Hospitais Universitários que recebem pacientes de Manaus durante colapso do SUS são referências de precarização do Sistema

26/01/2021

Com o colapso anunciado no sistema público de saúde de Manaus, mais uma vez restou às instituições públicas encontrar uma solução para contornar a crise e minimizar os impactos provocados pela deliberada negligência do governo federal. Diante da falta de infraestrutura e insumos para os internados na rede pública, a transferência de pacientes infectados pela Covid-19 para Hospitais Universitários (HUs) de todo o país foi a solução encontrada para barrar a mortalidade crescente no estado do Amazonas. O que não se evidenciou, no entanto, foi que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que faz a gestão dos hospitais, é mais um braço forte na destruição dos serviços públicos deste país.

Criada em 2011 com o objetivo de dar suporte administrativo e recompor o financiamento do setor hospitalar que já acumulava dívidas milionárias com o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários, a Ebserh continua acumulando dívida quase dez anos depois, destruindo serviços de utilidade pública e precarizando relações trabalhistas.

A criação da Ebserh, que deveria ser solução; na verdade, se apresentou como mais um passo no processo da mercantilização dos HUs. Os ataques da Empresa à autonomia universitária e aos serviços prestados nos hospitais federais do país foram denunciados em diversas ocasiões pelo Andes-SN com relatos de afastamento dos HUs das instituições de ensino. A Ebserh não só piorou a relação dos hospitais com as universidades, mas também com a comunidade deixando de prestar diversos serviços antes oferecidos para os mais vulneráveis, como o tratamento de anemia falciforme, por entender que não era lucrativo para a empresa.

O problema se estende também aos funcionários com a terceirização dos serviços. Em maio do ano passado, funcionários da Ebserh da linha de frente no combate à Covid, cobravam da Empresa soluções imediatas para problemas como falta de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e a baixa qualidade dos que estavam sendo disponibilizados para uso cotidiano; além de exigir a testagem de todos os profissionais para dar continuidade com segurança ao número crescente de pacientes infectados pela Covid que buscam as unidades de atendimento. O governo disponibilizou testes apenas para os que apresentavam sintomas da doença. Junto a isto, os trabalhadores e trabalhadoras enfrentavam um processo de negociação do Acordo Coletivo Trabalhista 2020/2021, sofrendo ataques contra seus direitos trabalhistas em meio à pandemia, por isso exigiram a suspensão das tratativas até o fim da fase aguda da crise sanitária.

Embora o governo federal tente, de diversas formas, destruir as instituições públicas desse país, acompanhamos cotidianamente como somente através do fortalecimento delas é possível encontrar soluções para a cadeia de crises que estamos vivendo com mais intensidade em decorrência da pandemia. Para dar fim ao processo de mercantilização que essas instituições sofrem é preciso organização na luta. Em defesa das instituições públicas, servidores e servidoras iniciaram neste domingo (24) uma Semana Nacional de Lutas.

Confira a programação e, com segurança, participe:

26/01 - Mesa do FONASEFE no Fórum Social Mundial - 10h.
30 e 31/01 – mobilização nos estados organizada pelos Fóruns Estaduais e Entidades de base estaduais e municipais;

01/02 – Dia Nacional de Luta em defesa da Vacina para todos e todas
10 h – Carreata nas cidades possíveis em DEFESA DA VACINA PARA TODOS E TODAS
14 h - Ato em Brasília: na porta do Anexo 2 da Câmara dos Deputados, protocolando a entrega do manifesto do Fonasefe aos candidatos a presidente do Legislativo e início da vigília
nacional;
20 h – Panelaço nacional.
 

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