Na próxima quarta (23) terá debate sobre Política de Cotas em universidades
18/11/2022
Dez anos a mais: a experiência pioneira da Política de
Cotas da UERJ e UNEB será tema de mais uma mesa do 4º Novembro
Negro da Uefs. A discussão, organizada pela diretoria da Adufs, está programada
para a próxima quarta-feira (23), às 16h, no auditório 3, Módulo IV. As
debatedoras serão as professoras Rosineide Cristina de Freitas e Marluce de
Lima Macêdo. A mediação ficará sob a responsabilidade do professor João Diogenes,
diretor da Adufs. A Associação integra o grupo responsável pela construção das
atividades alusivas ao mês.
Rosineide Cristina de Freitas é professora da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), doutoranda do Programa de Pós
Graduação em Educação (Proped) da Faculdade de Educação da UERJ e desenvolve
estudos sobre os processos de racialização, questões etnicorraciais,
interseccionalidade, feminismo negro e Educação Física Escolar. Tem atuação no
movimento de mulheres negras, no movimento sindical e popular. Rosineide
Cristina ainda é 2ª vice-presidente da Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN. Já
Marluce de Lima Macêdo é docente da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), já
tendo exercido o cargo de Pró Reitora de Ações Afirmativas e a Coordenação do
Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (CEPAIA) nesta universidade;
doutora em Educação e Contemporaneidade e atua principalmente nos seguintes
temas: ensino de História, memória, tradição oral afro-brasileira, História
Oral, escola, territórios rurais e Intelectuais Negros e Memória.
Negro nas engenharias
O diretor da Adufs, Gean Santana, foi um dois
debatedores da mesa sobre o tema Representatividade
Negra nas Engenharias, também inserida na programação do 4º Novembro Negro
da Uefs. O docente dividiu o espaço com Marcelo Pedreira, lotado no curso de
Engenharia Civil da universidade, Josandra Teles, engenheira agrônoma, além de
Natália Rosa, graduanda do curso de Engenharia da Computação da Uefs.
Em sua fala, Gean Santana agradeceu ao
convite para compor a mesa e afirmou que a capacidade intelectual do negro é questionada
cotidianamente nos espaços acadêmicos. Apesar do contexto opressor, registrou a
disposição para barrá-lo. “Dificilmente iremos encontrar um estudante negro que
não tenha tido sua capacidade intelectual questionada, ao longo de sua
trajetória. Quantos docentes negros (as) não são testados com relativa
frequência sobre o domínio do conteúdo abordado em sala de aula ou são
questionados em sua prática docente? Será que um branco sofre o mesmo questionamento
em sua prática? Quantas vezes alguém pergunta ao engenheiro negro onde está o
engenheiro? Ou quantas vezes pergunta ao
docente negro se o professor já chegou? Mas, estamos aqui para tentar subverter
tudo isso”, disse.
O diretor da Adufs apresentou dados de uma
pesquisa sobre a presença negra nas universidades brasileiras, que sinalizou
para uma maior presença desta população na graduação, após a adoção da política
de cotas nessas instituições. Ainda que tenha havido melhorias, são necessários
avanços, conforme pesquisa relatada por Santana. De acordo com a pesquisa, no
caso dos docentes, o número de professores negros na graduação de universidades
públicas não chega a 18% e, na pós-graduação, não passa de 8%. “Na pós, temos um
docente negro, para cada 11 brancos. Se considerado o recorte de gênero, a
situação é ainda mais grave. Nos cursos de graduação em engenharia, a proporção
é de 21 negros para 100 brancos. À medida que a titulação aumenta, a presença
dos negros diminui”, informou Gean Santana. A mesa sobre Representatividade Negra nas Engenharias aconteceu no dia 9 de
novembro.
Gean Santana (esquerda), diretor da Adufs, compôs a mesa do debate