Pandemia de Coronavírus: governos têm de garantir políticas em defesa da saúde e empregos

16/03/2020

Diante da rápida expansão de casos de Coronavírus (Covid-19) pelo mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na última quarta-feira (11) que há uma pandemia do vírus, que age semelhante a uma forte gripe. Segundo a OMS, os números de casos, mortes e número de países atingidos devem aumentar nas próximas semanas. O alerta da OMS é para que os governos sejam rápidos em tomar medidas de contenção e prevenção do vírus e não partir apenas para medidas de mitigação (cuidado com doentes e públicos prioritários) ou restritivas.

Reação demorada, medidas incompletas para identificação e isolamento do vírus e sistemas de saúde sucateados após anos de políticas neoliberais de cortes e privatizações têm sido apontados por especialistas como situações que explicam parte das razões para o agravamento da crise em todo o mundo.

No Brasil, Jair Bolsonaro, cuja política econômica é baseada em reformas ultraliberais que visam o desmonte do Estado e das políticas públicas, com brutais cortes de investimentos em áreas como Saúde e Educação, vem dando declarações de total descaso perante a gravidade da situação.

O sucateamento da saúde pública no Brasil acende um alerta sobre a capacidade dos hospitais atenderem a população e, principalmente, os infectados graves. Este ano, o orçamento da Saúde sofreu um corte de R$ 9 bilhões em relação à 2019 e o pacote de reformas de Bolsonaro e Paulo Guedes prevê ainda mais redução de verbas para o SUS (com a PEC Emergencial), redução na cobertura de vacinas, menos leitos nos hospitais, etc.

Ironicamente, apesar do governo e do ministro da Educação Abraham Weintraub divulgarem Fake News de que nas universidades brasileiras só há “maconheiros e orgias”, foram cientistas brasileiros da USP e do Instituto Adolfo Lutz que conseguiram fazer o sequenciamento genético em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso no país. O sequenciamento permite conhecer o vírus e descobrir o tratamento.

Defesa da saúde e empregos
Não há dúvidas de que em um quadro de pandemia como esse os segmentos da sociedade mais vulneráveis, são: a classe trabalhadora, os oprimidos e mais pobres; os mais afetados em todo o mundo.

É preciso que os governos e as empresas tomem medidas diante de uma possível aceleração da disseminação do Coronavírus. O governo federal, dos estados e municípios devem garantir recursos emergenciais à Saúde para o funcionamento de hospitais e da rede pública, com profissionais, medicamentos, leitos, etc. Assim como verbas para o setor de Ciência e Tecnologia e todo o suporte à pesquisa sobre o vírus, e recursos para medidas preventivas, como equipamentos e higienização dos pontos de grande concentração pública.

Uma ampla e massiva campanha de vacinação contra a gripe para toda a população também é necessária, pois vai reduzir o fluxo de falsas suspeitas do Coronavírus, reduzindo a pressão sobre a rede pública. Exigimos tratamento digno para as pessoas infectadas ou suspeitas de infecção e nenhuma medida restritiva que possa arbitrariamente ferir os direitos humanos.

É preciso um plano de investimentos e obras públicas para gerar empregos e medidas que garantam aumento de salários e direitos. Essas e outras medidas necessárias, contudo, só poderão ser obtidas com a mobilização dos trabalhadores, dos setores oprimidos e mais pobres. A postura de descaso de Bolsonaro e a proposta de avançar com reformas que retiram direitos demonstram que, se depender dos poderosos; acima de tudo, estão os lucros e interesses capitalistas. A nós, trabalhadores, cabe irmos à luta.  

Fonte: CSP-CONLUTAS, com edição. 

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