Comunidade escolar reivindica assistência da UEFS para retomar atividades no CEB com aulas suspensas por falta de profissionais de limpeza do município
12/04/2022
Na manhã desta terça (12),
professores/as do Centro de Educação Básica-Creche (CEB/Creche), pais e mães
realizaram uma mobilização em frente à reitoria da Universidade Estadual de
Feira de Santana (UEFS) para reivindicar a ampliação do quadro de funcionários
da escola que neste momento é insuficiente para o retorno das atividades no
núcleo do Centro Social Urbano (CSU) e da UEFS, principalmente, pelo fato de
não contar com número suficiente de funcionários/as na área de serviços gerais.
Uma comissão de mães e pais foi formada para dialogar com a Reitoria
solicitando apoio da universidade para que as aulas sejam retomadas.
Segundo a diretora do
CEB, Erika Medeiros, com a suspensão da greve do município, os professores e
professoras estão na escola, mas não existe condição de dar início às atividades
porque o quadro conta com apenas uma funcionária no quadro da limpeza.
Atualmente, o convênio entre UEFS e prefeitura municipal, determina a
contratação de uma funcionária pela universidade, que está trabalhando, e
dois/duas pelo município, no entanto, a prefeitura de Feira de Santana não
direcionou os/as profissionais. “A solicitação já foi encaminhada desde
novembro do ano passado, o ofício foi refeito no início do ano letivo e dissemos
em reunião que a gente não tinha condições de funcionar sem que chegasse essa
equipe”, afirmou a diretora.
O problema principal que
resulta na suspensão das atividades neste momento é a falta de funcionários/as
para a limpeza das salas, mas a falta de professores também é uma situação
enfrentada pelo CEB, explica Erika Medeiros: “Estamos com déficit de dois
professores de Língua Portuguesa para o turno matutino do Fundamental II
e dos professores que fariam reserva para o Infantil. Sem o apoio desses
professores da reserva, o professor não tem condições de sair da sala de aula
para planejar, para elaborar atividades, sem essa reserva ficamos extremamente prejudicados”.
A professora Erika explica que é mãe, sua filha é estudante da
escola, ela compreende a necessidade e importância da volta às aulas, mas não
vê condições para o retorno sem a equipe.
Para a pedagoga e
professora do CEB, Grazielle Miranda, a situação está agravada desde o
início do ensino remoto já que o município não ofereceu condições para as/os
docentes realizarem as atividades: “Muitas famílias não conseguiram acessar as
atividades, porque o acesso à tecnologia não é democrático. Mesmo professoras
sofreram com a falta de acesso, porque se ilude quem pensa que professor tem um
status de vida que é capaz de bancar tudo. A gente tem que considerar que o
cenário da Educação Básica de Feira de Santana é majoritariamente feminino e
muitas são arrimos de família; então o salário que já estava cortado por causa
da atitude do governo diante da pandemia, fez com que as coisas piorassem”,
afirmou ela, que destacou ainda a sobrecarga de trabalho, problemas emocionais,
a necessidade de aprendizado de novas ferramentas, são fatores que
contribuíram significativamente para o aumento da precarização
das condições de trabalho.
Para piorar, a reserva de
carga horária prevista na Lei 11.738/2008, que consiste em 26 horas em sala e
14 horas para Atividade Complementar (AC), planejamento de atividades,
individual e coletivo, para docentes com
carga horária de 40 horas semanais, e para os docentes com carga horária de 20 horas
semanais são 13 horas em sala de aula e 7 horas para planejamento e AC: “Quando
a gente lida com a reserva de carga horária que virou lei no município e a
gente não tem um quadro suficiente para tirar a reserva, em que momento planejamos?
À noite, a gente planeja nos finais de semana. Para quem estuda como eu, que
estou fazendo mestrado, o planejamento só acontece de madrugada”,
afirma a pedagoga que destaca ainda a importância da mobilização. “Essas mobilizações se fazem necessárias
porque a gente aguentou durante todo este processo, principalmente, nos últimos
anos, aguentamos sozinhas, segurando as pontas, para garantir as crianças, mas
esquecemos de garantir a nós mesmas [...] A gente precisa lutar para garantir
que a escola pública funcione com qualidade e de forma linear, sem interrupções”,
enfatizou a professora.
Resultado da Mobilização
Em contato com a
Secretaria de Educação de Feira de Santana, enquanto acontecia a reunião
da Comissão de Mães e Pais com a Reitoria, a diretora Erika foi informada de
que a secretaria da Educação do município disponibilizou uma funcionária para
fazer a limpeza de uma das sedes do CEB. Já a Reitoria afirmou que não há
funcionários/as disponíveis no quadro, mas em caráter de excepcionalidade,
poderá até amanhã responder sobre um possível remanejamento para alocação de
um/uma funcionário/a para a escola. Se for confirmada a disponibilidade do/a
profissional, as aulas poderão retornar ainda esta semana.
Como explica a diretora
do CEB, esta não é a situação ideal, tendo em vista que são necessários quatro
profissionais para suprir a demanda, porém, com duas já é possível fazer
adaptações na equipe para que as aulas sejam retomadas diminuindo os prejuízos
para as crianças, famílias e profissionais da Educação.
É importante lembrar que
a situação do CEB se repete em diversas unidades do município que se encontram
com quadro deficitário de profissionais. Sem novas contratações, o processo
constante de remanejamento de funcionários/as acaba por somente transferir o
problema ao invés de resolvê-lo. Esta também era uma reivindicação dos
trabalhadores e trabalhadoras em Educação que ocuparam a prefeitura municipal e
foram brutalmente agredidos/as pela Guarda Municipal. A
greve dos professores e professoras do município foi suspensa por ter sido
declarada como ilegal pela justiça.