Fórum das ADs apresenta pauta de reivindicações para o governo
26/01/2023
Docentes estiveram com o superintendente de Recursos Humanos da Saeb Foto: Ascom Fórum das ADs
O novo governo recebeu as associações docentes
(ADs) baianas para um diálogo sobre a pauta 2023. A reunião ocorreu na
Secretaria Estadual da Administração (Saeb), com o superintendente de Recursos
Humanos da pasta, Adriano Tambone. O encontro, realizado na última segunda-feira (23),
foi resultado da última ação do Fórum das ADs, que no dia 11 de janeiro protocolou
um documento reiterando a pauta de reivindicações da categoria e solicitando
uma reunião presencial (leia mais).
Urgências da categoria
Na oportunidade, as
(os) docentes demarcaram as principais urgências da categoria que, neste
momento, dizem respeito ao cumprimento do Estatuto do Magistério Superior (Lei
8352/2002) e ao reajuste salarial. As ADs argumentaram sobre os oito anos de
perdas salariais que gera necessidade de reajuste de 53,33% do salário dos (as)
docentes. Reforçaram, ainda, a problemática que significou o último
reajuste salarial de 4% em dezembro de 2021, com o acréscimo de uma “reposição
escalonada”, que descumpriu o que está estabelecido no Estatuto do Magistério,
ferindo o intrínseco entre as classes, e representando um percentual que não
corrigiu nem mesmo a inflação do ano de 2021. O superintendente reconheceu que
o governo tem ciência da irregularidade do reajuste escalonado e que essa
questão precisa ser objeto de correção no próximo período.
Alexandre Galvão, coordenador do Fórum das ADs e
presidente da Adusb, apresentou também o retrocesso da condição salarial dos
docentes do ensino superior baiano. “Com oito anos de arrocho salarial, a nossa
condição, hoje, é de retorno aos piores salários entre os docentes das
universidades estaduais do Nordeste. A desvalorização da nossa carreira é uma
realidade tão aparente, que existem níveis da nossa carreira com o piso
salarial abaixo do piso do magistério do ensino básico. Esse é o caso, por
exemplo, dos professores auxiliares”, desabafou Galvão. Adriano Tambone, por
sua vez, afirmou que o novo governo está avaliando o cenário econômico e
fazendo estudos sobre as possibilidades de reajuste salarial para o serviço público
baiano.
Luta e histórico sobre a DE
Desde 2015, o direito adquirido da Dedicação
Exclusiva (DE) não é garantido. O histórico é de constantes filas e processos que,
por vezes, ficam por mais de dois anos paralisados. O DE é um regime de
trabalho docente voltado àqueles (as) professores (as) que, com a qualificação
necessária, exercem o cargo em tempo integral dedicado exclusivamente à
universidade para produzir ensino, pesquisa e extensão.
Em relação à liberação dos processos de DE, Tambone
relembrou a discussão sobre a revogação do artigo 22 do Estatuto do Magistério
Superior. O artigo 22 do Estatuto é um dispositivo que permite aos docentes que
produzem projetos de pesquisa e extensão solicitarem redução de carga horária
em sala de aula de 12h para 8h, para que possam se dedicar ao desenvolvimento
dessas atividades acadêmicas. No dia 17 de dezembro de 2018, a Assembleia
Legislativa da Bahia aprovou, sem diálogo com o movimento docente, uma lei que
resultou no fim da possibilidade de redução da carga horária mínima de ensino
na sala de aula de 12h para 8h, para os (as) docentes em regime de dedicação
exclusiva.
Desde então, a questão foi rechaçada pela categoria e se tornou um dos
principais itens da luta do movimento docente.
A recusa em aceitar a possibilidade de redução de carga
horária pelos (as) professores (as) está ligada à incapacidade ou não
compreensão do governo anterior sobre a importância da Dedicação Exclusiva para
a articulação do tripé ensino, pesquisa e extensão. O tema virou objeto de ação
judicial das associações docentes, por meio de Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin) e mandados de segurança. Desde maio de 2019,
o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) liminarmente tem dado ganho de causa
para as associações de professores. O governo estadual anterior recorreu e até
hoje o processo está em curso.
Sobre os itens da pauta que dizem respeito ao papel do RH
Bahia, Adriano Tambone chamou atenção para o caráter técnico do sistema e se
colocou à disposição para resolver essas demandas, a partir do levantamento dos
casos identificados pelas ADs. Por fim, o Fórum cobrou uma reunião para
abertura, de fato, da negociação sobre a pauta de reivindicações dos (as)
professores (as). Ficou acordado entre as lideranças da categoria e o
superintendente o agendamento de uma nova reunião para que seja apresentada a
pauta da categoria às secretarias competentes do governo de Jerônimo
Rodrigues (PT).
Fonte: Fórum das ADs, com edição.