Adufs se solidariza com greve das trabalhadoras e trabalhadores da limpeza e jardinagem da UEFS por falta de salários

13/09/2022

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Trabalhadoras e trabalhadores da limpeza e jardinagem estão com as atividades paralisadas desde segunda-feira (12), na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), por falta de pagamento dos salários deste mês.  Tanto a empresa Prime, contratante das (dos) trabalhadoras (es) da limpeza, quanto a empresa Tecplaj, contratante dos trabalhadores da jardinagem, não efetuaram o pagamento dos salários até o 5º dia útil desse mês, gerando mobilização das (dos) funcionárias (os) que decidiram pela greve por tempo indeterminado até que as pendências sejam sanadas.


As dificuldades enfrentadas pelas (os) trabalhadoras (es) terceirizadas (os) diante do processo de precarização das condições trabalhistas é uma constante, mas a situação das empresas são diferentes neste momento.  A Tecplaj, responsável pela equipe de jardinagem, há algum tempo demonstra dificuldade em fazer os pagamentos no prazo, e solicitou da Administração Central, neste mês, o pagamento direto dos trabalhadores, alegando falta de recursos. A Unidade de Infraestrutura e Serviços (Uninfra), através de Nadja Ribeiro, informou, no entanto, que a empresa atrasou no envio da documentação necessária para este fim, o que fez com que o pagamento também fosse atrasado. Apesar disso, a Uninfra tem agilizado todo o processo para que os salários sejam pagos o mais rápido possível e as atividades possam ser retomadas, com menores prejuízos aos trabalhadores e demais componentes da comunidade acadêmica. O desgaste com a empresa Tecplaj já ocorre há algum tempo, explicou Nadja Ribeiro, o que denota a falta de condições para a empresa dar continuidade à prestação de serviços, por isso, a Administração Central está encaminhando a rescisão do contrato para contratação de uma nova empresa. Com o processo de pagamento direto em andamento, a estimativa é que entre 48 e 72 horas, em decorrência dos trâmites burocráticos, os salários de todos os funcionários da jardinagem sejam pagos.

Já a situação em relação às (aos) trabalhadoras (es) da limpeza foi vista com surpresa pela Administração, já que em cerca de quatro anos de serviços prestados, a empresa Prime não vinha apresentando irregularidades nos pagamentos. Sem a comunicação prévia de problemas financeiros, a Uninfra só tomou conhecimento da ausência de pagamento na última quinta-feira (08), notificando a empresa. Com a informação sobre a paralisação das atividades nesta segunda (12), a Administração Central informou que não existe pendências com a Prime. Em contato com as (os) trabalhadoras (es), a empresa afirmou estar passando por problemas financeiros e pediu o retorno às atividades com a promessa de fazer o pagamento em até 48 horas que serão completadas nesta quarta (14).

Apesar disso, a categoria se nega retomar os trabalhos antes de ter a garantia do pagamento, isso porque a insatisfação já vem há algum tempo com parcelamento do vale-refeição, que está sendo dividido em duas parcelas, atraso no pagamento das férias e, agora, com a falta do salário. Muitas (os) delas (es) alegam estar enfrentando dificuldades para conseguir se alimentar e pagar despesas básicas.

O presidente do Sindicato de Limpeza Pública e Terceirizados de Feira de Santana e Região (Sintralp), Rosalvo Ferreira, que representa a categoria informou que a greve continua até que as pendências sejam sanadas, já que trabalhadoras e trabalhadores vêm sendo tratados com descaso pela empresa Prime. Segundo Rosalvo Ferreira, a responsável pela Prime havia informado anteriormente que não teria feito o pagamento porque a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) tinha débitos com a empresa, o que foi desmentido pela universidade na presença das (dos) trabalhadoras (es), aumentando a indignação da categoria.

Além disso, o presidente da Sintralp reforça que são muitas as dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras e trabalhadores para dar continuidade aos serviços quando as condições de trabalham se precarizam cada dia mais com o atraso do pagamento e parcelamento dos débitos, num cenário que já é de alta de preços e dificuldades de manutenção do consumo de itens básicos. “Ontem mesmo um trabalhador passou mal aqui na frente de todos nós contando a sua situação, com fome, sem dinheiro para pagar conta, aluguel atrasado”, relatou.

Outra insatisfação colocada por Rosalvo Ferreira, que preocupa as trabalhadoras e os trabalhadores da limpeza, diz respeito ao plano de saúde oferecido pela empresa. Segundo ele, o plano não é aceito na maioria das clínicas de Feira de Santana, o que faz com que a categoria pague sem usufruir do serviço, aumentando os prejuízos. Diante da situação, para ele não há outra alternativa a não ser manter a greve até que a empresa cumpra minimamente com as suas obrigações, garantindo os salários nas contas das (dos)  trabalhadoras (es).

A Administração Central, através da Uninfra, informou que está acompanhando a situação e pressionando para que a empresa cumpra com o acordo para pagamento até está quarta-feira (14), para que as atividades sejam retomadas.

O processo de terceirização que retira direitos da classe trabalhadora tem sido um prejuízo constante na continuidade dos serviços à universidade. A terceirização submete a classe trabalhadora a condições cada vez mais perversas de falta de segurança, redução de benefícios e regras flexíveis que favorecem somente ao empresariado, como por exemplo, o aumento do período para tempos de serviços temporários. Embora haja a exigência de capital mínimo compatível com o número de funcionárias (os) e capacidade de cobertura dos pagamentos em até 3 meses, mesmo que não haja cobertura do Estado, as empresas apresentam a documentação no ato da licitação, mas de forma recorrente descumprem o acordo no meio do contrato, penalizando as (os) trabalhadoras (es). À instituição, resta a rescisão e nova contratação, mas isso não ocorre sem acumular prejuízos para a prestação de serviços e as (os) trabalhadoras (es) envolvidas (os).

A Adufs se solidariza com as trabalhadoras e os trabalhadores pela falta de cumprimento de seus direitos trabalhistas e se coloca à disposição para ampliar a pressão sobre as (os) responsáveis para que os prejuízos sejam minimizados às categorias. Seguimos na luta em defesa de um projeto de poder que leve em consideração o bem-estar e condições dignas de sobrevivência para a classe trabalhadora.

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