Apesar das péssimas condições, Conselho aprova reajuste de mais de 8% no transporte de Feira de Santana

14/01/2025

Nesta segunda-feira, 13 de janeiro, o Conselho Municipal de Transporte aprovou um aumento de 8% nas tarifas de ônibus de Feira de Santana. Isso representa um aumento de R$0,60 centavos para as(os) usuárias(os) que pagam a tarifa em dinheiro, caso seja aprovado pelo prefeito José Ronaldo de Carvalho. O último reajuste ocorreu em julho de 2023.

 

Se aprovadas, as tarifas passarão de R$ 4,75 para R$ 5,15, para as(os) que utilizam o Cartão Via Feira ou Cartão Social, e de R$ 4,90 para R$ 5,50, para as(os) que pagam em dinheiro. Estudantes pagarão R$ 2,50, R$ 0,15 a mais que o valor atual. A tarifa para os distritos de Ipuaçu, Bonfim de Feira e Jaguara, que são atendidos por vans será de R$ 6,30. O valor atual é de R$ 5,85.

 

O aumento causa indignação em decorrência da qualidade do transporte público, o que inclui as condições das estações, dos veículos e, sobretudo, uma frota insuficiente para a quantidade de usuárias(os). Segundo informações do secretário municipal de Mobilidade Urbana, Sérgio Carneiro, o aumento da tarifa se justifica pelo aumento do combustível e dos salários das(os) rodoviárias(os), somados ao melhoramento dos veículos e das instalações. A frota de Feira de Santana conta atualmente com cerca de 150 veículos para atender um total de 5 mil passageiras(os) por dia.

 

Na prática, o que é visível é o descaso com a segunda maior população do estado da Bahia. As queixas recorrentes apontam para um frota reduzida que resulta em superlotação e risco para as(os) usuárias(os); péssimas condições de limpeza; veículos danificados que com frequência quebram no meio do percurso, principalmente, os que circulam para os distritos; instalações rodoviárias sem acomodação adequadas; além de pontos em que sequer há circulação dos transportes para atender a população.

 

O Conselho que aprovou o reajuste é formado por secretarias, representantes das empresas e do sindicato das(os) rodoviárias(os), de entidades de classes e das(dos) estudantes. Destes, somente o Diretório Central das(os) Estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (DCE/UEFS) votou contra o reajuste. Em protesto, as (os) representantes do DCE ainda pediram a revisão do reajuste por entender que ele é incompatível com a realidade do transporte, assim como um aumento da participação de organizações sociais no Conselho para que haja um maior equilíbrio nas decisões em defesa da população feirense.

 

Segundo o estudante Antony Araújo, integrante do DCE, os cálculos apresentam inconsistências: “O reajuste é feito em cima de um contrato que não é cumprido.  No contrato é colocado mais de 248 ônibus e na realidade rodam diariamente, segundo a prefeitura, 150 ônibus. Além disso, é colocado nessa conta do reajuste os ônibus como se fossem zero quilômetro, sendo que não são. Ontem (13), na reunião, a gente teve um dado de que pelo menos 60 ônibus da São João não tem cobradores, fora os da Rosa. Então tudo isso é mais uma medida da prefeitura para assegurar o lucro das empresas de transporte de Feira de Santana, Rosa e São João, e jogando a conta no colo da classe trabalhadora”.

 

Antônio Rosevaldo Ferreira, professor da UEFS e diretor da Adufs, também contesta os cálculos que servem de base para a elaboração do reajuste. Em texto publicado no site Digaí Feira o docente argumenta que é preciso reavaliar a planilha de 2014, na qual estão sendo aplicados os reajustes sucessivos até este ano: “O Índice de passageiros por quilômetros está sendo mantido com o mesmo valor de 2014, o que nos deixa dúvidas se ele permanece assim. A falta de transparência da prefeitura e das empresas concessionárias nos leva a duvidar antes de aceitar o valor. Também não podemos aceitar alguns itens presentes, por exemplo, os valores de Depreciação e Remuneração do Capital, constantes na planilha que operavam com ônibus novos, o que contempla valores maiores na composição da tarifa. Estamos há dez anos da concessão e nenhum ônibus novo foi incorporado na frota, ou seja, existe superestimação de valores, que precisam ser revistos, beneficiando os usuários do sistema. Também existe supervalorização de outros custos operacionais, tais como óleo diesel e pneu, bem como o maior custo de composição tarifária, os salários pagos”.

 

Para o docente, é preciso acionar os órgãos competentes para que haja um análise apurada dos dados que implicam no reajuste: “Para alterar valores significativos teria de se revisar a planilha elaborada em 2014 e não aplicar sucessivamente reajustes, principalmente porque os custos estão deveras supervalorizados”.

 

O descaso com a população é uma marca do governo de José Ronaldo e seus aliadas(os) que se estende há mais de 20 anos no município por meio de gestões que não se comprometem com a melhora da qualidade de vida, principalmente, nas áreas de educação, saúde e mobilidade urbana.

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