Encaminhamentos do XIV Encontro de Docentes para reivindicações 2022 incluem intensificação das lutas contra as perdas salariais
30/11/2021
O XIV Encontro dos Docentes das Ueba foi encerrado na última sexta (26).
Após três dias de
discussões intensas o XIV Encontro dos Docentes das Universidades Estaduais da
Bahia foi encerrado na última sexta (26) com a elaboração do relatório
sistematizado sobre as ações que devem se seguir no ano de 2022. Para cada eixo
de discussão - Salário, Financiamento, Política de Retiradas de Direitos e
Contrarreformas e Autonomia - foram construídas propostas de pautas e
reivindicações que serão priorizadas pelo Movimento Docente (MD) das quatro
universidades estaduais.
No eixo Salário,
apresentado pela Adufs, o principal encaminhamento é a luta pela recomposição
salarial. Por conta das perdas salariais em decorrência da falta de reposição
inflacionária, o MD deve reivindicar a reposição dos anos 2015 a 2021. Através
da proposta de intensificação das campanhas de mídia, seriam feitas denúncias
dos prejuízos, mostrando como o governo tem condições de fazer o reajuste em
2021, embora se negue sistematicamente a reconhecer e assegurar os direitos
dos/das docentes.
Entre as propostas de
ações, além de campanha de mídia para ampliar a visibilidade sobre o tema,
estão previstas mobilizações articuladas com entidades do funcionalismo público
e solicitações de audiências públicas na Assembleia Legislativa da Bahia.
O eixo Financiamento,
abordado pela Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia
(Aduneb), a reivindicação é para destinação de 7% da Receita Líquida de
Impostos (R.L.I.) com revisão do percentual a cada dois anos, sendo o novo
orçamento sempre superior ao executado no ano anterior. Além de respeito a
autonomia universitária na execução do orçamento aprovado. Diante dos desafios
impostos pela pandemia e o ensino remoto, a pauta de reivindicações também
incluirá a elaboração de uma política de inserção digital docente (indenização)
para aquisição de equipamentos e tecnologias, tendo em vista que os docentes
financiaram com seus próprios salários equipamentos e internet durante o ensino
remoto.
A ampla divulgação dos
arrochos e cortes orçamentários promovidos pelo governo de Rui Costa está
prevista entre as ações voltadas para este eixo. E mais: as Asssociações
Docentes devem cobrar de cada universidade informações sobre previsão e
execução orçamentária; um observatório para acompanhamento da execução
orçamentária de cada instituição também será criado.
No eixo Política de
Retiradas de Direitos e Contrarreformas, cuja discussão foi impulsionada pela
Associação dos Docentes da Universidade do Sudoeste da Bahia (Adusb), a pauta
deve incluir reivindicações em torno das Emendas Complementares com as regras
previdenciárias de transição para servidores/as antigos/as com pedido de revogação
da EC26/2020 e da EC27/2021; revogação da contrarreforma da previdência de Rui
Costa; reivindicação de delimitação de prazos sobre tramitação de processos
diversos como o de progressão, promoção, mudança de regime de trabalho,
insalubridade, aposentadoria e a garantia de não alteração do Estatuto do
Magistério Superior assegurando, assim, os direitos adquiridos.
O
estímulo à formação de Fóruns de Saúde do/a Trabalhador/a, com representação
dos distintos segmentos, no âmbito das UEBA; Participação e/ou fomento à
implantação de Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador/a (CISTT);
promoção de debates regulares entre diversos sindicatos (setor público e
privado) e entre docentes das UEBA; e a intensificação da luta contrária à
aprovação da PEC 32 são algumas das ações que devem ser colocadas em prática
para consolidação deste eixo na Pauta 2022. Estes encaminhamentos são o
resultado de uma produção conjunta elaborada pelo Grupo de Trabalho de
Políticas de Seguridade e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) da Adufs e
apresentada no Encontro.
Já
no eixo Autonomia, discutido pela Associação dos Docentes da Universidade
Estadual de Santa Cruz (Adusc), a principal reivindicação é a defesa da
garantia da autonomia universitária das UEBA, conforme art. 207 da Constituição
e o Estatuto do Magistério Superior. A pauta deve incluir ainda o enfrentamento
à não liberação de docentes para cursos em outros países, com alegações de que
a liberação ficaria condicionada à suspensão salarial e/ou ao não
reconhecimento da licença sabática; supressão da lista tríplice do Estatuto do
Magistério Superior, em favor da nomeação do mais votado ou mais votada para
eleição de Reitoria realizada por cada Universidade; e avanços na democracia
interna, com eleição universal para todos os cargos da gestão universitária.
Entre
as ações encaminhadas estão uma análise minuciosa política e jurídica do
sistema RH; reforçar a autonomia didático-científica frente aos ataques do
governo federal nas universidades; analisar o impacto do fim das procuradorias
jurídicas nas universidades e combater a instrumentalização dos docentes para
operar os comandos no SEI.
Os
próximos passos após o Encontro são a elaboração de uma proposta que deve ser
remetida às bases através de assembleias para avaliação e construção da pauta
de reivindicações 2022. A construção coletiva da pauta por meio de consulta
recorrente à base é uma tradição do MD que reconhece em cada docente um
componente indispensável para ampliação dos debates e fomento de reflexões
críticas acerca do desenvolvimento contínuo do movimento.