Debate marca centenário da Revolução Russa

10/04/2017

O centenário da Revolução Russa foi lembrado com um debate sobre o tema Vanguarda política e os conselhos operários na revolução, com o expositor Luciano Martorano, docente da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), em Minas Gerais. A atividade, promovida pelo Fórum das ADs e, nas seções sindicais, organizado pelo Grupo de Trabalho e Política de Formação Sindical (GTPFS), aconteceu na última quarta (5).

Luciano Martorano explicou os dois processos distintos que envolveram a Revolução Russa, sendo o primeiro a Revolução de Fevereiro, que levou ao governo forças políticas vinculadas à burguesia do país e, o segundo, e o principal processo, conforme o docente, a Revolução de Outubro, coordenada, em sua maioria, pelo Partido Bolchevique, defensor da transferência do poder aos Sovietes - novos órgãos políticos que assumiam as tarefas do antigo Estado.

No entanto, conforme a abordagem do professor, com o crescimento do Partido, que cada vez mais ficou responsável pela tomada de decisões entre os Sovietes, a relação entre ambos tornou-se cada vez mais difícil. Para alguns estudiosos do tema, o Partido teria sido o elemento que distorceu o processo revolucionário dos Sovietes. “Com a conquista do poder, o novo governo soviético deu início à execução de um grande programa de transformação econômica, social, política e cultural, não só na Rússia, mas, logo após, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS. Mas isso aconteceu em meio a uma luta extremamente difícil e complexa que não encerrou em 1917. Basta lembrar a Guerra Civil que durou até 1921 e contou com a participação de muitos países capitalistas desenvolvidos que não aceitavam o novo poder soviético.

Talvez, o efeito mais duradouro e importante da Revolução Soviética de 1917 tenha sido o de mostrar a possibilidade de transformar a sociedade capitalista, apoiada na exploração do homem pelo homem, na luta por uma nova sociedade socialista, que seria construída com o fim da propriedade privada, a instauração de uma economia e de um Estado sob a direção dos trabalhadores, especialmente dos operários fabris. Ou seja, Outubro de 1917 assinalou a possibilidade de construção de uma sociedade verdadeiramente fraterna, solidária e igualitária. E esse legado tem uma dimensão extremamente atual quando analisamos os problemas insolúveis da sociedade capitalista hoje”, disse Luciano Martorano.

Para Andrei Valente, mestrando em História pela Uefs e servidor técnico da instituição, que prestigiou o debate, “através da exposição do professor pudemos conhecer a forma como o poder operário se constituiu em torno dos conselhos e como o Partido Bolchevique, diante das enormes pressões internas e externas, concentrou o poder de decisão, sufocando a organização desses trabalhadores. A experiência da Revolução Russa serve de reflexão para as lutas atuais dos trabalhadores brasileiros”, avaliou. 

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