dos profissionais que veem jovens passando cada vez mais tempo na internação em leitos de UTI que não contam com estoque de insumos para intubação e oxigênio suficiente para mantê-los com vida? Prefeito Colbert, respeite a autonomia universitária prevista na Constituição!
“Ah! Ninguém pode ter aula por conta da contaminação, mas o comércio está aberto, as indústrias estão abertas, os salões estão abertos”, disse Colbert Martins. Estão sim! Graças à sua atuação covarde e gestão incompetente, milhares de profissionais são obrigados a estar nos locais de trabalho enfrentando os riscos de transitar em ônibus sujos e superlotados diariamente, porque não tem outra opção que não seja enfrentar o vírus nas ruas para sustentar seus lares. O prefeito que se orgulha de ostentar tantas titulações não está a serviço da classe trabalhadora, classe que ele mais prejudicou durante a pandemia. Vide o caso dos trabalhadores e trabalhadoras informais a quem expulsou dos locais de trabalho, oferecendo como alternativa um local que não tem nem capacidade para abrigar a todos. A História não o absolverá!
Enquanto isso, entre entrevistas falaciosas e atos repulsivos que o mantêm alinhado com os detentores do poder em Feira de Santana, o prefeito contribui na formação de mais aglomeração e no possível aumento de casos ao acompanhar a comitiva presidencial inaugurando obras pela metade no município, na última segunda (26). Ao lado do presidente genocida, que esbravejava discurso de ódio contra jornalistas e a democracia, Colbert Martins provou mais uma vez que caminha ao lado do negacionismo e não da ciência.
Não vivenciamos um “apagão na educação”, pela ausência de docentes nas salas ou apenas em consequência da maior crise sanitária e econômica da história. Os resultados trágicos que vivenciamos em Feira de Santana e no país são em decorrência de gestores como Colbert e Bolsonaro, que estão alinhados em um projeto genocida que tem por objetivo retirar ainda mais direitos da classe trabalhadora e perpetuar o império de suas famílias no poder, através da miséria, fome e morte do povo.
Nesta quarta (28), Feira de Santana confirmou mais 164 casos de contaminação pela covid-19, chegando a um total de 4.049 casos ativos e 627 vidas perdidas. Repudiamos as declarações irresponsáveis e mentirosas do prefeito Colbert Martins e manifestamos total apoio às vítimas diretas e indiretas da covid 19, nos colocando, mais uma vez, à frente da defesa inegociável do retorno das aulas presenciais sem que haja vacinação em massa, testagem ampla e rastreamento das condições sanitárias de trabalho.