O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, vai retomar o diálogo com o movimento docente das universidades estaduais?

05/01/2023

Ouvir a matéria:

Com a posse do novo governador, Jerônimo Rodrigues, no último domingo (1º), o Partido dos Trabalhadores (PT) inicia mais quatro anos à frente do Estado da Bahia. Diante de um quadro de precariedade das relações trabalhistas na Educação e de um processo de sucateamento das instituições, surgem os questionamentos sobre como será a gestão do governador na pasta. O desmonte da Educação seguirá como projeto de governo? As universidades estaduais serão uma prioridade? O diálogo com o movimento docente será retomado? As perdas salariais históricas de docentes serão reparadas? O governo de Jerônimo será a continuidade das políticas do governo Rui Costa? Por enquanto, não é possível saber.

 

Jerônimo Rodrigues conhece bem a realidade das universidades estaduais. Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) desde 1995, o governador conviveu de perto com a realidade precária de falta de recursos da universidade nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Apesar disso, como secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues corroborou com a postura autoritária de Rui Costa ao se negar a receber o movimento docente. Como autoridade máxima do Estado, repetirá essa postura? Em suas primeiras declarações, o novo governador tem afirmado que seu governo “não será de continuísmo”, o mesmo que vinha dizendo ainda como candidato.

 

Antes mesmo do segundo turno das Eleições, o candidato Jerônimo Rodrigues respondeu a carta enviada pelo Fórum das ADs  que resgatou os pontos de reivindicações do movimento docente para as quatro universidades estaduais da Bahia, além de reivindicar o diálogo. Na ocasião, o então candidato se comprometeu textualmente com as demandas, o que é um sinal evidente de propensão ao diálogo. Aguardamos, não sem organizar as lutas, para ver como será a sua postura, agora, empossado.


Na secretaria de Educação, temos outra conhecedora das demandas das universidades. Adélia Pinheiro, ex-secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde, professora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) desde 1990, foi reitora da instituição por duas gestões, já foi vice-reitora e pró-reitora, certamente enfrentando as dificuldades de gerir a UESC em meio aos recorrentes contingenciamentos que comprometem a execução de diversas demandas da comunidade acadêmica a curto, médio e longo prazo. Com seu amplo conhecimento na área de gestão, sobretudo, na universidade pública estadual, esperamos da secretária uma atuação participativa que não desconsidere os graves problemas que as instituições enfrentam. Nas primeiras palavras Adélia Pinheiro após a posse, ficou evidente que o combate à fome será uma prioridade da pasta, o que sem dúvida é indispensável diante da situação de miséria e fome enfrentada por milhões de famílias. Esperamos, contudo, que a necessária atenção ao combate à fome não represente um escudo para a omissão deliberada dos problemas existentes nas universidades estaduais, como ocorreu nas últimas gestões.


Enquanto o novo governo do Estado inicia os trabalhos, o movimento docente se articula para dar continuidade às lutas, se organizando para combater o intenso processo de precarização nas universidades e na carreira docente, no entendimento de que o diálogo é o caminho primordial para iniciar o rompimento com antigas marcas autoritárias deixadas por governos antecessores.

Leia Também