Evento virtual com mulheres historiadoras discute a cidade de Feira de Santana

16/09/2020

Na noite de segunda (14), teve início no ambiente virtual o evento Narrativas de Feira de Santana: historiadoras discutem a cidade que reúne mulheres para contar a história de Feira de Santana. Serão ao todo cinco dias de evento, entre os dias 14 e 25 de setembro, com a participação somente de mulheres historiadoras.

Um evento que, como explica uma das organizadoras, a professora Miranice Moreira (UNEB – campus V) começou de forma muito despretensiosa, em parceria com a professora Larissa Penelu (UEFS). O objetivo era fazer apenas uma live para apresentar um ponto de vista diferente daquele que vem sendo apresentado no período comemorativo da emancipação de Feira de Santana, sempre apresentado por vozes masculinas e com narrativas tradicionais.

O evento tomou maiores proporções e agora vai reunir mais historiadoras que têm em comum essa trajetória compartilhada; todas são graduadas pela UEFS e com pesquisa no município de temas como a escravidão, feira livre, micareta, modernização, conflitos cotidianos, a posição da mulher na história feirense, entre outros. Além de divulgar essas pesquisas, será um momento relevante para refletir sobre a cidade de Feira de Santana.

Ana Maria Carvalho (UEFS) destaca a importância da atividade: “Nós estamos em um momento que, enfim, conseguimos a regulamentação da profissão de historiador e historiadora e com o aniversário da cidade, vamos apresentar um conjunto de estudos que partem de uma metodologia histórica e traz para a cidade pontos de reflexão. O evento reúne historiadoras de longa data como a professora Elizete da Silva e historiadoras mais jovens, que estão em processo de amadurecimento, crescimento, o que contribui para mostrar a diversidade ou a possibilidade de diferentes abordagens de nossa Feira de Santana”, afirma.

Mulheres negras com a palavra

Doutoranda em História e professora da Educação Básica de Feira de Santana, Railma Santos, que faz parte desta nova geração mencionada por Ana Maria Carvalho, destaca o pioneirismo deste evento por reunir somente mulheres historiadoras para fazer essa discussão de estudos historigráficos realizados recentemente e que apresentam outros pontos de vista que não se limitam a à história oficial contada pelo município.

Além disso, o fato dele ser composto majoritariamente por mulheres negras traz consigo a importância de contribuir com a diversidade de gênero e raça para o campo da história, já que, como afirma Railma Santos: “São homens brancos os grandes nomes da historiografia brasileira”. O que não acontece por acaso, diz respeito à estrutura patriarcal que contribui para o levantamento de vozes masculinas em detrimento das femininas.

Railma Santos destaca a mudança de perfil das pessoas que acessam as universidades e a importância das políticas afirmativas na ascensão das identidades não-hegemônicas que chamam para si o protagonismo e já se colocam na linha de frente da produção científica: “A mudança no perfil de quem acessa o ensino superior, de quem segue carreira acadêmica, tem possibilitado uma mudança significativa a ponto da gente ter um evento que é formado basicamente por mulheres negras”.

A expectativa da organização e das participantes é que o evento cresça e possa incluir mais mulheres nas suas próximas edições. Para participar das discussões é só acessar o link meet.google.com/zem-warj-bqs , às 20h, dos dias em que o evento ocorre (confira no cartaz).
 

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