Ato público marca um mês de greve dos docentes das Ueba com mobilização pelas ruas de Salvador
11/06/2015
Quem transitou pela região do antigo shopping Iguatemi, na cidade de Salvador, na manhã de quarta-feira (10), presenciou o Ato Público organizado pelos docentes das 04 Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) que estão em greve desde o dia 13 de maio deste ano. O Ato mobilizou professores, estudantes e técnico-administrativos que percorreram ruas da capital do estado em protesto contra a situação que as Ueba estão enfrentando diante da falta de recursos que compromete o funcionamento das instituições e em defesa dos direitos trabalhistas.
Por volta das 09 horas da manhã, os manifestantes já se concentravam na praça, em frente ao shopping, onde os protestos tiveram início. Faixas, bandeiras e palavras de ordem, que denunciavam o total descaso com que o governo da Bahia trata a educação pública, foram utilizados por cerca de 400 militantes que realizaram uma panfletagem entre os transeuntes, entregando uma carta aberta à comunidade que relata a real situação das Ueba.
Primeiro ocupando as faixas de pedestres, assim que os sinais de trânsito fechavam, para depois sair às ruas em caminhada, os manifestantes organizados apresentaram à população os reais motivos que forçaram os docentes a entrar em greve por tempo indeterminado, até que o governo do estado pare de culpar a crise econômica para não atender às reivindicações, enquanto, os cofres do governo fecharam com superávit de até 1,7 bilhão em 2014. O que significa que o problema não é de ordem econômica e sim uma questão de prioridade.
Diferente do que o governador do estado Rui Costa (PT) e seus representantes insistem em afirmar, as instituições sofrem com falta de professores, livros, moradia e alimentação e até recursos básicos, como papel ofício, e o problema se estende a todas as categorias. No caso da Uefs, como foi afirmado pelo reitor Evandro Nascimento, durante Aula Pública realizada no dia 09/06, as atividades poderão ficar comprometidas a partir de setembro, tendo em vista que a redução no orçamento da instituição foi superior a 1,8 milhão. Além disso, o governo não tem repassado a cota integral aprovada para 2015, o que agrava ainda mais a crise na universidade.
As despesas de janeiro na Uefs somaram valor superior ao valor recebido pelo governo e os Débitos do Exercício Anterior (DEA) com reflexo para este ano chegam a R$ 6. 200.000,00 milhões. Ainda assim, o discurso do governo é de que houve aumento no orçamento, quando, na verdade, o orçamento atual não é suficiente para cobrir despesas básicas como pagamento de água e luz, muito menos, para garantir os direitos dos trabalhadores.
O coordenador do Fórum das ADs, Elson Moura, durante o ato, enfatizou o caráter unificado do movimento que se fortalece cada dia mais diante da crise que se instalou nas Ueba, reiterando que a responsabilidade pelo problema é inteira do governo do estado. “Nós estamos pagando pela dívida pública. A opção de não investir nas universidades é política e nós não vamos permitir que o governo destrua o patrimônio da população baiana. Só a luta muda a vida”, afirmou.
A caminhada seguiu do Shopping Iguatemi, pela Avenida Antônio Carlos Magalhães, até a frente da Casa do Comércio. Além de membros das Ueba, participaram do Ato Público, em apoio aos docentes das Ueba e em defesa da educação pública, professores da educação básica de Salvador, representantes do Sindicato do Poder Judiciário Federal (Sindijufe) e professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba) que também estão em greve desde o dia 28 de maio, aderindo ao movimento convocado pelo Andes-SN.
Reitoria da Uneb é ocupada
Logo após o fim do ato público pelas ruas de Salvador, os manifestantes se dirigiram ao Campus I da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), localizado no Cabula, onde professores, estudantes e técnico-administrativos da instituição receberam o apoio das demais Ueba para ocupar a reitoria por 24 horas, em protesto contra as atitudes do reitor que não declarou qualquer apoio ou reconhecimento à radicalização dos docentes, deflagrada em assembléia geral no dia 13 de maio.
No último dia 05/06, a Associação dos Docentes da Uneb (Aduneb) já havia denunciado a submissão do reitor da Uneb ao governo, José Bites, que se negou a participar de uma entrevista ao vivo em uma emissora de TV de grande audiência em toda a Bahia, alegando que não gostaria de se pronunciar sobre a greve. A notícia causou indignação na comunidade acadêmica que acompanha quadros diferentes nas outras Ueba, como é o caso da Uefs e Uesb, em que os reitores têm declarado total apoio aos docentes.