Adufs completa 35 anos

13/05/2016

O ano era 1981 - um contexto político e histórico de grande repressão militar. Em meio a um processo de intensas lutas pelo fim da ditadura e de redemocratização nacional, foi instituída, dia 14 de maio daquele ano, a Adufs. Combativa desde a sua concepção, a Associação surgiu da necessidade de organização dos professores para lutar pelos seus direitos e defender a educação pública de qualidade.

“Em 30 de dezembro de 1980 a Uefs era uma fundação e no dia 31 a comunidade acadêmica foi surpreendida com a sua transformação em autarquia. Esse processo mudou as relações dentro da universidade e forçou os professores a se mobilizarem para reivindicar seus direitos. Também demos importante contribuição no processo de criação dos departamentos e de democratização da instituição” afirma José Carlos Barreto, um dos fundadores da Adufs, membro da diretoria (1981, 1986 - 1988), além de ex-reitor da Uefs (2007 - 2015).

A história da Adufs também deve ser contada levando em consideração a preocupação com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, o que contribuiu para que participasse do processo de surgimento de diversos movimentos sociais em Feira de Santana. Ainda nos anos 80, colaborou com a fundação e compôs a primeira diretoria da Adefs, Associação de Entidades de Feira de Santana, que reuniu, até o final daquela década, 28 entidades representativas de professores, estudantes, trabalhadores rurais, movimentos de bairro, entre outras categorias. O grupo, que se constituiu em uma oposição ao regime político da época, tinha como um dos instrumentos de luta e denúncia o jornal O Grito da Terra.

“A Adufs tem um papel fundamental na formulação das lutas sociais em Feira de Santana. Enquanto representante da Associação, participei das discussões e realizações das greves gerais da década de 80”, acrescentou José Carlos Barreto, membro do corpo diretivo do extinto O Grito da Terra. É também no início da primeira gestão da Adufs que se estabelece o movimento docente estadual. Em 1989, a Adufs tornou-se seção sindical do ANDES-SN e mais tarde, filiou-se à CSP Conlutas.

Ao longo de mais de três décadas, diversas lutas foram travadas e as conquistas comemoradas em conjunto com as demais associações de professores das universidades estaduais da Bahia: Uneb, Uesc e Uesb. Juntas, organizaram mobilizações e greves que garantiram a construção do Estatuto do Magistério Superior, direitos trabalhistas, ampliação do orçamento das universidades, realização de concurso público para a contratação de docentes, reajustes salariais, reposição da inflação nos salários, entre outras melhorias. Em 2015, por força da vitoriosa greve de quase 90 dias, o Movimento Docente (MD) conseguiu, entre outras pautas, a revogação da lei 7176/97, uma reivindicação de 18 anos, mais a aprovação do projeto de lei que altera o quadro de vagas nas Ueba.

À frente da diretoria da Adufs por duas gestões (2012-2014 e 2014-2016), sendo que na segunda ainda foi coordenador do Fórum das ADs, Elson Moura comemora os 35 anos de lutas e realizações, mas alerta para os desafios postos pelos governos federal e estadual para 2016. “O MD sempre denunciou para a sociedade o projeto de desmonte do setor público, em especial, a educação, e os fortes ataques aos direitos dos trabalhadores. A preocupação em construir a unidade, inclusive com outras categorias de trabalhadores, deu ainda mais força às reivindicações. No entanto, estamos diante de um cenário político-econômico que nos impõe muitos desafios, como por exemplo, o combate ao sucateamento da educação pública, ao corte de verbas para as universidades e à intensificação da precarização das condições de trabalho. Temos que nos fortalecer ainda mais para avançarmos na luta”.  

Veja vídeo produzido em comemoração aos 35 anos.

Leia Também