Adufs promove palestra para discutir o Marco Legal da Cência, Tecnologia e Inovação nas universidades
09/09/2024
No último dia, 03 de setembro, a
Adufs promoveu uma palestra com o tema Marco Legal da Ciência, Tecnologia e
Inovação com a professora Michele Schultz, que atua na Universidade de São
Paulo (USP) e tem acompanhado de perto as lutas do Andes-SN junto às instituições
de ensino superior. A docente é 1ª
vice-presidenta da Regional São Paulo do sindicato nacional. A atividade é mais
uma ação da seção sindical para ampliar o debate acerca do Marco Legal no que
tange à relação público-privado nas universidades públicas de ensino.
A docente fez uma ampla abordagem
sobre os princípios defendidos pelo Andes-SN para as instituições de ensino
público superior. O principal impacto destacado para enfatizar os prejuízos
impostos às universidades é a aproximação com o setor privado. A
desburocratização nos processos, entendido como uma forma de facilitação para a
entrada das empresas e suas lógicas de mercado, compromete a pesquisa, o
entendimento sobre a universidade e a produção de ciência.
No artigo que aborda sobre a relação
com o empreendedorismo, o Marco Legal destaca questões perigosas como o fato de
que a propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencerá à empresa.
A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencerá à empresa, na
forma da legislação vigente e de seus atos constitutivos; as(os) servidoras(es)
são obrigadas(os) a repassar as informações, sob pena de responsabilização
civil e penal. “É vedado ao dirigente, ao criador ou a qualquer servidor,
empregado ou prestador de serviços de ICT vinculada à Administração Pública
Estadual divulgar, noticiar ou publicar qualquer aspecto de criações, cujo
desenvolvimento tenha participado diretamente ou tomado conhecimento por força
de suas atividades, sem antes obter expressa autorização da ICT”, é o que
consta no artigo 18 do Marco Legal. Além disso, a Instituição de Ciência e
Tecnologia (ICT) poderá ter personalidade jurídica própria, como entidade
privada.
A professora Michele Schultz
destacou também os impactos no trabalho docente que já vem sendo extremamente
precarizado com alterações na legislação. Pilares da carreira no funcionalismo
público como ingresso por concurso público, estabilidade e dedicação exclusiva
são comprometidos pelo Marco Legal. Isso
porque a abertura das possibilidades de contratação por meio das fundações
permitem outras formas de acesso, além de confundir a relação de vencimentos
com compensação por meio de pagamentos adicionais para funções específicas.
Ela destacou ainda a importância
dos movimentos que se opõem ao Marco Legal, enfatizando o papel do Movimento
pela Ciência e Tecnologia Pública (MCTP) criado em 2015 que tem por objetivo:
– lutar contra a privatização das
universidades públicas;
– lutar contra a privatização dos
institutos e empresas públicas de pesquisa;
– lutar contra a privatização do
conhecimento gerado a partir de financiamento público;
– lutar pela quebra de patentes
para que a sociedade tenha acesso ao conhecimento gerado.
– lutar pela democracia e
liberdade de expressão nas instituições públicas de ensino superior e nos
institutos de pesquisa.
A Adufs tem se mobilizado para
discutir a Minuta que estabelece normas para a parceria entre a UEFS e o setor
privado (as Fundações), por entender que o assunto demanda ampla discussão e
precisa ser socializado com toda a comunidade acadêmica. A palestra foi uma
dessas iniciativas.
Na última sexta-feira, 30 de
agosto, a seção sindical encaminhou ofício para a Secretaria dos Conselhos
solicitando a retirada da apreciação da Minuta da pauta do Consu que ocorrerá
no dia 10 de setembro. A ação atende aos pedidos que foram feitos pela
categoria durante Reunião Ampliada que discutiu o tema, em 19 de agosto, e pela
Assembleia Docente que ocorreu no dia 29 de agosto.