Comunidade acadêmica da Uefs e outras entidades reagem aos atos de violência e ameaças à democracia por grupos extremistas de direita
14/10/2022
A semana iniciou dura na Uefs, exigindo
resposta urgente e firme aos atos de violência e ameaças feitos por pessoas
ligadas ao extremismo da direita do espectro político no país, por conta de uma
faixa estendida pela diretoria da Adufs no pórtico da universidade com a
insígnia Fora Bolsonaro. Os ataques
começaram na última sexta-feira (7) e incluíram até a presença de homens
armados na entrada do campus, que cortaram e retiraram parte desta faixa. Apesar
das intimidações, a diretoria da Associação reafirmou e ampliou a luta em
defesa da democracia e da liberdade de expressão.
Longe da disputa político-ideológica, a
atitude dos grupos da direita conservadora reforça o quanto há no país o risco
real à tão cara democracia brasileira, conquistada após brava luta e retirada
de milhares de vidas. Conforme se confirma na atual conjuntura, a violência e o
autoritarismo são práticas comuns aos apoiadores do governo fascista de Bolsonaro.
Grupos estes que coadunam com o racismo, LGBTQIAP+fobia, machismo, a banalização do uso de armas, política de
entrega das estatais ao capital privado, o desfinanciamento do setor público, a
retirada de direitos dos trabalhadores, a destruição das políticas sociais,
entre outros retrocessos.
A Uefs é um importante patrimônio do povo
brasileiro, responsável não somente por colaborar com a formação de cidadãos
profissionais e críticos, mas por atender ao conjunto da sociedade, nas
diversas áreas. Sua história foi forjada no anseio das diversas categorias de
trabalhadores e movimentos sociais de Feira de Santana, em luta pela redemocratização
do país, no final dos anos 60 e 70. Portanto, em nome deste bravo legado, defender
a universidade é também barrar o avanço desse movimento autoritário e que se
volta contra as liberdades democráticas. É preciso derrotar o governo
Bolsonaro! O enfrentamento ao governo precisa ser feito cotidianamente nas ruas e no
dia 30 de outubro, nas urnas, votando em Luís Inácio Lula da Silva para
presidente do Brasil, conforme decisão construída no 40º Congresso do ANDES-SN, realizado em março de 2022, e atualizada
no 65º Conad, ocorrido em julho do corrente ano.
Não faltaram apoiadores
O primeiro passo em defesa da Uefs já foi
dado pela comunidade acadêmica e por outras entidades que, logo após os atos de violência,
organizaram-se coletivamente para a discussão do problema e encaminharam ações
políticas, administrativas e jurídicas. Como parte das atividades, docentes e
discentes da universidade, além da coordenadora de Inclusão e Acessibilidade do
Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e
Tecnológica (Sinasefe), Luísa Senna, fizeram uma mobilização no pórtico da
universidade, na quinta-feira (13), reforçando o Fora, Bolsonaro. Duas novas faixas foram colocadas no pórtico, sendo
uma no acesso ao campus e outra na saída. A faixa rasgada permanece no local,
para que todos vejam como os grupos da extrema direita tratam as liberdades democráticas.
Cartazes, blusas, outdoor e adesivos com a insígnia Fora Bolsonaro também serão espalhados
por todo o campus. A Adufs recebeu apoio político de outras entidades, como o
Sintest/Uefs, a Aduneb e o ANDES-SN, que publicaram moção em solidariedade à
luta, denunciaram a violência praticada pelos grupos de direita e defenderam
eleições pacíficas. Na Câmara de Feira de Santana, o vereador Jhonatas Monteiro
(PSOL), durante sessão legislativa, rebateu os ataques, afirmou a legitimidade
da faixa e disse que ilegítima foi “a tentativa de arrancá-la, invocando
elementos que não possuem embasamentos jurídicos, tampouco constitucionais”.
O reitor da Uefs, Evandro do Nascimento, em
entrevista à imprensa, rebateu as críticas dos grupos de extrema direita e
explicou que o manifesto tem natureza sindical e não possui relação com
propaganda eleitoral. A diretoria da
Adufs também concedeu entrevista à imprensa detalhando que segundo uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a manifestação obedece ao livre exercício da liberdade de expressão e pensamento; entendimento já expresso em 2018. Os diretores da Associação também reafirmaram a disposição da categoria para o enfrentamento.
Cronologia dos ataques
A ação dos grupos extremistas de direita começou
na noite do dia 7 deste mês, quando duas mulheres ligadas à movimentos
conservadores da cidade gravaram um vídeo criticando a faixa da Adufs e
alegando que tomariam providências. Na manhã da última segunda-feira (10), um
vereador (MDB) esteve no pórtico protestando contra a permanência do mesmo
material na entrada da universidade. No momento da gravação do edil, uma
docente da Uefs, num ato de grande coragem, dirigiu-se sozinha para a frente da
faixa a fim de reforçar a luta, dizendo: "Fora, Bolsonaro". Numa atitude desrespeitosa,
o vereador chamou a servidora de descontrolada. Uma das armas do machismo para
impor a figura do homem é a desqualificação e diminuição da mulher.
Como se não bastasse, ainda na última segunda
(10), à noite, homens armados, conforme informação dos vigilantes que estavam
de plantão na Uefs, rasgaram e retiraram parcialmente a faixa pelo Fora, Bolsonaro.
Leia matéria na qual a diretoria da Adufs relata a necessidade de derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas.
Leia a matéria publicada pela diretoria da Adufs denunciando a intimidação.
Leia a matéria sobre a mobilização no pórtico.