Anistiado profere palestra sobre a ditadura

02/09/2014

A Aula Inaugural do semestre letivo 2014.2 ocorreu na última segunda (1º), na Uefs. A palestra foi proferida por Carlos Eugênio Paz, ex-guerrilheiro, membro da Aliança Libertadora Nacional (ALN), que falou sobre o tema “1964 – 1985, A ditadura que não caiu”. Segundo ele, “durante 21 anos, o terrorismo foi exercido pelas forças armadas, em nome dos setores dominantes brasileiros. Hoje, no entanto, a definição para a sociedade que vivemos é de transmutação da ditadura de classes, já que não me refiro ao período anterior como ditadura militar”. Ressaltando que, passados 50 anos do golpe, o Estado utiliza parâmetros legais para justificar a repressão aos que lutam por melhores condições de vida, Carlos Eugênio afirmou que “nós, guerrilheiros, éramos chamados de terroristas. Atualmente, os manifestantes são tratados como vândalos. A desqualificação ocorre sempre através de uma falsificação ideológica. Apesar de alguns avanços, vive-se uma democracia domesticada”, acrescentou. Durante a palestra, também criticou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada pelo governo, e o legado da ditadura nas escolas e universidades.

O “comandante Clemente”, codinome de Paz à época, é o único militante ainda vivo da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização criada por Carlos Marighella para combater o regime militar. Em seu histórico de luta, acumula participação na execução do militante Márcio Toledo, acusado de traição dentro da organização, e do empresário Henning Boilesen, condenando pela ALN por ter financiado o combate à luta armada e participado pessoalmente das sessões de torturas. Perseguido pela ditadura, Paz exilou-se na França, em 1973. Em 1981, volta ao Brasil, mas somente em maio de 1982 é anistiado pelo STF e retoma a vida legal. Hoje, aos 64 anos, vive no Rio de Janeiro, onde é professor e escritor. Lançou os livros “Viagem à luta armada”, em 1996, e “Nas trilhas da ALN”, um ano após.

Representando a diretoria da Adufs na Mesa de Abertura, a professora Larissa Pacheco afirmou que “Ainda hoje, ao narrar o golpe de 64, a direita reproduz os mesmos argumentos legalistas. Desta vez, no entanto, desloca a acusação de antidemocráticos para os movimentos sociais”. Na ocasião, também fez um histórico das reivindicações do Movimento Docente (MD) por mais recursos para as universidades, além de criticar a redução anunciada pelo governo para o próximo ano. “É preciso que todos participem da luta em defesa da educação pública e da construção da Uefs”, disse. O reitor José Carlos Barreto, também presente na Mesa de Abertura, lembrou que a diminuição das verbas, em 2015, agravará a crise financeira e reforçou a fala da sindicalista ao lembrar que a construção da universidade remete a um processo contínuo de lutas. As coordenações das entidades representativas dos estudantes e dos técnico-administrativos também destacaram os problemas gerados pela crise orçamentária.  

Antes da Aula Inaugural, os professores entregaram uma Carta à Comunidade, denunciando a redução das verbas destinadas às instituições.

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