Ato e audiência pública demonstram força e crescimento da greve

10/05/2019

Terça-feira (7) foi marcada com mais uma atividade do movimento grevista em Salvador. A mobilização reuniu cerca de 800 estudantes e professores que, além de marcharem até a Governadoria, também ocuparam o auditório da Assembleia Legislativa em uma audiência pública que discutiu “O Ensino Superior no Estado da Bahia e os seus desafios”. Esteve presente parte da comunidade acadêmica das mais diversas regiões do estado para discutir, com dados e de maneira aprofundada, a situação e o papel dessas instituições para o desenvolvimento da Bahia.

Ato público
Antecedendo a audiência pública, o movimento grevista realizou um ato que saiu da Assembleia Legislativa (Assembleia Legislativa da Bahia) e marchou até a Governadoria para protocolar mais um documento ao governador. No documento, a categoria reivindicou a reabertura de negociação após a postura intransigente do governador com o corte de salário da categoria em greve. O registro informou, ainda, que os professores apresentarão uma contraproposta ao governo (leia o documento na íntegra).

A mobilização também foi marcada pela unidade entre a luta em defesa das universidades estaduais e o movimento indígena. Durante o percurso houve o encontro com representantes do movimento indígena baiano no acampamento da Teia dos Povos que também luta pela educação indígena na Bahia. Através de falas e demonstrações de solidariedade, o momento também simbolizou um ato de valorização da cultura, tradição e resistência histórica dos povos indígenas.

Audiência Pública

A mesa da audiência pública reuniu deputados estaduais baianos e representantes da comunidade acadêmica. Compuseram a mesa representantes do movimento docente, estudantil e do Fórum de Reitores. Já pela representação da AL-BA participaram o deputado proponente da audiência, Hilton Coelho (PSOL); a presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos, Fabíola Mansur; o líder da bancada do governo na Alba, Rosemberg Pinto (PT) e diversos deputados que, atualmente, compõem a bancada do governo no Legislativo.

O professor André Uzêda, coordenador do Fórum das ADs, demarcou a importância de a audiência pública ocorrer durante a greve, para mostrar ao governo o papel das universidades estaduais. Uzêda denunciou ainda os cortes do governo federal à Ufba, mas exigiu que o governador se solidarizasse também com a situação das Universidades Estaduais na mesma medida em que prestou solidariedade à Ufba.

“As universidades estaduais acumulam um corte de 110 milhões e o que o governador fala na imprensa é que se trata de um problema de gestão. Não é verdade. Ele sabe que cortou recursos das universidades, por isso que hoje não temos orçamento. A nossa sobrevivência está, de fato, ameaçada por carência orçamentária”, destacou o coordenador do Fórum.

Complementando o debate sobre a real situação das universidades estaduais, o presidente do Fórum de Reitores, professor Evandro do Nascimento, também apresentou dados do próprio governo que comprovam os cortes. Nascimento trouxe, ainda, informações sobre o papel das estaduais na interiorização do ensino superior na Bahia, com números sobre o aumento de matrícula nas universidades estaduais. Entre 2011 e 2016, essas matriculas cresceram mais de 24,35%, mas hoje essa curva ascendente encontra-se ameaçada pelo crescimento do ensino superior privado.

Segundo o reitor, atualmente as universidades privadas representam 74% das matrículas de jovens na Bahia, enquanto as federais 14% e as estaduais 12%. “Se os sistemas de ensino superior público (estadual e federal) e privado não ampliarem vagas a uma taxa anual de no mínimo 3%, não será possível alcançar as metas do PEE”, explicou Evandro.

Os estudantes também apresentaram suas pautas para a assistência e permanência estudantil, que tem como um dos principais pontos a revogação de cláusulas excludentes do programa Mais Futuro e a destinação do recurso de 1% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para a permanência estudantil. Após a audiência, o movimento reuniu-se com os deputados estaduais que estiveram presentes, dialogando para que os parlamentares atuem como mediadores e sensibilizem o governador, com o objetivo de que este reabra as negociações diante da nova contraproposta do movimento. 

Fonte: Ascom Fórum das ADs.

Leia Também