Estudantes denunciam critérios do Programa Mais Futuro que não atendem reais necessidades para acesso e permanência
05/07/2023
O Mais Futuro é um programa de assistência
estudantil, criado pelo Governo do Estado, para garantir a permanência dos estudantes
que se encontram em condições de vulnerabilidade socioeconômica, nas
universidades públicas estaduais por meio da concessão de auxílio financeiro.
Ocorre que, após a sua criação, o programa tirou das Universidades Estaduais da
Bahia a centralização política e econômica da Política de Permanência
Estudantil e passou para o Governo, limitando para a universidade a gestão dos
casos urgentes. Os critérios adotados pelo programa, bem como os valores das
bolsas vem sendo duramente criticados por estudantes de toda a Bahia que
reivindicam melhores condições para o acesso e permanência nas estaduais
Pedro Henrique de Lima, coordenador do Diretório
Central dos Estudantes (DCE/UEFS) e militante do Movimento por uma Universidade Popular (MUP), relatou alguns dos
problemas que têm sido enfrentados pelos estudantes que fazem parte do Mais
Futuro. O programa conta com o Perfil Básico com bolsa de até R$ 300 reais,
para aquelas (es) registradas (os) no Cadastro Único que residem em até 100km
da universidade, e o Perfil Moradia com bolsa de R$ 600 reais para estudantes
registradas (os) no Cadastro Único com residência situada a uma distância
superior a 100km.
Para Pedro Henrique, o programa não atende às reais
necessidades pelo valor insuficiente para suprir a demanda das (os) discentes. Além
disso, outra questão é a quantidade de meses em que ela é paga. Somente com
pressão do Movimento Estudantil é que o Perfil Básico passará a ser paga por 11
meses, anteriormente, eram 08 meses. “No início do ano, com muita pressão nas
universidades; nós conseguimos avançar do ponto de vista do aumento das
parcelas pagas, inclusive com a proposta de uma audiência pública sobre o tema
proposta pelo DCE da UEFS em conjunto do mandato de Hilton Coelho para discutir
o tema e pressionar o governo por um reajuste na bolsa”.
A expectativa dos estudantes era de que a bolsa
fosse reajustada com o lançamento do último edital, mas isso não aconteceu, na
contramão das bolsas federais e outros fomentos que foram reajustados já no
início do ano. Com um valor considerado por eles totalmente fora da realidade
pela defasagem que já acumula, há relatos de estudantes que precisaram
abandonar os cursos por falta de condição de permanência ou ficam obrigados a
estagiar em áreas adversas à sua formação em espaço de vacância da universidade.
O último edital lançado havia sido no ano passado; logo, estudantes que
ingressaram no primeiro período ficaram sem qualquer assistência. Para Pedro
Henrique de Lima, a mudança em relação à quantidade de meses é uma vitória do
movimento, mas isso ainda não é suficiente para atender às reivindicações da
categoria; por isso, o Movimento Estudantil segue mobilizado, pressionando o
governo do Estado nas redes sociais e através da organização de atos.
A Audiência Pública na Assembleia Legislativa da
Bahia (ALBA) deve acontecer no próximo dia 15 de agosto e reunirá estudantes de
todas as universidades estaduais da Bahia na tentativa de diálogo para
reformulação do programa. A reivindicação por melhores condições de acesso e
permanência faz parte da pauta docente que inclui o aumento do repasse da
Receita Líquida de Impostos (RLI) em benefício de toda a comunidade acadêmica,
atendendo ao pleito dos estudantes. Até
o momento, o governo segue sem dialogar com estudantes e docentes.