Festa da Adufs reúne a categoria em mais um dia memorável
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Reconhecendo a soberania da Assembleia realizada no último dia 24 de
fevereiro, uma nova Assembleia foi convocada para esta quinta (3) e discutirá
se a retomada das atividades presenciais pelo corpo docente será condicionada ao
fornecimento de máscaras de proteção. A deliberação, vista com surpresa por
alguns membros da Administração Central, é o reflexo de um conjunto de
insatisfações que a categoria vem acumulando numa trajetória de intensa
precarização das relações trabalhistas que se acentuou com as péssimas
condições impostas em decorrência da pandemia por meio do trabalho remoto. No
leque de prejuízos acumulados, retroceder diante de mais uma tentativa de
negação dos direitos trabalhistas por parte do Governo do Estado não é uma
opção. Vai ter luta!
Em reunião convocada para esta terça-feira (1º), em razão dos resultados da última Assembleia, a Administração Central da Universidade Estadual
de Feira de Santana (Uefs) buscou explicações sobre o que considerou ser uma
decisão tomada no apagar das luzes, às vésperas do retorno presencial, uma vez
que o Plano de Retomada das Atividades Presenciais, aprovado com representação
do sindicato docente, não prevê a distribuição de equipamentos de proteção para
a comunidade acadêmica como condicionante para o retorno. “O que mudou?”,
questionaram.
A resposta é simples. A assembleia, como espaço máximo de decisão da
categoria que está acima de qualquer encaminhamento da diretoria, considerou
necessária uma nova avaliação sobre o retorno presencial nas condições até
então estabelecidas. É mais do que legítimo, é incontestável! A diretoria da
Adufs também não nega a legitimidade do Plano de Retomada das Atividades
Presenciais, documento este que teve participação na construção coletiva, mas
não o compreende como uma limitação para a tomada de decisões democráticas que
podem se seguir a partir das instâncias soberanas da categoria. Diante das
informações apresentadas pelo sindicato, a Administração colocou um fator novo
na mesa que será levado à plenária.
A informação transmitida durante a reunião pelo pró-reitor de
Administração e Finanças, Carlos Eduardo Cardoso de Oliveira, confirmada pelo reitor,
Evandro do Nascimento, e pela vice-reitora, Amali Mussi, sobre a possibilidade
real de aquisição de máscaras faciais para o corpo docente, de acordo com a demanda,
em um prazo mínimo de 60 dias, respeitando as etapas administrativas, apontam
para um cenário propositivo. Segundo a Administração Central, já existe
disponibilização de máscaras para os setores que pode ser ampliada a partir das
demandas que devem vir dos colegiados e departamentos.
Como afirmado enfaticamente pelos membros da diretoria, é fato que a
indignação do corpo docente com o Governo do Estado e a Reitoria aumenta a cada
dia. São sucessivos ataques e negativas de concessão de direitos acompanhados,
muitas vezes, de conivência da Administração; a categoria enfrenta o maior
arrocho salarial dos últimos 30 anos e sem oferecer reposição salarial há sete
anos o governo Rui Costa concedeu 4% de aumento em 2022, em duas vezes. O valor,
apesar de necessário, chega a ser irrisório diante das perdas acumuladas.
Lamentavelmente, o governo transformou direito em compensação que ainda depende
de muito enfrentamento para ser adquirido. Não por acaso, a busca pela
judicialização se tornou ao longo dos últimos anos uma das ferramentas
indispensáveis para assegurar direitos básicos previstos na Constituição.
Não é uma decisão fácil. Em conformidade com o sindicato nacional, o
retorno para as atividades remotas é impensado diante dos comprometimentos não
apenas para o corpo docente. A qualificação deficitária, dificuldade de acesso
aos recursos tecnológicos, acúmulo de demandas domésticas, aumento das despesas
e adoecimento comprovado tornaram este modelo inviável. A insegurança e o medo por
efeito de um cenário pandêmico indefinido com consequências imprevisíveis também
não fazem do retorno presencial, sem as condições sanitárias adequadas e
garantidas, o caminho mais seguro. Além disso, a base docente questiona o
processo de retorno como encaminhado pela gestão, com decisões atropeladas pelo
Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão
(Consepe) desrespeitando os princípios democráticos entre as instâncias
universitárias.
Diante dessa conjuntura, ampliar as frentes de resistência é urgente. Se
acontecerá por meio do condicionamento do retorno presencial à garantia de distribuição
de máscaras, pela intensificação da luta política e jurídica, com base na Norma Regulamentadora 6 (NR-6) e Lei Estadual
14258/2020, artigo 20, que asseguram o fornecimento de máscaras pelos
empregadores a seus (suas) trabalhadores (as), ou através de novas proposições,
só saberemos na Assembleia desta quinta (3), respeitando a autonomia da base docente
na decisão, seja ela qual for.
Por ora, a Diretoria da Adufs reconhece e fomenta o
diálogo coletivo para a construção de uma alternativa viável e segura para toda
a comunidade acadêmica, mas não se submete aos discursos fáceis e falaciosos
fomentados pelo próprio governo Rui Costa que tenta deslegitimar a luta da
categoria, culpabilizando os (as) docentes pelos prejuízos impostos a toda a
comunidade acadêmica pela sua própria gestão e de seus aliados que se
comprometeram com um projeto de sucateamento da educação pública.
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