Na avaliação das Associações Docentes, a audiência ocorrer em um dia de
paralisação unificada é fundamental para que o debate público sobre o ensino
superior público estadual seja democratizado e tenha mais visibilidade. Outro
motivo fundamental que levou a categoria a aprovar a paralisação docente, foi o descontentamento
o Projeto de Lei (PL) de reajuste salarial anunciado pelo executivo. Mesmo
considerando um avanço na pauta salarial como resultado da forte atuação
do movimento docente, as assembleias refletiram que o reajuste não chega nem
perto das perdas acumuladas e é necessário seguir em luta para reabertura da
mesa de negociação.
“A audiência será um espaço muito importante e fortalecedor para as nossas
universidades. Teremos a oportunidade de debater aquilo que chamamos de ‘pauta
cheia’. Será o espaço para falar de financiamento, direitos, salário, a
situação do Planserv, permanência estudantil e a nossa luta para que a mesa de
negociação seja retomada. Temos uma infinidade de temas que dizem respeito a
nossa realidade e precisam ser resolvidos, principalmente diante da relevância
do nosso trabalho e dessas instituições para todo o estado da Bahia. No próximo
dia 16 de maio mostraremos, mais uma vez, a força e a união da UEFS, UNEB, UESB
e UESC. Convocamos toda comunidade acadêmica para fazer parte desse momento”,
demarcou Elson Moura, presidente da ADUFS e novo coordenador do Fórum das ADs.
Os (as) interessados (as) em participar da mobilização deverão entrar em
contato com as secretarias das Associações Docentes para se incorporar nas
caravanas de ônibus que virão do interior baiano para a capital.
Entenda as ponderações
sobre o reajuste salarial
As Associações Docentes estão há dois anos com a campanha “Reajuste Já”, que
denuncia um quadro de desvalorização da categoria com 8 anos de perdas
salariais. Segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a corrosão do salário dos (as) docentes nesse
período foi de mais da metade do salário (53,3%).
Na última semana, o
novo Governo do Estado apresentou a proposta de reajuste linear de
apenas 4% para todo serviço público prevendo para os (as) profissionais do
Magistério Superior um acréscimo de 2,53%. Dessa forma, os (as) professores
universitários (as), ficaram com um reajuste que vão de 6,53% até 9,32% em
função da correção do erro no último reajuste escalonado de 2022, em que o
antigo governador descumpriu a lei do Estatuto do Magistério e feriu o
interstício entre as classes.
Além do reajuste proposto estar muito abaixo dos índices de perdas salariais e
não ter sido fruto de negociação com a categoria, as ponderações apresentadas
pelos (as) professores (as) nas assembleias docentes também dizem respeito a
outras problemáticas. O principal deles é de que docentes das
universidades estaduais, em início de carreira, ganham um salário abaixo da Lei
Nacional do Piso do Magistério do Ensino Básico. Mesmo com o novo reajuste
salarial apresentado pelo governo, os (as) docentes que estão no início da
carreira seguirão ganhando abaixo do piso nacional.
Outra questão é que até antes do reajuste proposto, a Bahia estava entre os
estados do Nordeste que pagava um dos três piores salários aos professores (as)
das suas Universidades Estaduais da região. Mesmo sendo um dos Estados mais
ricos do NE, a posição do Bahia no ranking era de antepenúltimo lugar, com uma
diferença mínima de 10 reais para penúltimo. Os dois últimos lugares da
desvalorização estavam ocupados pelos estados do Rio Grande do Norte e
Pernambuco.
“Como podemos ver com todos os levantamentos e análises que realizamos, é que o
nosso quadro de desvalorização acumulado em 8 anos nos colocou como uma das
categorias mais negligenciadas do serviço público baiano. Mesmo com o reajuste
temos que ter espaço de discussão disso para que o cenário seja revertido a
médio e longo prazo. Temos um governador que é professor de uma universidade
estadual e sabe como funcionam as instituições e a nossa carreira. O que a
gente espera é responsabilidade, diálogo e respeito pois foram 8 anos de
desrespeito com as nossas instituições e a nossa categoria”, explica Moura.
Além do reajuste salarial apresentado na última semana, em 2023 houve também
reajuste salarial apara o alto escalão do serviço público da Bahia. Os percentuais
de reajustes aprovados pelo Governo do Estado foram de 48,5% para o governador,
vice-governador e secretários; 16% para deputados estaduais e mais de 5,99%
para procuradores e promotores. A nível nacional, o Governo do Presidente Lula
também instituiu a mesa de negociação com os sindicatos do funcionalismo
público federal e reajustou o salário de todo o serviço público em 9%, com
acréscimo de R$ 200 no auxílio alimentação.
Fonte: Fórum das ADs.