Políticas de privatizações de Bolsonaro destroem o país

13/07/2021

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Bem distante de defender o patrimônio público do país, o governo Bolsonaro tem fundamentado uma estratégia para facilitar a privatização das estatais. A iminência da venda de 100% do controle da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é o mais recente exemplo. O projeto enviado pelo governo está em discussão na Câmara dos Deputados, pautado direto para o plenário, sem passar pelas comissões, e deve ser votado nesta semana. A diretoria da Adufs entende que o entreguismo do patrimônio público caracteriza um governo submisso às oscilações do mercado e aos interesses empresariais. Por isso, a seção sindical defende uma empresa estatal e pública.

 

Diversas são as preocupações em torno da privatização da ECT, pois o governo joga nas mãos de empresas privadas e interessadas no lucro, a função de tornar o acesso ao serviço igual para todos. Os Correios nas mãos de empresários representa a perda da soberania e o comprometimento da segurança nacional, principalmente diante de um governo que nunca escondeu o saudosismo pelo golpe político-militar de 1964 e a intenção de pôr em prática o autoritarismo daquele período, como já o fez em alguns momentos. A confidencialidade das correspondências e encomendas direcionadas à população e até à Justiça ficará sob ameaça, uma vez que os Correios é uma via para o transporte de documentos sigilosos, como informações pessoais, processos, intimações judiciais etc.

 

Com a entrega dos Correios à iniciativa privada, a tendência é nenhuma empresa entregar correspondências em locais distantes, pequenos, de difícil acesso e que não garantam rentabilidade, comprometendo atendimentos essenciais e garantidos para a população, como a entrega do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todas os locais onde a avaliação é prestada, distribuição dos livros didáticos e de vacinas para os municípios e a chegada de urnas eletrônicas em todas as sessões no mesmo horário.

 

Os Correios ainda cumprem funções bancárias em centenas de cidades onde não há bancos. Sem ECT, o risco é de declínio econômico desses municípios e empobrecimento dos moradores, obrigados a percorrer longas distâncias para efetuar transações bancárias. Há também o prejuízo do aumento de tarifas, sempre mais caras na iniciativa privada. A demissão de trabalhadores também é característica das privatizações.  

 

Justificativa falsa

Bolsonaro justifica o pacote de privatizações como necessário para contrapor as tensões na economia, abrir portas ao desenvolvimento do país e manter os serviços prestados à população. O argumento é o mesmo utilizado para a venda dos Correios e da Eletrobrás. A entrega deste último à especulação financeira prejudicará a população com grandes aumentos nas contas de luz.

 

No entanto, dados publicados no próprio site do governo contradizem o falacioso discurso, revelando, no caso dos Correios, um lucro líquido de R$ 1,53 bilhão em 2020. Outro indicador financeiro considerável também foi divulgado: o patrimônio líquido obteve um crescimento de 84% em relação ao ano de 2019, totalizando, aproximadamente, R$ 950 milhões. Com o resultado de 2020, a ECT soma o quarto ano seguido de lucro.

 

Cinicamente, Bolsonaro ainda disse a apoiadores, este mês, que sente "dor no coração" ao realizar privatizações, mas também justificou a venda para retirar "socialistas" das empresas estatais. "Nós temos que acabar com o que para eles, da esquerda, sempre foi ninho de rato. São os parasitas e carrapatos". 

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