Reunião Ampliada do Setor das IEES/IMES teve início com Análise de Conjuntura do cenário de lutas para a classe trabalhadora

30/05/2023

Nos dias 26 e 27 de maio, a Adufs sediou a Reunião Ampliada do Setor das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino (IEES/IMES) do Andes-SN que foi realizada na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O evento contou com mais de dez representações de seções sindicais de vários pontos do país e é uma etapa importante para o Encontro do Setor que deve ocorrer no segundo semestre deste ano, possivelmente, no Maranhão.

 

Na sexta-feira (26), o encontro teve início com uma mesa de abertura que reuniu o representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Pedro Henrique Lima, o diretor da Adufs, professor João Diogenes, o primeiro vice-presidente do Andes-SN, professor Milton Pinheiro; a primeira secretária da Regional Nordeste III, professora Zózina Almeida e a professora Sambara Ribeiro, primeira vice-presidenta da Regional Nordeste I. Em seguida, foi realizada uma análise de conjuntura sobre os desafios para as IEES/IMES com a participação dos professor Elson Moura, coordenador do Fórum das ADs e diretor da Adufs, e o professor Luiz Blume, professor da UESC e 3º secretário do Andes-SN.

 

Na sua avaliação, o professor Luiz Blume partiu do cenário internacional para dizer que a ofensiva conservadora aos direitos de trabalhadoras e trabalhadores avança com direito a guerras, fome e um estado de direito que está mais a serviço da direita conservadora do que da classe trabalhadora. No contexto internacional, o professor destacou a Ucrânia e a crise de abastecimento e de fornecimento de grãos aprofundou a fome no mundo, além disso, com os embargos à Rússia, o não fornecimento de gás e de carvão aumentou drasticamente a conta de energia na Europa e demais países dependentes de gás e óleo. No cenário nacional, explicou o professor, o novo arcabouço fiscal se assemelha ao teto de gastos. Além disso, a meta de zerar o déficit público é um tragédia anunciada que prevê arrocho salarial e o governo novamente nas mãos de um Congresso conservador:

“A cooptação do governo aos setores do centrão/Lira, a desmobilização dos movimentos sociais, o avanço dos fascistas, que através da CPI do MST já dão por certa a prisão de Stédile e outras lideranças, colocou o governo Lula à mercê das políticas de Bolsonaro”, afirmou o professor Blume ao abordar a perpetuação de políticas de extrema direita em governos tidos como de centro-esquerda.

Já o professor Elson Moura fez uma reflexão sobre a situação nacional partindo da perspectiva da população economicamente ativa para discutir como estão mobilizadas trabalhadoras e trabalhadores. Através de dados oficiais que revelam a condição de precariedade da classe trabalhadora, foi possível compreender as disparidades relativas às condições de trabalho de mulheres e homens, negras (os) e brancas (os). Com base nas informações disponibilizadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revela-se o quão rebaixado está o salário das (os) brasileiras (os). “Em abril de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.676,11, ou 5,13 vezes o mínimo de R$ 1.302”, aponta o Dieese.



 

A reflexão do professor Elson Moura em relação à situação da classe trabalhadora é que, de modo geral, é uma classe que ganha menos do que vale. “E a grande “magia” do capital: lucrar comprando pelo que vale e vendendo pelo que vale (mais-valia). O capitalismo brasileiro e seu Estado (que normatiza o salário nacionalmente) possibilita super lucro aos 4,3% da população economicamente ativa que vive do trabalho do/as que vivem exclusivamente da venda da sua força de trabalho”.

 

Apesar das precárias condições de trabalho, o professor destacou outro dado que revela como a classe trabalhadora está mobilizada também a partir de números do Dieese: “Quase 70% das 3.204 negociações coletivas de 2023, analisadas até o momento, registraram resultados acima do INPC-IBGE”. O que nos faz interpretar que a classe trabalhadora segue em movimento, em campanha salarial, no enfrentamento por condições dignas de trabalho.

 

Em sua análise, o professor destacou ainda como a política de austeridade implementada no cenário nacional e estadual compromete a vida da classe trabalhadora em diversos níveis. Política esta que continua através de aprovações de projeto do atual governo como o do novo arcabouço fiscal extremamente nocivo à maior parte da população, mas que encontra pouco espaço para ser criticado diante da proteção que se criou entre os movimentos, na qual se interpreta que a crítica a este governo incide em barreira para a reconstrução do país, o que é um equívoco.

 

É um momento de fragmentação política, de forte enfrentamento das Universidades Estaduais diante de um novo governo do Estado que até o momento se repete no que diz respeito à forma de lidar com a categoria docente, mas que se depara com um Fórum das Associações Docentes (FAD) organizado e combativo já com a expertise de ter enfrentado políticas de arrocho de mais de 20 anos.

 

A prova recente da força dessa mobilização foi o reajuste concedido pelo governo junto à liberação do quadro de vagas, destravando as filas: “Uma força que fez o Governo encaminhar um PL à Alba modificando o quadro de vagas das classes, o que possibilita o fim da fila de promoções (o que outrora só conseguimos com greves). É uma força que faz o Governo ter que assumir o compromisso de criar uma agenda para discutirmos a pauta”, afirmou.

 

Leia Também