Docentes apontam racismo no ambiente acadêmico e necessidade de discutir o tema nas universidades

01/12/2022

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O racismo estrutural no Brasil também se reflete nas universidades, nas quais predominam uma visão de mundo e de ciência essencialmente europeia, de supremacia branca. Em função da mobilização do povo negro, ações afirmativas conquistadas reduziram a desigualdade no acesso e permanência deste no espaço acadêmico, a exemplo da implementação da política de cotas para a chegada ao ensino superior público por meio da reserva de vagas. O entendimento é das professoras Rosineide Cristina de Freitas, lotada na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e Marluce de Lima Macêdo, que leciona na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Ambas ainda defendem a continuidade da luta para a desconstrução de discursos e práticas racistas neste ambiente.

 

Rosineide Cristina de Freitas e Marluce de Lima Macêdo foram as debatedoras da mesa “Dez anos a mais: a experiência pioneira da Política de Cotas da UERJ e UNEB”. O evento, organizado pela diretoria da Adufs para marcar o 4º Novembro Negro da Uefs, aconteceu no dia 23 de novembro. A mediadora da mesa foi a professora da Uefs, Gracinete Souza, que resgatou a resolução Consu 034/2006 para lembrar que desde 2006 existe na instituição uma normativa que estabelece a reserva de vagas para os cursos de graduação da Uefs, para grupos historicamente excluídos, realizada através do Processo Seletivo 2007.1. A docente também falou sobre a Resolução CONSEPE 088/2021, que dispõe sobre a Política de Ações Afirmativas nos Cursos de Pós-Graduação stricto sensu e lato sensu da Uefs destinada a grupos historicamente excluídos.

 

Ao apresentar as debatedoras da mesa, Gracinete Souza fez um breve histórico sobre a sua experiência enquanto estudante e docente na educação pública superior e ressaltou que enfrentou e ainda enfrenta muita resistência por parte de diversos membros da comunidade acadêmica. “A presença de negros, principalmente mulheres, nas engenharias é muito pequena. E eu, até hoje, ainda tenho de provar a minha capacidade intelectual. Estou aqui, inteira, mas, o racismo interfere negativamente na nossa saúde”, queixou-se a professora, que quando estudante foi uma das primeiras bolsistas de iniciação científica da Uefs.

 

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