Título emérito é reconhecimento justo e necessário à contribuição do professor Elói Barreto à universidade e aos movimentos sociais democráticos
04/05/2022
Elói Barreto, primeiro presidente da Adufs eleito por meio do voto
Na última quinta, 28, o professor da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Elói Barreto de Jesus, recebeu
o título de professor emérito da universidade. Respeitado por toda a comunidade
acadêmica, o professor Elói é um dos fundadores da universidade e da Associação
dos Docentes da UEFS (Adufs), sindicato no qual foi o primeiro presidente
eleito por meio do voto. A defesa da democracia é uma marca indelével na história
do professor que, dentro e fora da universidade, enfrentou a repressão do
regime militar e nunca deixou de lutar pela preservação dos direitos
democráticos, através do movimento docente e de outros movimentos sociais.
Repleta de emoção, a cerimônia reuniu representantes de
toda a comunidade acadêmica, movimentos sociais, parlamentares e população em
geral que admiram a trajetória do professor Elói. O professor da UEFS, ex-Reitor
por duas gestões, e diretor da Adufs, José Carlos Barreto de Santana, esteve na
cerimônia e falou sobre a importância do reconhecimento do professor Elói como
base para a construção da UEFS: “No princípio... Elói já estava lá! Não no
sentido meramente formal, mas como sujeito pensante, inteligência questionadora
e dialógica, educador comprometido com um sentido histórico emancipador. Estava
lá, da mesma forma como sempre esteve aqui, como boa e incontornável
referência, durante toda a sua vida acadêmica. No princípio... Elói já estava
lá! A história da UEFS não pode ser contada sem ele”, afirmou o ex-Reitor.
O professor José Carlos lembrou ainda de como
o professor Elói nunca esteve isolado no movimento docente e na universidade:
“Fora da universidade Elói jamais rompeu seus laços com o movimento popular. É
uma dimensão especial de sua trajetória cujo mérito não é fácil de aquilatar em
termos acadêmicos tradicionais. Contudo foram mais de 40 anos dedicados à
educação popular, um caminho iniciado ainda no escuro da ditadura militar e que
levou Elói aos quatro cantos da Bahia e do Brasil, ao encontro de grupos
organizados que ele ajudava a refletir sobre suas lutas”, disse.
Para o professor André Uzêda, que o conhece desde o
primeiro dia que esteve na universidade enquanto professor, relata como a
experiência do professor Elói contribuiu na sua formação: “Em 1989, cheguei na
Uefs, como um jovem professor, de apenas 26 anos e encontrei o professor Elói
Barreto já como professor experiente sobre o fazer universidade; com titulação
e publicações sobre a universidade pública, gratuita de qualidade, como também
sobre o papel da ciência e da vida acadêmica”, afirmou o professor Uzêda que
complementa: “Muito culto, bem informado, experiente sobre o papel da universidade,
firme nas posições e muito ético. Além de excelente orador, o professor era
assíduo e muito participativo nesses espaços. Era difícil falar depois dele,
seja nas reuniões de departamento, nas assembleias da Adufs ou em espaços
diversos da universidade, seja entre os colegas professores (as), entre
servidores técnicos e com certeza, muito requisitado entre os estudantes e suas
entidades”.
Para Uzêda, o professor Elói é um incansável na luta pela
educação pública, sempre na vanguarda da crítica dos rumos que as universidades
brasileiras, sobretudo as baianas, vêm seguindo, impulsionadas pelo
aprofundamento do processo de precarização: “Lembro claramente nas suas falas
[no período que antecedeu sua aposentadoria], o embate contra o produtivismo
acadêmico, contado, medido metricamente; a “numerolatria” na contagem de
artigos e “produtos” ou mercadorias acadêmicas, que quase isoladamente
antecipou a ocorrência”, relatou o professor André Uzêda.
A diretora da Adufs, professora Acácia Batista, é mais
uma docente que reconhece a contribuição ímpar do professor Elói também para o
sindicato: A percepção declarada do professor Elói, de que a ADUFS é uma
instituição sempre em construção, nos define enquanto movimento que, junto a ele,
aprendeu a identificar no ato de plantar e colher, uma forma de manter a luta
viva e em constante renovação, sem abandonar os nossos ideais. Se para Elói
Barreto é impossível imaginar a UEFS sem a ADUFS, para nós, é impossível
imaginar o conceito de universidade pública, autônoma e democrática sem a
existência de personalidades como a dele que, além de lutar continuamente pela
construção dos espaços de saber, têm a generosidade de compartilhar da sua
coragem para que possamos continuar crendo, não sem lutar, na educação pública
e nas pessoas que a constroem”, conclui a professora Acácia.
Veja fotos da cerimônia.