Comunidade acadêmica defende unidade na luta em defesa da Uefs e da democracia

27/10/2022

Ouvir a matéria:

Proposta foi indicada em reunião ampliada entre trabalhadores e estudantes da Uefs

A unidade na luta em defesa da democracia, da Uefs e do Estado Democrático de Direito foi defendida veementemente pelos representantes dos servidores, discentes e da Administração Central, presentes à mesa da reunião ampliada da comunidade acadêmica. Realizado quinta-feira (26), no Canteiro Central da universidade, o encontro foi organizado em reação aos reincidentes episódios de violência cometidos contra a instituição por grupos de extrema-direita apoiadores do presidente da República. As agressões aconteceram após a diretoria da Adufs pendurar uma faixa no pórtico do campus com a mensagem Fora, Bolsonaro.

 

“No momento em que os apoiadores do governo Bolsonaro rasgaram e arrancaram faixas colocadas no pórtico e invadiram a Reitoria, coagindo uma servidora, já estava definido que ia ter luta! A universidade é um espaço democrático de debate, de pluralidade de ideias. A democracia foi conquistada com muita luta e deve ser respeitada! Não permitiremos retrocessos autoritários. Nosso entendimento é que esses ataques não cessarão com o resultado das eleições do próximo domingo. Portanto, estamos coletivizando a luta e ampliando a pauta”, bradou Elson Moura, diretor da Adufs, presente à mesa.

 

Além da articulação política, Elson Moura também falou das ações jurídicas adotadas pela diretoria da Adufs para responsabilizar criminalmente os envolvidos nos atos de violência na Uefs.

 

Falas dos presentes 

Também estiveram presentes à mesa da reunião ampliada da comunidade acadêmica, o secretário geral do Diretório Central dos Estudantes da Uefs (DCE), Yuri Caetano, o reitor da Uefs, Evandro do Nascimento, mais a diretora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau (Sintest), Daiana Alcântara. Ao final das falas de cada um deles, o espaço foi aberto à participação da plenária.

 

Yuri Caetano falou sobre os retrocessos impostos pelo desgoverno de Bolsonaro, criticou a incitação deste à violência e ressaltou que a retirada e corte das faixas na Uefs não agrediram somente a Adufs, mas a todas as universidades públicas. “Durante os últimos anos, os movimentos sociais, comunidades quilombolas, indígenas, periféricas e os filhos da classe trabalhadora vêm sendo vitimados e com ataques ligados à violência bélica. A maior expressão da nossa defesa e resposta é a organização. Não nos acovardamos. Não temos medo do autoritarismo dos bolsonaristas. O dia 30 será mais um momento para continuarmos nossa luta, pois ela se faz nas trincheiras do cotidiano. “Temos lado: o da defesa da universidade pública”, disse o estudante.

 

Em sua fala, Daiana Alcântara informou sobre a realização da assembleia do Sintest para a discussão da reunião ampliada, bem como para definir a participação da categoria nesta. A coordenadora também destacou a importância de unificar a luta em defesa da educação pública, atacada pelos governos Bolsonaro e Rui Costa. “Nós temos as nossas contradições, mas dentro delas a gente se fortalece e cresce. É nesse intuito, de garantir a nossa força na Uefs e a democracia, que a gente se une a essa luta. É muito mais do que dois candidatos disputando a eleição. Estamos aqui dizendo que é por este momento de poder falar, de poder dizer que estamos num espaço plural, diverso e democrático. O direito de dizer, ainda que a gente não concorde, é o que deve ser preservado”, disse a diretora do Sintest, acrescentando que "defendemos as eleições democráticas no dia 30 de outubro".

 

O reitor Evandro Nascimento fez uma análise histórica das lutas populares do país em defesa da classe trabalhadora e comparou o período atual no qual o país vive com a ditadura militar de 1964. Ao resgatar a história das sublevações da classe trabalhadora, registrou a participação das universidades públicas no processo de resistência e de redemocratização do Brasil. “Foram nesses momentos da década de 60 que houve a possibilidade de, através das lutas dos movimentos sociais e partidos políticos, refletir e reverberar as reivindicações desses grupos para que o Estado servisse ao interesse da classe trabalhadora. No plano das universidades, lutamos por democracia, orçamento, ampliação de políticas e eleição para a escolha de reitor. Mas, nos últimos oito anos, houve a ascensão de forças políticas da direita que apostaram no retrocesso para ampliar seu usufruto da estrutura do Estado, sobretudo o orçamento. Nesse momento político, as universidades precisam reafirmar que são um locus de debate e resistência e alertar a população sobre este quadro grave de ataques a direitos, da perda de conquistas e da possibilidade de termos a perda da liberdade de expressão. A luta de classes continua. Nesse momento, o importante é construir a unidade de todas as forças que estão dispostas a defender o Estado Democrático de Direito e a democracia, porque garantida a democracia. Se perdurar o autoritarismo das forças ultraconservadoras, estaremos num processo de muito mais dificuldades para travar as lutas mais profundas e significativas em defesa dos interesses da classe trabalhadora. A universidade precisa colocar isso claramente; e este encontro de hoje é mais uma etapa desse processo que não cessa”, analisou o gestor.

 

A reunião ampliada da comunidade acadêmica foi o pontapé inicial para criar, na Uefs, o comitê antifascista, em defesa da instituição e das liberdades democráticas. O grupo, aberto à participação de trabalhadores e estudantes da universidade, foi instituído ao final deste encontro. A primeira reunião deste para discutir os próximos passos da luta deve acontecer após as eleições.


Veja fotos da reunião ampliada no Facebook e no Instagram da Adufs.

 

Abaixo, leia as matérias sobre os episódios de violência envolvendo grupos de extrema-direita apoiadores do presidente Bolsonaro. 


https://www.adufsba.org.br/noticia/5169/comunicado-oficial--tentativa-de-intimidacao-com-retirada-de-faixa-fora-bolsonaro-sera-respondida-nas-ruas-e-nas-urnas


https://www.adufsba.org.br/noticia/5173/em-reacao-a-violencia-e-praticas-antidemocraticas-contra-a-uefs-docentes-estudantes-e-outras-entidades-fazem-mobilizacao


https://www.adufsba.org.br/noticia/5176/comunidade-academica-da-uefs-e-outras-entidades-reagem-aos-atos-de-violencia-e-ameacas-a-democracia-por-grupos-extremistas-de-direita-


https://www.adufsba.org.br/noticia/5200/apoiadores-do-governo-bolsonaro-enfrentam-forte-resistencia-ao-mobilizarem-se-no-portico-da-uefs


https://www.adufsba.org.br/noticia/5202/docentes-e-estudantes-definem-agenda-de-mobilizacao-em-defesa-da-democracia-e-da-uefs


https://www.adufsba.org.br/noticia/5207/reuniao-ampliada-discutira-a-construcao-de-um-comite-em-defesa-da-uefs-nesta-quarta--26-





Leia Também