Data relembra a condição do negro no país

20/11/2013

A história dos negros no Brasil é marcada pela luta. Primeiramente contra a opressão nos engenhos, no século XVI, e após a abolição da escravatura, em 1888, contra as formas de exploração do sistema capitalista. Depois de mais de três séculos de escravidão, foram “libertados” sem recursos financeiros, acesso à educação e oportunidades de emprego. Faltavam políticas públicas para inserção do negro na sociedade brasileira. Diante dos obstáculos, que reafirmavam a discriminação, a maioria continuou desempenhando os mesmos papéis subalternos. 
 
A data é um momento de reflexão sobre a configuração do negro na sociedade brasileira e relembra o assassinato, em 1695, de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência à escravidão. A celebração do Dia da Consciência Negra vem desde 1971, por iniciativa de ativistas do grupo Palmares, no Rio Grande do Sul. Sete anos depois, o movimento negro brasileiro passou a celebrar a data nacionalmente.
 
Hoje, a questão racial no Brasil ganha cada vez mais espaço para debates, pois a opressão se reflete no extermínio de jovens negros nas periferias, na falta de oportunidades no âmbito do trabalho e do ensino superior e no processo de inferiorização do negro nos veículos de comunicação. A violência estampada no índice de homicídios que atinge a população negra soma-se à precariedade dos serviços públicos e dos diversos direitos sociais, escasso para toda a classe trabalhadora e ainda mais limitado à população negra. Para a diretoria da Adufs, o fundamento de toda e qualquer opressão tem como raiz a opressão de classe, embora muitos movimentos caracterizem a situação como um problema de relação de raça e gênero. “O racismo é uma das expressões da exploração capitalista. Enquanto houver desigualdade social, haverá discriminação. É preciso superar as diferenças étnicas, oriundas das diferenças de classes”, disse Elson Moura, coordenador da Adufs.
 
O Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), será lembrado com um debate, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) com a participação da Adufs e do Nennuefs, na praça do Pôr do Sol, Módulo VII, às 17h30. Para a professora Sandra Nívea Soares, representante da Adufs como debatedora, “o 20 de novembro é um dia para denunciar as condições de desigualdades a que são submetidos negros e negras, num país em que a abolição da escravatura não significou abolição da exploração, da discriminação e do preconceito. Muito já se conquistou na luta, mas ainda há muito a ser conquistado. É necessário o debate permanente sobre questões  que digam respeito às condições de vida e de trabalho de negros e negras, visando a superação das desigualdades”.

PRECONCEITO EM DADOS

Estudos mostram que os negros ainda são alvo de preconceito e de grande discriminação no mercado de trabalho. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que a questão racial interfere para designar lugares para trabalhadores negros na estrutura produtiva.
 
Uma pesquisa feita nas regiões metropolitanas do país revela que no biênio 2011-2012, a remuneração dos negros ficou limitada a 63,9% do ganho-hora dos não-negros. Na RMS de Salvador, onde é maior a presença da população negra na estrutura produtiva, os ganhos por hora dos trabalhadores correspondem a 59,86% do valor que recebem os não-negros.

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