Manifestantes protestam contra Bolsonaro durante passagem do presidente em Feira de Santana
05/07/2022
Sob o pretexto de assinar
uma ordem de serviço para liberação de uma obra que pretende ligar o rodoanel a
quatro BRs da região, o presidente Jair Bolsonaro esteve em Feira de Santana na
última sexta (1º), onde foi recebido por apoiadores/as com uma motociata
que passou por alguns trechos do município. Com palanque armado, ironicamente,
em frente à uma universidade pública, após os escândalos sucessivos que vêm desmoralizando
o Ministério da Educação na gestão do governo Bolsonaro, a festa bolsonarista
não ocorreu sem ouvir o recado de professores/as, servidores/as técnicos/as,
estudantes e população em geral que se concentraram em frente ao pórtico da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Apesar da mobilização ter
ocorrido às pressas, em decorrência da liberação tardia da agenda presencial, o
repúdio daqueles/as que são contrários/as às políticas fascistas e entreguistas
do governo Bolsonaro foi expresso já na entrada da universidade com a faixa
estendida pela diretoria da Adufs que enfatizava o total desprezo pelo
presidente e sua corja: FORA BOLSONARO!
Em entrevista concedida
durante o ato, o diretor da Adufs e professor da UEFS, Elson Moura, enfatizou a
importância da manifestação como um ato de resistência, lembrando as políticas
de sucateamento das universidades públicas que vem sendo intensificadas pelo
governo Bolsonaro com recorrentes cortes orçamentários que comprometem o ensino,
pesquisa e extensão: “Estamos numa universidade, no ensino superior, e
Bolsonaro, com seus sucessivos ministros da Educação, cada um derrubado por
algum caso de corrupção, vem, nos últimos quatro anos, rebaixando o orçamento
do Ensino Superior, rebaixando o orçamento da ciência e tecnologia, ou seja,
realizando ataques às instituições públicas de ensino superior, também por isso
estamos aqui”, afirmou. Além disso, o professor resgatou a condução desastrosa
do presidente negacionista que não apenas ajudou a ampliar significativamente o
número de mortes no combate ao coronavírus, mas também contribuiu para a volta
do Brasil ao mapa da fome com mais de 33 milhões de pessoas passando fome todos
os dias, fazendo o país regredir ao patamar de miséria de 30 anos atrás.
Para Elson Moura, se até
o direito fundamental à vida não é respeitado pela principal liderança nacional,
não resta outra alternativa para os movimentos organizados que não seja
mobilização pela saída do presidente seguida de intensas lutas e protestos que
devem continuar nas ruas pelo fim do bolsonarismo.
As últimas denúncias de
assédio moral e sexual que culminaram na saída do presidente da Caixa Econômica
Federal, Pedro Guimarães, resumem em parte o modus operandi instalado
pelo Bolsonaro na sua gestão por meio de declarações misóginas, machistas,
homofóbicas, racistas, entre outras formas de descriminação, que impõem um
caráter autoritário e fascista de gestão. A tentativa de naturalizar tais
práticas abriu espaço para que os seus/suas gestores/as se sintam
autorizados/as a agir de forma criminosa diante dos/das trabalhadores/as. Esta
é uma percepção não apenas nas instituições, mas em parte da população. Exemplo
disso são as manifestações de ódio deliberadas nas mídias sociais dirigidas,
principalmente, às minorias, tendo as mulheres, cis, trans ou travestis, como
alvo principal, a partir das recorrentes manifestações deslegitimadoras dos
direitos das mulheres. O conservadorismo preconceituoso do presidente se
estende aos representantes nomeados/as por ele que o reconhecem como
referência.
A urgência pela queda de
Bolsonaro não se dá apenas no campo político-eleitoral, mesmo que este seja um
espaço determinante para o início da derrocada do bolsonarismo. É fundamental
que as correntes fascistas que reproduzem a violência em suas mais diversas
formas sejam constrangidas ideologicamente e criminalmente, para a garantia da
justiça indiscriminada e da preservação dos direitos democráticos por meio do
asseguramento dos direitos individuais e/ou coletivos.