Professores da rede municipal desocupam a Prefeitura, mas greve continua
01/04/2022
Os
professores da rede pública municipal de Feira de Santana desocuparam a
Prefeitura na tarde desta sexta-feira (1º). Durante os dois dias da
mobilização, a categoria enfrentou a truculência do governo Colbert Martins. Além
de suspender o fornecimento de água e luz, proibir a entrada de comida, medicamentos
e água, o governo utilizou-se da Guarda Municipal, que agrediu violentamente com
spray de pimenta, pontapés e socos professores, vereadores e profissionais da
imprensa. Um dos representantes do legislativo teve um dente quebrado e um
assessor foi algemado e mantido isolado, sem informações sobre seu estado de
saúde. Apesar da suspensão da atividade na Prefeitura, a greve continua. A
categoria estará reunida em assembleia às 9h da próxima segunda-feira (4) e
continuará reivindicando reunião com a secretária da Educação, Anaci Paim.
Imagens da violência circularam na imprensa de toda a Bahia
Foto: Ascom APLB
Utilizando-se de
variados meios para desgastar o movimento e inviabilizar a ocupação, a
Prefeitura deu entrada em uma ação na Justiça. O juiz da 2ª Vara da Fazenda
Pública de Feira de Santana, Nunisvaldo dos Santos, autorizou, por meio de
liminar, a requisição da força
policial para garantir o desbloqueio dos prédios da Prefeitura Municipal e suas
imediações. O pedido de liminar tem como réus o presidente da Câmara de
Vereadores, Fernando Dantas Torres, a diretora da APLB Feira, Marlede
Oliveira Dias, o vereador Jonathas Monteiro, o chefe de comunicação da Câmara
Municipal, Marcos Valentin Melo, e a Delegacia Sindical Sertaneja (APLB
Sindicato).
Apoio
Desde
quinta-feira (31), quando foi deflagrada a greve e ocorreu a ocupação da
Prefeitura, a diretoria da Adufs e alguns professores da Uefs acompanham a
mobilização. Além de comparecerem ao Paço Municipal, também foram à vigília
desta manhã (1º), endossada também por estudantes da universidade. Solidária à
luta e em repúdio à violência praticada pelo governo municipal, a diretoria
disponibilizou um ônibus nos turnos matutino e vespertino para o transporte de
quem quisesse ir ao local somar-se aos professores. Os diretores também lançaram
uma nota e divulgaram uma moção aprovada no 40º Congresso do
ANDES-SN. Os documentos foram entregues aos vereadores, partidos
políticos, imprensa e entidades presentes à Prefeitura, nesta sexta (1º).
Mães
e pais de alunos matriculados na rede municipal de Feira de Santana presentes à
vigília seguraram cartazes pedindo
respeito aos professores e criticando a violência do governo Colbert Martins
para intimidar uma reivindicação que não tem capacidade para lidar através do
diálogo, com a apresentação de propostas.
Antony
Araújo, estudante do curso de Engenharia da Computação da Uefs, não só fez
questão de participar da atividade convocada pela categoria para esta sexta
(1º), em frente à frente da Prefeitura, como também reuniu discentes de
diversos cursos da instituição para somar-se à luta. “A solidariedade de classe
é muito importante, principalmente neste momento no qual a categoria em luta
pela melhoria da qualidade da educação enfrenta graves ameaças do governo. Apesar
de a pauta pertencer a professores do município, também nos toca porque a
universidade está inserida dentro da cidade”, disse o aluno.
Os trabalhadores em
educação da rede municipal decretaram greve em assembleia realizada no dia 31
de março. A categoria reivindica o pagamento dos 60% dos Precatórios do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (Fundef),
reajuste salarial de 33,23%, alteração de carga horária de 20 horas para 40
horas, reformulação do Plano de Carreira, Licença Prêmio e Pecúnia, mudança de referência
e pagamento integral dos salários. Além disso, o sindicato da categoria também
denuncia a falta, nas unidades de ensino, de professores, funcionários, merenda
escolar e materiais.