MPF denuncia ministro da Educação por declarações homofóbicas
08/02/2022
A Procuradoria-Geral da
República do Ministério Público Federal (PGR/MPF) denunciou o ministro da
Educação, Milton Ribeiro, ao Supremo Tribunal Federal (STF) por declarações
homofóbicas. No documento endereçado ao relator do caso no STF, o ministro Dias
Toffoli, são reproduzidas falas de Ribeiro proferidas durante entrevista
concedida em setembro de 2020, ao jornal O Estado de São Paulo. Na época,
conforme a publicação, o ministro vinculou homossexualidade a “famílias desajustadas”
e disse que havia adolescentes “optando por ser gay”.
Na denúncia, o
vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pontua que
“ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o
denunciado discrimina jovens por sua orientação sexual e de forma
preconceituosa desqualifica as famílias em que eles são criados o que, conforme
afirma, está “fora do campo do justo curso da ordem social”. Medeiros
ressaltou que o ministro também recusou a oferta de acordo de não persecução
penal – quando há um entendimento alternativo à punição judicial.
Em relação ao tipo penal
ao qual foram enquadradas as declarações do ministro, o documento da PGR
explica que o STF ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
26/DF, que criminaliza a LGBTTIfobia e a omissão do Estado legislador, conferiu
uma interpretação conforme a Constituição Federal para enquadrar homofobia e
transfobia nos diversos tipos penais previstos na Lei 7.716/1989, que define os
delitos resultantes do racismo. No Brasil, o racismo é um crime inafiançável e
imprescritível e pode ser punido com até cinco anos de prisão. Cabe agora ao
STF decidir se o ministro da Educação se tornará réu ou não.
Fonte: ANDES-SN, com edição.