Nota em Defesa da Democracia Interna da UEFS
27/10/2023
Na noite da quarta-feira, 25 de outubro de 2023, a
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) viveu um lamentável episódio
de tentativa de interferência na autonomia do movimento estudantil, em
decorrência da greve deflagrada no dia 06 de outubro, em Assembleia Geral dos
Estudantes (AGE), que reuniu 1790 integrantes da categoria e encaminhou a
formação de um Comando de Mobilização (Comob). Segundo os relatos do Comob,
outra AGE foi convocada para a última quarta-feira, à sua revelia, em
descumprimento de princípios estatutários, inclusive sendo conduzida por
pessoas alheias à comunidade acadêmica da UEFS. Desrespeitando ainda os
trâmites burocráticos ao tentar realizar a AGE sem o quórum previsto; com
resistência para apresentação das listas de assinatura; cédulas de votação
duvidosas, ou seja, sem os elementos que garantem transparência e legitimidade
ao processo.
Além do grave tensionamento criado com a situação,
que poderia resultar em riscos à integridade física das pessoas e danos ao
patrimônio público, chamou particular atenção a tentativa ilegítima de
manipulação de segmentos do Movimento Estudantil, a partir de interesses
alheios à própria universidade, contrariando os processos construídos pelas(os)
estudantes. Defendemos a total autonomia universitária na tomada de decisões e
o respeito às instâncias deliberativas de cada categoria. As insatisfações e
discordâncias no âmbito de cada categoria são parte destes processos e devem
ser continuamente discutidas pelos pares, levando em consideração a
legitimidade da instituição como espaço inviolável. Lembramos que a greve é de
total responsabilidade do governo do Estado que, na gestão de Jerônimo
Rodrigues (PT) e seus aliados, dá continuidade a um processo de destruição dos
serviços públicos e sucateamento das instituições, por meio de ataques às
carreiras e redução dos investimentos orçamentários que comprometem o
funcionamento das universidades estaduais. Portanto, é obrigação do governo
agir para a superação dos obstáculos por ele criados, que atingem todas as
universidades estaduais.
Insistimos na necessidade de preservação do diálogo
entre o Movimento Estudantil e a Administração Central da UEFS para chegar a um
desfecho, sem prejuízos ao patrimônio público e à comunidade universitária; ao
desenvolvimento das atividades; ao pagamento de bolsas e salários, de modo que
a segurança alimentar daquelas (es) que estão em situação de vulnerabilidade
seja protegida. Entendemos que passos importantes foram dados para estabelecer
uma mediação mais eficaz com a formação de uma comissão com integrantes do
Conselho Universitário (Consu), o que possibilita a existência de uma escuta
ativa e mais conciliatória entre as partes em negociação.
Reafirmamos nossa posição de apoio à greve
estudantil, aprovada em Assembleia Docente no dia 16 de outubro de 2023,
reiterando a legitimidade de suas reivindicações, algumas das quais,
historicamente, fazem parte da pauta do Movimento Docente, como é o caso da
destinação de 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para as universidades
baianas, da ampliação dos quadros de docentes e técnicos como condições básicas
para o desenvolvimento das ações de ensino, pesquisa, extensão e
administração, que se encontram comprometidas em razão do déficit e da
desvalorização profissionais. Não retrocederemos na defesa das liberdades
democráticas e da autonomia universitária na tomada de decisões dentre suas
categorias e repudiamos a intervenção de agentes externos, a não ser que estes
sejam explicitamente convidados por aquelas (es) que tenham a legitimidade na
condução dos processos.
Seguiremos em defesa das Universidades Estaduais da
Bahia, patrimônio do povo!
Feira de Santana, 27 de outubro de 2023.
Diretoria da Adufs.