Em luta por condições dignas de trabalho e estudo, diretoria da Adufs defende diálogo sobre o restaurante universitário
23/09/2022
O histórico de lutas do movimento docente da
Uefs revela que já na sua instituição, a Adufs é fundamentada na reivindicação
por condições dignas de trabalho e estudo nas universidades estaduais baianas. Tais
condições perpassam por elementos diversos, envolvendo garantia de alimentação adequada,
ventilação e iluminação dos espaços físicos, salários dignos, respeito aos direitos trabalhistas, políticas de assistência e permanência estudantil, entre
outros. Conquistas que são alcançadas com menor dificuldade com cada categoria
que compõe a comunidade acadêmica forte e unida para reverter a política dos
governos de sucateamento da educação pública superior. Nessa perspectiva, o
impasse atualmente envolvendo o novo restaurante da instituição, cuja obra está em andamento, abre brechas para
o avanço das investidas governistas.
Em se tratando do local para as refeições na
Uefs, a falta de espaço físico adequado para atender, a contento, estudantes e
trabalhadoras (es) tem imposto a estas (es) situações desconfortáveis e
onerosas. Muitas (os) são forçadas (os) a retornarem às suas casas, quer seja
através do carro particular, quer seja através do veículo disponibilizado pela
Administração Central da Uefs ou transporte público. Outras (os) recorrem às
cantinas da universidade ou caminham sob forte sol ou chuva em direção aos
restaurantes próximos à instituição. Trabalhadoras (es) e estudantes da
universidade reclamam, de forma recorrente, da qualidade dos alimentos e dos
altos preços cobrados pelos comerciantes destes locais. Outra parte leva refeição
da própria residência ao trabalho, alimentando-se em ambientes improvisados.
Restaurante para todas (os)
Atualmente, a Uefs conta com o Restaurante
Universitário (RU). Apesar da importância e contribuição para a Política de
Assistência e Permanência Estudantil, a unidade tem limitações em atender,
inclusive, a demanda das (os) discentes. O subsídio integral não atende a todas (os) que
necessitam. Além disso, a categoria enfrenta longas filas para comer,
principalmente no horário do almoço. Por conta do demasiado
tempo de espera, é comum as (os) alunas (os) saírem mais cedo das salas de aula,
pela manhã, com o intuito de garantir a alimentação, ou chegarem atrasadas (os),
à tarde.
Para a maioria das (os) discentes, mesmo sob
condições adversas, não há alternativa diante da incapacidade financeira em
garantir as refeições em outros espaços. Alguns também alegam má qualidade dos
alimentos fornecidos no local. Atualmente, o RU passa por ampliação.
Construção de novo restaurante no campus
Em reunião ocorrida em junho de 2017, a
Administração Central da Uefs apresentou o projeto para a construção de um restaurante,
custeado com recursos próprios da universidade. A diretoria da Adufs, que
sempre defendeu uma estrutura no campus que oferecesse refeições dignas e a
preços justos, esteve presente ao encontro. À época, conforme divulgado pelo
sindicato, a proposta estava em fase de elaboração da planta baixa, com
previsão de inauguração no segundo semestre de 2019 e capacidade para 100
pessoas sentadas.
Hoje, após três anos de atraso na entrega, a
obra não foi concluída. Segundo a Unidade de Infraestrutura e Serviços da Uefs
(Uninfra), a demora da Superintendência de Patrimônio do Estado (Supat) em
iniciar o processo de licitação arrastou a conclusão do equipamento. A obra do
novo restaurante, que funcionará no CAU 3, começou neste ano.
Justificativas do governo à parte, o fato é
que tanto a estrutura e o atendimento limitados do RU, quanto o atraso na
entrega do novo restaurante são consequências imediatas da política do governo
estadual de estrangulamento orçamentário das universidades estaduais da Bahia,
principalmente a partir de 2015, primeiro ano do mandato do governador Rui
Costa. Sem recursos financeiros suficientes, as instituições públicas
de ensino superior do Estado ficam impossibilitadas de cumprir com sua função
social e de manter, de forma efetiva, a permanência estudantil e o pleno
desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Impasse
Diante do impasse que atualmente envolve, de
um lado, a decisão do Conselho de Entidades de Base (CEB) das (os) discentes de
paralisar as obras do novo restaurante e, de outro, a decisão da assembleia dos
técnico-administrativos reafirmando a
importância da construção do espaço, a diretoria da Adufs defende o
diálogo permanente. Coloca-se, inclusive, à disposição para uma conversa
fraterna e respeitosa com as diretorias do Diretório Central dos Estudantes
(DCE) e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (Sintest),
a fim de construir uma alternativa coletiva para a superação deste problema. A
segmentação da luta enfraquece as reivindicações das categorias, ao passo que fortalece
a intenção do governo em, através da divisão do movimento, minar o enfrentamento
às suas nefastas políticas.