Governo do Estado nega-se a reajustar salários de docentes mesmo com margem de R$ 3,18 bilhões no orçamento
13/07/2021
O arrocho salarial para os docentes das
universidades estaduais da Bahia chega a 34% em mais de seis anos de governo
Rui Costa. A precariedade da atividade docente somada as às condições impostas pela pandemia que exigem
que professores e professoras lancem mão de recursos próprios para a execução
de atividades, elevando seus gastos mensais, faz com que a situação financeira
se torne insustentável. Após divulgação dos dados da Secretaria da Fazenda que
mostram uma margem de R$3,18 bilhões para gastos com reajustes de salários e
gratificação dos servidores, fica ainda mais evidente que o governo do Estado
tem trabalhado sistematicamente em prol do sucateamento das instituições
públicas, punindo deliberadamente os servidores e servidoras.
Segundo dados divulgados no Transparência Bahia,
detalhados pelo Sindicato dos Servidores da Fazenda do Estado da Bahia
(SindSefaz), o comprometimento do orçamento com pessoal está em 39,72%,
enquanto o limite prudencial é de 46,17% definido pela Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) que tem limite máximo é de 48,6%. Comparado ao primeiro
quadrimestre de 2020, a queda nas despesas com pessoal ativo foi de 3,42%.
A situação dos servidores e servidoras que poderia
ser ajustada minimamente diante de tantos prejuízos acumulados ao longo dos
anos, se tornou pior com os sucessivos contingenciamentos e aplicação da Lei
Complementar 173, que fere a autonomia universitária, e passou a ser a
principal justificativa para suspensão dos direitos trabalhistas dos/as
docentes ao suprimir a contagem do tempo de serviço nos processos de progressões, promoções e de dedicação
exclusiva. Diante de um quadro de total descaso, foi
necessário que as Associações Docentes, através de suas redes de solidariedade,
prestassem assistência a docentes que estavam sem condições de prover suas
despesas diante do aumento de gastos neste período.
O Fórum das ADs tem insistido para retomada de
negociações com o Governo do Estado desde o final de 2019. O acordo de
manutenção de negociação através de uma mesa permanente, estabelecido após a
greve de 2019, foi descumprido e no ano de 2020, os/as servidores/as estaduais
foram submetidos/as a uma Reforma da Previdência ainda pior do que a
orquestrada pelo governo Bolsonaro. Diante de tantos ataques, o Fórum das ADs
protocolou a Pauta de Reivindicações de 2020, em dezembro, exigindo, entre outros pontos, a retomada imediata das negociações.
O governo Rui Costa já teve tempo suficiente para
identificar as demandas da categoria e propor ações de melhorias para as
condições trabalhistas, na contramão disso prefere a omissão, ataque à
autonomia universitária e aumento da precarização das condições de trabalho. O
seu decreto tem sido inteiramente voltado para uma forçosa retomada das
atividades presenciais sem que haja condições sanitárias de segurança adequada,
o que pode colocar em risco a vida da comunidade estudantil e da população em
geral.
Uma reunião marcada para junho, entre o Fórum das
ADs e representantes do Governo foi adiada pelo Estado que se comprometeu a realizar um encontro ainda neste mês, a data ainda
não foi confirmada. Enquanto isso, a categoria é duramente penalizada com erros
sucessivos do RH Bahia, que se mostra obsoleto para as universidades estaduais,
e tem apresentado falhas inclusive em relação aos rendimentos mensais; a falta
de diálogo diante das necessidades apresentadas para o ensino neste cenário de
pandemia e ameaças recorrentes de serem obrigados a voltar às salas de aula
mesmo em condições inadequadas de segurança.