Assembleia da Adufs aprova pauta unificada de reivindicações 2022 que tem a reposição salarial como ponto principal
20/12/2021
Realizada
na última sexta (17), a Assembleia da Adufs aprovou a pauta unificada de
reivindicações 2022 como apresentada pelo Fórum das ADs com sugestão de
incorporação do ponto Planserv para discutir as condições de trabalho,
qualidade precária dos serviços oferecidos pelas redes de atendimento aos
servidores e servidoras cada vez mais limitada e sobre a aposentadoria,
fomentando assim as ações do Grupo de Trabalho Seguridade Social e Assuntos de
Aposentadoria (GTSSA) no âmbito estadual. O próximo passo é remeter o resultado
da Assembleia para o Fórum das ADs para
que a pauta unificada seja protocolada junto à Governadoria e Secretarias
Estaduais.
Diante
do cenário de perdas salariais nos últimos sete anos, a reposição inflacionária
é um ponto central da pauta de reivindicações 2022. Como apresentado pelo
professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e diretor da
Adufs, Gean Santana, o último reajuste linear foi concedido em 2015 parcelado
em duas vezes. Com o crescimento da inflação, o reajuste necessário para repor
as perdas inflacionárias entre 2015 e 2022 é de 50,9%. Desta forma, seria
necessário um substancial reajuste apenas para suprir as perdas inflacionárias.
As perdas salariais chegam a aproximadamente 34%. Estes são dados atualizados para o mês de dezembro. No ponto Salário, o Fórum das ADs
reivindica a reposição completa das perdas salariais acumuladas nos últimos
sete anos (2015-2021) por conta da não reposição da inflação do período.
Embora
o governo tenha sistematicamente se negado a garantir os direitos dos docentes
com a justificativa de enxugar as despesas, os gastos do Estado com os
servidores e servidoras públicas tem diminuído ao longo dos anos. Segundo os
dados de outubro de 2021, apresentado pelo professor Gean Santana, os gastos
com folha de pessoal do governo do Estado estavam em 36,91%, sendo que o limite
máximo é de 48,60% e o prudencial é de 46,17%, o que só confirma a folga que
tem o governo para conceder reajuste para os/as servidores.
Outro
dado importante apresentado por Gean Santana foi o comparativo dos salários dos
docentes das universidades estaduais do Nordeste. Em 2010, os professores das
Ueba estavam em último lugar e hoje aparece como segundo ou terceiro pior a
depender do regime de trabalho. Segundo o professor, esta variação e saída do
último lugar que está longe de ser a ideal em relação à valorização do trabalho
docente, se deve às greves
realizadas nos últimos anos, principalmente a de 2011 em que o movimento fez
uma forte campanha salarial contra os ataques.
Direitos
Outro
ponto importante da Pauta 2022 diz respeito aos direitos já conquistados no
enfrentamento contra os ataques e tentativas de retrocesso por parte do
governo. A pauta elaborada pelo Fórum traz a seguinte redação: 1. Ampliação e
desvinculação de vaga/classe do quadro de vagas de provimento permanente do
Magistério Público das Universidades Estaduais da Bahia; 2. Alteração do
Decreto 6.192, de 04 de fevereiro de 1997, com o intento de adequar as
disposições sobre a concessão de transporte à realidade dos e das docentes das
Universidades públicas estaduais da Bahia; 3. Delimitação de prazos para
tramitação de processos diversos (concursos, progressões, promoções, mudanças
de regime de trabalho e aposentadorias. internamente nas universidades e nos setores do
Governo do Estado; 4. Revogação da Contrarreforma da Previdência da Bahia de
Rui Costa (PT): EC26/2020 e EC27/2021; 5. Ampliação e desvinculação de
vaga/classe do quadro de vagas de provimento permanente do Magistério Público
das Universidades Estaduais da Bahia; 6. Alteração do Decreto 6.192, de 04 de
fevereiro de 1997, com o intento de adequar as disposições sobre a concessão de
transporte à realidade dos e das docentes das Universidades públicas estaduais
da Bahia.
Autonomia
No
Ponto Autonomia em discussão a soberania constitucional das universidades que
são de forma recorrente violadas pelo Governo do Estado por meio de ações que
inviabilizam e/ou dificultam a gestão da universidade, comprometendo as
atividades internas. A Pauta reivindica: 1. Garantia da autonomia universitária
das UEBA, conforme o art. 207 da Constituição e
o Estatuto do Magistério Superior; 2. Garantia do direito à liberação de
docentes para a realização de cursos em outros países; 3. Supressão da lista
tríplice do Estatuto do Magistério Superior, em favor da nomeação do mais
votado ou mais votada para eleição de Reitoria,
realizada por cada universidade; 4. Retomar
a autonomia das UEBAs em relação à gestão de pessoas (RH, decreto de 2015,
COPE).
Financiamento
Por
fim, o ponto Financiamento que versa sobre um ponto recorrente de reivindicação
do Movimento Docente para garantir o funcionamento das universidades que têm
sido penalizadas pelos recorrentes estrangulamentos
orçamentários em um evidente processo de
sucateamento e destruição da educação pública: 1. Financiamento de 7% da RLI,
com revisão do percentual a cada dois anos, sendo o novo orçamento sempre
superior ao executado no ano anterior; 2. Respeito à autonomia universitária na
execução do orçamento aprovado.
Todo
o processo de decisão acerca da pauta de reivindicações ocorre historicamente
no sindicado de forma democrática por meio do diálogo entre o Fórum das ADs e a
categoria através das assembleias. Ainda nesta semana,
a rodada de assembleias das Associações Docentes chega ao fim após a
apresentação da pauta de reivindicações depois de ampla discussão sobre os eixos mais importantes nos três dias do
Encontro de Docentes das Ueba, realizado no mês
de novembro (link). A incorporação dos pontos adicionais que podem ser
apresentados pelas assembleias, como ocorreu no caso da Adufs, são mais um
aspecto que reitera a postura democrática do Fórum que tem sistematicamente
consultado as bases para definir os planos de ação do Movimento
Docente.
A
construção coletiva da pauta é um importante momento de alinhamento e definição
dos planos de ação para o ano de 2022, não
apenas pelos registros de perdas e ataques já registrados, mas pela conjuntura, que tende a se formar neste próximo ano de maior
recrudescimento por parte do governo estadual, exigindo da base ainda mais esforços de luta para
garantir a manutenção dos direitos já conquistados e impedir novos retrocessos.
Também
na última sexta (17), foi realizada uma Assembleia com ponto de pauta único de
Apreciação das Contas da Gestão 2019-2021. Após leitura dos pareceres
elaborados pelo Conselho Fiscal, por unanimidade, as contas foram aprovadas.