Dados de pesquisa realizada na UEFS mostra o adoecimento de docentes como uma das principais consequências da sobrecarga de atividades na pandemia

06/09/2021

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A live está disponível no YouTube do Nepi

Na última sexta (03), foi realizada uma live de Lançamento dos Boletins Epidemiológicos com dados da pesquisa Trabalho Docente e Saúde em Tempos de Pandemia (Covid-19) idealizada pelo Núcleo de Epidemiologia da Uefs e o Núcleo de Saúde, Educação, e Trabalho da UFRB (NSET). A pesquisa teve apoio político da Associação dos Docentes da UEFS (Adufs), Associação dos Professores Universitário  do Recôncavo (Apur) e Sindicato dos Professores do Estado da Bahia (Sinpro) e revelou os males acometidos à saúde física e mental de docentes no exercício das atividades no modelo remoto durante a pandemia. A coleta de dados foi feita através do preenchimento de formulário com ampla circulação entre docentes de instituições públicas e privadas da Bahia, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Somente na UEFS, foram coletadas informações de 395 professores/as ativos.

Estiveram presentes na live as professoras Lívia Reis, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Heleni de Ávila (UFRB) e o diretor da Adufs e professor da UEFS, Elson Moura. As professoras Tânia Araújo (UEFS) e Paloma Pinho (UFRB), coordenadoras da pesquisa, também estavam presentes. Entre os dados apresentados no Boletim chama atenção como a sobrecarga nas atividades remotos já se inicia com a necessidade de acessar novas ferramentas para a utilização das plataformas digitais na realização de aulas.  Mais de 84% dos/as docentes entrevistados/as revelaram que se sentiam incapacitados/as para utilizar as ferramentas digitais e dependiam de ajuda de outra pessoa para fazer uso. As características do sono são outros fatores reveladores do cansaço mental a que os/as docentes estão submetidos/as, para 43,8% houve uma grave alteração no sono que não é corrigida em finais de semana. As mulheres representam a maioria no grupo que identifica problemas no sono. As queixas de dores musculares e na coluna foi mais um fator substancialmente identificado entre os entrevistados/as.  Enquanto as dores no corpo se acumulam, apenas pouco mais de 58% afirmaram realizar alguma atividade física no período demarcado pela pesquisa de outubro de 2020 a fevereiro de 2021.

O diretor da Adufs, Elson Moura, participou da Live representando o sindicato e saudou a iniciativa da pesquisa destacando o fato de que foi protagonizada por mulheres. O professor destacou que a pandemia acirrou a crise humanitária, social e do capital que já vínhamos enfrentando desde meados de 2017. O aprofundamento da crise, neste momento, se deve sobretudo às ações do governo Bolsonaro que atende às expectativas do capital em momentos de crise que apesar dos fatores que se colocam na tentativa de barrar os desmandos autoritários do governo, ainda assim a agenda econômica de destruição das instituições públicas, como a PEC 32, desvalorização dos salários e precarização dos direitos trabalhistas, segue em frente.

As consequências destes fatores são danosas para a vida e saúde dos trabalhadores e trabalhadoras como as mortes pela Covid 19, pessoas com sequelas definitivas, desemprego, insegurança alimentar e fome. A classe trabalhadora que, em sua maioria, é constituída por pobres e pretos/as é a mais penalizada, daí a importância indiscutível da realização de pesquisas como estas que nos ajudam a compreender como este cenário é ainda mais complexo: "Diante de uma conjuntura como esta, faz-se imprescindível, quase um imperativo existencial que entendamos os impactos na saúde do trabalhador e das trabalhadoras. Impactos que muitas vezes acontecem sem que a gente consiga enxergar ou entender, sem que a gente viva de forma coletiva", afirmou Elson Moura.

O primeiro Boletim da pesquisa pode ser acessado clicando aqui. Para assistir a live na íntegra, acesso oYouTube do Nepi.

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