Após indicação do Comitê Antifascista, Administração Central confirma nome de Alysson Mascaro para Aula Magna da UEFS
05/01/2023
Ainda
em dezembro, o Comitê Antifascista em Defesa das Liberdades Democráticas e da
UEFS, se reuniu para discutir as ações para o semestre 2023.1. Com a
participação da Associação dos Docentes da UEFS (Adufs), Sindicato dos
Trabalhadores em Terceiro Grau do Estado da Bahia (Sintest) e Diretório Central
dos Estudantes (DCE), o Comitê indicou o nome do professor Alysson Mascaro para
ser o conferencista da Aula Magna do semestre 2023.1, com o objetivo de
promover uma discussão sobre o fascismo e suas implicações no atual contexto
sociopolítico nacional. A Administração Central aceitou a indicação e o
professor Alysson está confirmado como conferencista. A data provável para a
realização da Aula Magna é 14 de fevereiro de 2023, às 15h30, no formato
presencial.
A
indicação de nomes para a Aula Magna, costumeiramente, se dá a partir de um
processo de rotatividade entre as entidades. Numa ação inédita, o Comitê
Antifascista, que forma esta frente ampla com as entidades da comunidade
acadêmica, fez a indicação que foi prontamente acatada pela Administração
Central, num evidente entendimento coletivo da necessidade de profundas
reflexões acerca do fascismo.
Os
retrocessos nos últimos quatro anos com o governo Bolsonaro foram reveladores
acerca dos impactos do avanço da extrema direita no Brasil, com a reverberação
do discurso de ódio em ataques às liberdades democráticas e promoção de ações
violentas direcionadas, sobretudo, às minorias. Neste contexto, a eleição de
Luiz Inácio Lula da Silva se tornou um compromisso adotado por diferentes
segmentos sociais comprometidos com a democracia, num processo eleitoral
considerado o mais importante desde o fim da ditadura militar. Com este mote,
inclusive, a Adufs seguiu o encaminhamento do Andes-SN: Votar
em Lula para derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas.
Os
valores neofascistas que resultam em cenas de extrema violência, perseguição e
atos terroristas, continuam a ocorrer mesmo com a derrota de Bolsonaro nas
urnas. Não por acaso, grupos antidemocráticos permaneceram nas ruas, em atos
golpistas que questionam a lisura do legítimo processo eleitoral brasileiro. Em
grupos, financiados por grandes empresários, ou individualmente, os ataques às
liberdades democráticas continuam por meio de fake news, violência e mortes. As cenas delirantes e, muitas vezes,
até risíveis, protagonizadas na frente dos quartéis não podem mais ser
encaradas como espetáculo, elas são representativas do avanço de uma corrente ideológica
que faz vítimas com o uso da violência extrema e que, ao chegar ao poder,
desenvolve políticas públicas genocidas como as praticadas no último governo.
Portanto, combater esta ideologia é um compromisso que vai muito além das
eleições, é uma necessidade de sobrevivência para a preservação da democracia e
do direito à existência das liberdades democráticas em todas as suas formas.
A
universidade, como importante frente de resistência, não pode se furtar de
enfrentar esta discussão e promover ações antifascistas. A UEFS, sobretudo,
teve um papel importante neste enfrentamento diante de ataques à comunidade
acadêmica no processo eleitoral. A escolha do nome do professor Mascaro, nesse
sentido, se configura como uma importante ação para dar continuidade às lutas
por meio do debate qualificado e propositivo para a construção de novas ações.
Alysson
Leandro Mascaro é professor da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Filosofia e Teoria Geral
do Direito pela mesma instituição. Entre os livros publicados pelo professor
estão "Crise e Golpe" e "Estado e Forma Política" que
refletem sobre a conjuntura política brasileira. Neste ano de 2022, o Prof.
Alysson Leandro Mascaro publicou ainda o livro “Crítica do Fascismo” que
sistematiza as variadas análises e interpretações sobre o nazifascismo.