Violência da guarda municipal feirense contra trabalhadores/as em Educação completa dois meses sem punições

31/05/2022

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Nesta terça, 31 de maio de 2022, completam-se dois meses após a barbárie que tomou conta da Prefeitura Municipal de Feira de Santana com a violência da Guarda Municipal contra trabalhadores e trabalhadoras da Educação, profissionais da imprensa e parlamentares. As cenas de  terror que invadiram a noite e foram reiniciadas no dia seguinte, 1º de abril, repercutiram em todo o país diante da brutalidade da ação da Guarda voltada, principalmente, para mulheres que são a maioria de docentes do município que, naquele momento, estavam em greve e ocupavam a prefeitura.

 

Para os/as que acreditam em coincidência, por acaso, naquele mesmo 31 de março lembrávamos com luta e resistência os 58 anos de um dos períodos mais cruéis da história brasileira: a ditadura militar. Para os que acompanham minimamente os desdobramentos políticos, principalmente, pós-Golpe de 2016, não resta dúvida: os episódios protagonizados pelo prefeito Colbert Martins, a secretária de Educação, Anaci Paim,  e a Guarda Municipal, representam o autoritarismo em curso, altamente incentivado pelo presidente da república; a violência desmedida utilizada pelos/as agentes de segurança é a mesma característica da polícia militar baiana, autorizada publicamente e com frequência pelo governador do Estado, Rui Costa – lembramos aqui que a Guarda Municipal foi “militarizada” em 2014, por lei federal do governo Dilma Rousseff; além disso, a falta de diálogo para negociar uma ocupação legítima de trabalhadores/as é a mesma sendo desempenhada no âmbito estadual e municipal, através da tirania de gestores que demonstram total inabilidade para o diálogo, principalmente, quando se trata de docentes. O governo Rui Costa, não negocia com docentes das universidades estaduais desde 2019 quando rompeu unilateralmente as mesas de negociações. Onde falta diálogo, sobram violências em vários níveis. Em resumo, não existem coincidências; o que há é um projeto político tirano em curso que se inicia com a tentativa de deslegitimar os movimentos sindicais para subtração total dos direitos da classe trabalhadora.

 

Não fosse o bastante as agressões contra uma maioria de mulheres trabalhadoras, por meio de gás de pimenta e cassetetes, um assessor parlamentar do vereador Jhonatas Monteiro, Rafael Moreira, foi brutalmente espancado e impedido de ter acesso à sua advogada. A ocupação chegou ao fim para que o assessor pudesse ter seus direitos respeitados e atendimento médico diante dos ferimentos que apresentava. O próprio parlamentar foi covardemente atingido; teve ferimentos pelo corpo e um dente quebrado.

 

Com os ataques aos trabalhadores e trabalhadoras, somadas às ameaças de morte sofridas posteriormente pelo próprio Jhonatas Monteiro e profissionais de imprensa que estiveram presentes, a pergunta continua ecoando: Quem mandou a Guarda Municipal atacar trabalhadores e trabalhadoras em Feira de Santana? Como caminham as investigações? Os sucessivos crimes que se sucederam nos dias 31 de março e 1º de abril não podem ficar impunes. A diretoria da Adufs agiu ainda durante os acontecimentos com apoio logístico para levar apoiadores/as para a frente da prefeitura;  lançou nota de repúdio e, na plenária da Câmara de Vereadores, posteriormente,  enfatizou sua indignação com os fatos ocorridos, exigindo apuração célere para identificação e punição dos responsáveis.

 

Diante da escalada brutal de violência que varre o país contra a classe trabalhadora, principalmente, pobres, negros/as, indígenas, ciganos/as e a população lgbtqia+; crimes como este não podem ficar impunes. A nova estética da câmara de gás nazista que ressurge através do gás de pimenta no rosto dos/das manifestantes ou por meio de uma improvisada câmara de gás no fundo um camburão da polícia matando “Genivaldos” Brasil a dentro. Este não pode ser o único fim possível para as minorias e a classe trabalhadora deste país. Por isso, seguimos na luta, exigindo respostas, justiça e democracia para todos/as aqueles/as que cotidianamente são vítimas das forças militarizadas e ultrajantemente violentas que, com legitimação das autoridades federais, estaduais e municipais, seguem destruindo vidas.

 

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