Adufs completa 37 anos com novos desafios e mais lutas

14/05/2018

A Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs) completa, nesta segunda (14), 37 anos. São quase quatro décadas de muito trabalho, protagonizado por incansáveis professores que, cotidianamente, se dedicam à defesa da educação pública superior e da carreira docente e resistem bravamente à intensificação dos ataques impostos pelos sucessivos governos estaduais.

Instituída no dia 14 de maio de 1981, a Adufs surgiu em meio à pressão do regime militar e à luta pela restauração da democracia no Brasil. Ainda que concebida em um contexto altamente adverso à sublevação de movimentos populares ou organização de entidades de classe, a Associação, desde a sua origem, manteve-se combativa, autônoma, democrática e independente de partidos políticos, governos e reitorias.

A história da Adufs começou com a necessidade de os docentes da Uefs se organizarem para enfrentar os transtornos causados por ações autoritárias do governo baiano na universidade e para lutar pela democratização interna na instituição. Aguerrida, foi pioneira na organização do movimento docente em nível estadual, contribuiu fortemente para a formação e consolidação do Fórum das ADs e, ainda na década de 80, integrou o processo de surgimento de alguns movimentos sociais em Feira de Santana.

“Fizemos da Adufs um espaço para reivindicar a democratização interna e a autonomia da Uefs, a qualidade da educação pública superior, melhores condições de trabalho, restaurante universitário e transporte para os professores da instituição residentes em Salvador. Também encapamos a luta por eleição para escolha do reitor, chefes dos departamentos e dos colegiados. A realização de concurso público para a contratação de servidores foi outra reivindicação dos docentes. Não foi fácil. Organizamos várias greves, inclusive no governo de Antônio Carlos Magalhães. Até apanhamos da polícia em praça pública de Feira de Santana. Algumas mobilizações foram organizadas em conjunto com os estudantes e técnico-administrativos”, resgatou Elizete da Silva, professora da Uefs desde 1978 e diretora da Adufs entre 1990 e 1992. A docente ainda destaca que a Adufs contribuiu para que a Uefs se consolidasse como referência em educação pública de qualidade.

Em 1989, a Adufs tornou-se Seção Sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), na perspectiva de participar da luta nacional em defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.

Classista, a Associação também quis articular as reivindicações dos professores às de outras categorias de trabalhadores, tanto para lutar pelos interesses imediatos da classe trabalhadora, quanto para lutar pelas reivindicações históricas. Assim, filiou-se à Central Única dos Trabalhadores (CUT). No entanto, a CUT sofreu um processo de "transformismo” que se evidenciou em 2003, quando a Central apoiou a Reforma da Previdência imposta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Diante da degeneração da CUT e com essa traição, não restou outra alternativa ao ANDES-SN e à Adufs a não ser desfiliar-se da Central Única, em 2005. Essa posição se consolidou com a filiação à Conlutas, deliberada no 26º Congresso do ANDES-SN, realizado em Campina Grande (PB), em março de 2007. Em 2011, na cidade de Uberlândia (MG), durante o 30º Congresso, o Sindicato Nacional referendou sua filiação à nova Central Sindical e Popular CSP-Conlutas.

A Conlutas surgiu a partir da unidade de vários setores do movimento sindical na luta contra as reformas neoliberais aplicadas pelo governo do ex-presidente Lula, e iniciou uma primeira experiência de incorporação dos movimentos populares numa mesma entidade.

Credibilidade
O empenho e dedicação da Adufs na luta em defesa da educação pública, ao longo das décadas, garantiu-lhe respaldo diante da categoria, que sempre reconheceu o compromisso e a seriedade do trabalho realizado pelas diretorias da entidade.

Credibilidade esta observada também por muitos da nova geração de professores que, ao integrarem o quadro da Uefs, procuraram conhecer a Adufs, colaborar com ideias e propostas e se reconhecer enquanto sujeito histórico do sindicato. Nessa perspectiva, a Associação contribui para o amadurecimento da percepção dos servidores acerca do exercício da docência e do papel político-social da universidade. Hoje, a Adufs é uma entidade de grande importância político-social.

“Um dos primeiros atos como professor efetivo foi me sindicalizar, pois acredito na luta coletiva. A classe tem de se organizar para enfrentar os desafios do governo, que tenta destruir a educação pública. O fortalecimento da categoria, através do sindicato, é uma das formas de contrapor os ditames do governo. Numa conjuntura política como a nossa, é necessário endossar o sindicato. Todas as conquistas dos docentes e da universidade foram fruto do processo de luta e de organização da Adufs. Participei e apoiei as greves de 2011 e 2015, por serem mobilizações justas por condições de trabalho e salários dignos” pontuou Fábio Dantas, lotado no Departamento de Educação (Dedu). O servidor trabalha na Uefs há dez anos e há sete começou a fazer parte do quadro efetivo da instituição.

Desafios atuais
Vários são os desafios atuais. Os ataques dos governos ao setor público e aos trabalhadores ocorrem nos âmbitos municipal, estadual e federal. Na Bahia, Rui Costa e equipe não têm dado trégua aos professores quando o assunto é a garantia de direitos trabalhistas, reajuste nos salários e ampliação do orçamento para as universidades estaduais.

Como se não bastasse o recrudescimento dos ataques à categoria e à educação pública superior, os gestores negam-se a convocar mesas de negociação com os docentes. Diversas mobilizações já foram realizadas, inclusive com solicitação de reuniões em caráter de urgência; o indicativo de greve já foi aprovado em assembleia nas quatro universidades baianas, mas o impasse, por parte do governo, continua.

Se os professores não forçarem o governo estadual a dar respostas à pauta, este continuará na zona de conforto. Portanto, ainda que haja posições políticas diferentes no âmbito da categoria e a construção da unidade pareça um caminho difícil, é necessário que a base se una e participe dos momentos de discussão e deliberação do sindicato. Somente assim, se fortalecerá ainda mais e terá o fôlego renovado para vencer os desafios vindouros.

Por mais longos anos de lutas e grandes conquistas, fortaleça o seu sindicato! 

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