Ainda mais fortalecido, protesto contra o governo Bolsonaro volta às ruas de Feira de Santana

21/06/2021

As possíveis limitações físicas impostas ao corpo humano com o avanço da idade contrastam com a disposição de Délcio Mendes Barbosa. Aos 82 anos, o aposentado foi uma das centenas de pessoas que acompanharam aguerridas todo o percurso do grande ato público realizado no último sábado (19), contra a política ultraliberal e criminosa do governo Jair Bolsonaro, principalmente durante a pandemia da Covid-19. Desde o início da concentração, em frente à Prefeitura, a comissão de segurança sanitária da mobilização preocupou-se com a aplicação de medidas protetivas para garantir maior segurança a todos. A diretoria da Adufs, que também compôs o protesto na capital baiana, participou do debate e construção do ato público em Feira de Santana.

Docentes da Uefs também estiveram no ato realizado na capital baiana

"Não estou cansado. Para a luta, sempre há disposição. Hoje temos uma ameaça à vida e sofremos com a falta de vacinas, a fome, a negação da ciência, a alta da inflação e outros problemas inerentes a este governo, que não tem projeto nenhum para o trabalhador. Estou aqui porque me preocupo em ajudar no processo de conscientização do brasileiro para que a gente bote para fora este governo e possa ter uma política voltada para os trabalhadores. É importante ocupar as ruas e demonstrar a insatisfação com Bolsonaro e sua equipe, que neste momento de pandemia tem ceifado muitas vidas", disse Délcio Mendes, membro do Sindicato dos Empregados no Comércio de Feira de Santana.

As bandeiras de luta dos manifestantes são "Vacina, pão, saúde e educação", "Fora Bolsonaro e Mourão", "Vacina para todos e todas" e "Auxílio emergencial de, pelo menos, R$ 600 até o fim da pandemia", "fim dos cortes na educação e saúde". O crescimento da força popular nas ruas foi decisivo para o aumento do número de militantes presentes nas reivindicações, o que contribui para a incorporação de novas pautas à luta. Entre as bandeiras defendidas na manifestação estão: manter posição contrária aos cortes nos serviços públicos, à Reforma Administrativa e às privatizações, ao racismo e à violência contra a mulher. Também foi defendida a estabilidade no emprego.

Os manifestantes reforçaram a unificação da luta

Ana Karen Oliveira, integrante do Conselho Fiscal da Adufs, destacou a necessidade da "organização da classe trabalhadora e unidade dos diversos setores para lutar pela garantia dos direitos fundamentais necessários à sobrevivência. Deter esse presidente é garantir a vida da população. Por isso, é fundamental ampliar os atos de rua".

Autônoma e independente dos patrões
Em sua fala, o diretor da Adufs, Elson Moura, visivelmente indignado, saudou a todos com o punho cerrado, símbolo de solidariedade, unidade e resistência. Além de pontuar que a luta contra governos e patrões pressupõe independência e autonomia da classe trabalhadora, o representante docente acrescentou que a prática não se limita apenas ao governo Bolsonaro, mas se estende também ao governo Colbert Martins e Rui Costa. Este último tem antecipado a implantação de medidas de austeridade aprovadas pelo governo Federal antes mesmo de serem executadas, como ocorreu com a Reforma da Previdência dos Servidores.

"Quando a classe trabalhadora se coloca nas ruas, existe a preocupação com o uso da máscara, o distanciamento social e uso do álcool em gel. Diferentemente de quando ela é largada à própria sorte, como feito pelo governo federal, governo Rui Costa, defensor do retorno às aulas presenciais, e pelo prefeito Colbert Martins, que permitiu a redução da circulação da frota de transporte em Feira de Santana e deixou a população amontoada nos ônibus. Estatísticas sérias informam que a pandemia escolhe a classe social e a cor. E é contra tudo isso, contra 14 milhões de desempregados, seis milhões de desalentados e 20 milhões de pessoas passando fome, que a classe trabalhadora se levanta e vem à rua para a luta. Que a gente tome esse movimento como mais um ponto de partida na construção de um projeto da classe independente dos patrões. Não queremos mais projeto de conciliação. Só de forma independente e autônoma, nós combateremos o governo federal, o governo estadual e municipal. E, para isso, contem com a força e a firmeza da diretoria da Adufs", acrescentou o diretor.

A manifestação do último sábado (19), realizada em diversas cidades do Brasil, concentrou-se em frente à Prefeitura Municipal. Depois, seguiu pelas principais ruas do Centro da cidade. Fora do país, também houve protestos. Em Feira de Santana, os atos públicos são organizados pelo Coletivo de Entidades em Defesa do Fora Bolsonaro, que com o intuito de garantir a segurança e saúde dos participantes definiu comissões específicas para a logística do ato. O grupo se reúne periodicamente e fará mais um encontro nesta terça-feira (22) para discutir os novos rumos da luta.

O penúltimo ato público pelo Fora Bolsonaro ocorreu no dia 29 de maio. A diretoria da Adufs, juntamente com outros docentes da Uefs, também esteve presente.

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