Governo Dilma endurece, mas greve continua firme

14/08/2012

Com a ameaça do corte de ponto e a edição do Decreto 7777/12, o governo Dilma mostra sua verdadeira face autoritária e antidemocrática. Com a desculpa de que é preciso conter os gastos públicos, o governo toma medidas anti-sindicais tentando impor aos servidores públicos federais a política de arrocho salarial e de sucateamento do serviço público. Encontrando eco na grande imprensa, a tentativa é de confundir a opinião pública, principalmente quando tenta mostrar o funcionalismo como vilão dos “gastos públicos” e o quanto a greve supostamente prejudica a população.

Por que não dizem dos bilhões de reais que saem ou deixam de entrar nos cofres públicos, por conta da política econômica perversa que continua socorrendo banqueiros e empresários ou dando incentivos fiscais em detrimento da maioria trabalhadora brasileira. Isto sem falar nos escândalos de corrupção e tráfico de influência cada vez mais recorrentes. Até a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que vacilou quanto ao apoio efetivo à luta dos servidores públicos, que tem sido tão subserviente ao governo petista, agora denuncia o governo junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT), por conta de seu comportamento anti-sindical. Nesta quarta-feira (15/08) será realizada mais uma grande Marcha a Brasília, objetivando aglutinar e fortalecer a luta do funcionalismo público federal. No momento, são mais de 30 categorias em greve, incluindo os servidores da CAPES.

Os professores das universidades federais, em 57 assembléias, rejeitaram a segunda proposta do governo e completam mais de 70 dias com as atividades acadêmicas paralisadas. O governo, em resposta, resolveu, unilateralmente, encerrar a negociação. Trata-se, portanto, de manter a greve para reabrí-la, de maneira que seja apresentada uma nova proposta que mereça a apreciação da categoria e avance nas negociações. Além disso, o governo pede aos reitores que cortem o ponto dos grevistas, pois a ANDIFES (Associação dos Dirigentes das IFES) havia decidido não fazê-lo e agora pede respeito à autonomia universitária.

Para os docentes das UEBA, a experiência de corte de salários, infelizmente, tem sido uma constante durante as greves. Tanto o governo Wagner como os anteriores desrespeitam fragorosamente a autonomia e cortam o ponto logo no início da greve, passando por cima dos reitores e da autonomia universitária, garantida constitucionalmente.

Este é um momento decisivo para o movimento docente em nível nacional. Mesmo com a atuação do PROIFES, a greve segue firme.

Conforme Gean Santana, diretor da ADUFS e do ANDES-SN, “muitas lições positivas têm sido tiradas desta greve, e nós, docentes das estaduais, além de apoiá-la, precisamos estar atentos ao seu desenrolar, pois estamos em início de negociação e sabemos que o governo Wagner reza na mesma cartilha do governo federal”.

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