Com Bolsonaro, salário mínimo perde poder de compra pela primeira vez em 28 anos
10/05/2022
Com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro
da Economia, Paulo Guedes, o salário mínimo do Brasil perdeu o poder de compra
pela primeira vez, desde a implementação do Plano Real, em 1994. Bolsonaro vai
terminar o mandato, em dezembro de 2022, como o primeiro presidente a deixar o
salário mínimo valendo menos do que quando entrou. De acordo com o relatório da
empresa corretora Tullett Prebon Brasil, a perda será de 1,7% até o final do
ano, caso a inflação não acelere mais do que o previsto pelo mercado no Boletim
Focus, do Banco Central, base das projeções da corretora. A perda
percentual significa uma queda no salário mínimo de R$ 1.213,84 para R$
1.193,37 entre dezembro de 2018 a dezembro de 2022, descontada a inflação.
Conforme o documento, dois fatores explicam a perda
inédita. Um deles é o ajuste fiscal, pelo peso do salário mínimo na indexação
do Orçamento da União, ou seja, reajustes no piso têm impacto em uma gama de
outras despesas, como benefícios sociais e gastos com Previdência. O segundo é
a aceleração da inflação. A avaliação é de que a reposição da inflação passada,
que o governo Bolsonaro vem promovendo, não garante a preservação total do
poder de compra do salário mínimo diante do aumento dos preços cada vez maior
de um ano para o outro. Há três anos, não há reajuste do mínimo acima da
inflação.
Até 2019, a política de reajuste do salário mínimo,
aprovada em lei, previa uma correção pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), mais a variação do PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país.
Após virar lei, esse modelo vigorou por oito anos. O Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calculou que o valor do
salário mínimo brasileiro ideal em abril, para suprir todas as despesas de uma
família com quatro pessoas, deveria ser de R$ 6.754,33, o que equivale a
mais de cinco vezes ao atual de R$ 1.212,00. O Dieese calcula o valor com base
em despesas com saúde, moradia, transporte, educação, alimentação,
higiene, lazer, vestuário e previdência.
Fonte: ANDES-SN, com edição.