Piora no atendimento do Planserv aumenta o número de queixas e de judicializações contra o plano
04/08/2023
O aumento da
contribuição de servidoras e servidores públicos ao Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv)
não veio acompanhada da melhora nos serviços. Pelo contrário, as denúncias são
cada vez mais constantes sobre a dificuldade de encontrar atendimento; demora
no agendamento; falta de especialidades para casos mais complexos e até mesmo
para demandas corriqueiras como as da área de pediatria.
Se para as (os)
pacientes a situação é de ineficiência e ausência dos serviços, para as (os)
profissionais, o Planserv é sinônimo de precariedade das relações trabalhistas.
O valor destinado para o pagamento das consultas para ser dividido igualmente
entre as (os) profissionais e clínicas são irrisórios R$ 88 reais. Isso
significa dizer que são necessárias muitas consultas para que uma (um) médica
(o) consiga um valor razoável ao final do mês; logo, a qualidade nos serviços
prestados é comprometida. Muitas instituições sequer consegue profissionais
para suprir as demandas, principalmente, no que diz respeito às especialidades.
Para a professora Neima
Oliveira, docente aposentada da Universidade Estadual de Feira de Santana
(UEFS), a busca por especialistas sempre esbarra nas justificativas de falta de
profissional ou fim das cotas para atendimento mensal: “A situação é muito
difícil. Por exemplo, tem cinco meses que fui à neurologista. Ela dá muitas
receitas, mas endocrinologista mesmo nunca tem vaga. Sempre se ouve que a cota
do Planserv acabou e que a agenda abre dia 1º. Você liga no dia 1ºe a cota já acabou”,
afirma a professora. A docente relata ainda situações em que o próprio plano
indica a clínica para a realização de consultas e exames, mas ao chegar no
local a paciente é informada de que não há atendimento pelo plano. A gestão
ineficiente do Planserv apresenta respostas vagas diante das reclamações e as
(os) pacientes ficam entregues à própria sorte, quando não precisam recorrer a
planos de saúde particulares.
Em entrevista recente
para a rádio Metrópole, a coordenadora geral do Planserv, Socorro Brito,
justificou a insatisfação de clientes em relação ao serviço com a sobrecarga do
plano. Segundo ela, o aumento do adoecimento faz com que (as) os mais de 500
mil contempladas (os) procurem atendimento com mais frequência até mesmo, para
situações que ela considera de “baixa gravidade”, logo, a quantidade de vagas
se torna insuficiente.
O fato é que as queixas
em relação ao plano não são recentes e não se relacionam apenas com o aumento
da busca por atendimento impulsionada, principalmente, pela pandemia e no
período pós-pandêmico. Como ressalta o assessor jurídico da Adufs, Danilo Souza
Ribeiro, a busca por judicializações em relação ao Planserv ocorre há muito
tempo: “Tanto em relação a inexistência de profissionais credenciados, quanto a
não cobertura de determinados procedimentos. Em todos os casos a justiça tem
determinado que o Planserv cubra a integralidade dos tratamentos, mas como os
profissionais não aceitam se submeter à tabela do Planserv, a justiça tem determinado
que sejam apresentados orçamentos de prestadores particulares e o Estado tem
depositado, há muito custo, os valores para custear as despesas”.
Ocorre que este é um
procedimento que demora significativamente para ser liberado, o que pode
resultar em danos irreversíveis para quem aguarda a realização de determinados
procedimentos, principalmente, no que diz respeito às urgências e emergências.