Nota sobre o transporte público nos distritos de Feira de Santana

10/05/2020

A Adufs-Ba Seção Sindical do ANDES-SN, vem externar seu repúdio aos últimos acontecimentos relacionados à política de mobilidade urbana no município de Feira de Santana, especificamente, no tocante ao colapso no sistema de transporte urbano público por ônibus, direcionado aos distritos.

Nesta semana, moradores de comunidades rurais da Candeia Grossa, Matinha e região manifestaram sua indignação com a ação das operadoras oficiais de ônibus Rosa e São João de reduzir a frota em circulação. Isso por conta do risco evidente da redução de efetivo de ônibus que circulam na cidade e, consequentemente, da superlotação destes ônibus nestes distritos, uma vez que o próprio Executivo Municipal reduziu o quantitativo de vans, principal meio de condução dos moradores destas localidades de Feira de Santana para o Centro da cidade. Destaca-se que é fundamental a regularidade na circulação do ônibus para o pequeno produtor rural que comercializa seus produtos nas feiras da cidade, a exemplo do trabalhador de hortaliças do Distrito de Humildes que precisa desse meio de transporte para levar seus produtos para feiras livres fora do Centro, como a Feira da Estação Nova e Cidade Nova. Assim, a limitação da frota é um desrespeito ao direito de garantir a sua subsistência, além de ser um risco direto de contaminação com o corona vírus, devido à superlotação.

Ainda como parte deste processo de redução da frota, temos o risco de demissão dos trabalhadores rodoviários. Destaca-se que na última quinta-feira (07/05/2020), o Ministério Público do Trabalho convocou representantes da empresa São João e Rosa para mediação com dirigentes do sindicato dos trabalhadores do transporte rodoviário de Feira de Santana, para mediar a situação relacionada à ameaça destas empresas em demitir mais de 290 empregados. Vale destacar que a cidade já percebe o impacto da redução de 50% da frota operante sem, no entanto, reduzir o preço da tarifa; afinal de contas, o valor é definido pelo tamanho da frota e para se cobrar o preço atual precisam existir 248 ônibus rodando pela cidade. Para se demitir 293 trabalhadores e trabalhadoras seria necessário reduzir a tarifa para R$1,90, afinal, conta somente de salários e encargos sociais se reduz consideravelmente, só custos.

Enquanto isso, representantes do Executivo Municipal, longe de se colocarem solícitos para a resolução do impasse, ocupam o espaço na mídia apenas para alardear que as manifestações que ocorrem na cidade têm caráter meramente político-eleitoral.

Neste sentido, o sindicato manifesta o seu repúdio a mais um dramático episódio da catastrófica política de mobilidade urbana que se arrasta por quase duas décadas, desde a implantação do Sistema Integrado de Transporte (SIT), que não consegue fazer a ligação efetiva bairro-bairro, dos sucessivos reajustes no preço da passagem de transporte, prejudicando e achatando a renda familiar destes trabalhadores, das ingerências ocorridas no processo das obras com BRT, além da regressiva oferta de transporte público (vans e ônibus) que ocorre na cidade, apenas servindo para transportar trabalhadores nos horários de pico para seus locais de trabalho e garantir a reprodução capitalista.

Manifestamos nossa solidariedade de classe aos trabalhadores do transporte público e dos trabalhadores dos Distritos de Feira de Santana, que estão sofrendo os agravos da política de ataques ao direito de exercer suas atividades essenciais com segurança. Diante do exposto, respeitando uma política de mobilidade urbana que coloque a vida acima do lucro, defendemos: retorno do efetivo de ônibus para a circulação daqueles que precisam exercer suas atividades essenciais com segurança e que nenhum rodoviário seja demitido, manutenção dos empregos e salários dos trabalhadores rodoviários.

Aproveitamos para reafirmar o nosso apoio e nos colocarmos à disposição para contribuir em ações futuras.

Saudações Sindicais,


Feira de Santana (Ba), 10 de maio de 2020.

DIRETORIA DA ADUFS 

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